Fora do torneio de 2013, Curitiba prevê prejuízo financeiro e moral. Perda de mídia e impacto turístico são os principais problemas.
Passados dez dias do anúncio excluindo Curitiba da Copa das Confederações, as consequências de a cidade ter ficado de fora do evento-teste para o Mundial ainda não estão no papel. Sabe-se apenas que o prejuízo não será apenas em moeda – real, dólar ou euro.
A ausência da capital paranaense, conforme analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, indica um prejuízo cheio de complexidades ao município. Impacto que gera perda de mídia e credibilidade para receber turistas em 2014.
Em termos de cifras, a primeira indicação oficial deve sair na próxima semana, quando a Secretaria Municipal para Assuntos da Copa pretende apresentar pelo menos uma prévia do lucro “desperdiçado”.
Competição de menor porte, o torneio entre os campeões continentais não atrai para as subsedes número de pessoas significativo. Na África do Sul, a organização distribuiu milhares de ingressos (números não divulgados) para evitar as arquibancadas vazias.
Esse dado corrobora a opinião do professor de planejamento e gestão de eventos do curso de turismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Miguel Bahl, sobre o reflexo do torneio para os anfitriões.
“A Copa das Confederações é um ensaio para a Copa do Mundo, não atrai tantos torcedores. A perda de Curitiba em termos de mídia internacional é muito maior do que os possíveis lucros do evento em si”, analisou.
Além de divulgar a cidade e seus atrativos no exterior – mesmo por apenas uma partida –, a participação em 2013 serviria de impulso para atrair público para o Mundial.
É o que sugere uma pesquisa feita pelo Ministério do Turismo da África do Sul com torcedores que foram acompanhar a Copa das Confederações de 2009.
Ao todo, 63% dos visitantes entrevistados afirmaram que voltariam ao país para a Copa do Mundo de 2010. “Na Copa das Confederações ‘venderíamos’ a cidade”, opinou Henrique Lenz César Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Paraná (ABIH-PR).
Os benefícios da exposição de imagem são imensuráveis e de longo prazo, dependendo principalmente do quão importante fosse o jogo abrigado. A projeção ganha, em tese, provocaria um “efeito cascata” na aceitação de Curitiba como rota da Copa.
A exclusão do torneio de 2013, entretanto, não se limita ao mercado externo, tendo também reflexos locais.
É o que defende Ramiro Gonçalez, mestre e pesquisador em Ciências da Comunicação na USP e professor do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da UFPR, ao considerar que a região sai duplamente arranhada dessa escolha – em imagem e dividendos futuros.
“Curitiba fica fora do centro de negócios e eventos do Brasil. Estar na Copa das Confederações mostraria que a cidade está dentro dos critérios da Fifa – que até podemos discutir quais foram. Nesse sentido, é um risco para a imagem”, disse, indicando que esse desprestígio questiona se a capital tem uma infraestrutura
adequada.
Corre-se então o risco de ver afetado o turismo da cidade de cerca de 3 milhões de pessoas por ano –, mais especificamente o de negócios, de maneira considerável. Uma maneira de reduzir esse impacto negativo, diz o pesquisador, seria saber o que pesou na escolha da Fifa, algo pouco provável de acontecer.
Para Luiz de Carvalho, secretário municipal de Copa, mesmo sem poder falar oficialmente em números, a ausência da cidade é um revés de peso. “Junho é período de férias e os jogos da Copa das Confederações poderiam atrair visitantes, famílias. É uma grande perda”, lamentou.
Prejuízo turístico provoca divergências
Passados dez dias do anúncio excluindo Curitiba da Copa das Confederações, as consequências de a cidade ter ficado de fora do evento-teste para o Mundial ainda não estão no papel. Sabe-se apenas que o prejuízo não será apenas em moeda – real, dólar ou euro.
A ausência da capital paranaense, conforme analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, indica um prejuízo cheio de complexidades ao município. Impacto que gera perda de mídia e credibilidade para receber turistas em 2014.
Em termos de cifras, a primeira indicação oficial deve sair na próxima semana, quando a Secretaria Municipal para Assuntos da Copa pretende apresentar pelo menos uma prévia do lucro “desperdiçado”.
Competição de menor porte, o torneio entre os campeões continentais não atrai para as subsedes número de pessoas significativo. Na África do Sul, a organização distribuiu milhares de ingressos (números não divulgados) para evitar as arquibancadas vazias.
Esse dado corrobora a opinião do professor de planejamento e gestão de eventos do curso de turismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Miguel Bahl, sobre o reflexo do torneio para os anfitriões.
“A Copa das Confederações é um ensaio para a Copa do Mundo, não atrai tantos torcedores. A perda de Curitiba em termos de mídia internacional é muito maior do que os possíveis lucros do evento em si”, analisou.
Além de divulgar a cidade e seus atrativos no exterior – mesmo por apenas uma partida –, a participação em 2013 serviria de impulso para atrair público para o Mundial.
É o que sugere uma pesquisa feita pelo Ministério do Turismo da África do Sul com torcedores que foram acompanhar a Copa das Confederações de 2009.
Ao todo, 63% dos visitantes entrevistados afirmaram que voltariam ao país para a Copa do Mundo de 2010. “Na Copa das Confederações ‘venderíamos’ a cidade”, opinou Henrique Lenz César Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Paraná (ABIH-PR).
Os benefícios da exposição de imagem são imensuráveis e de longo prazo, dependendo principalmente do quão importante fosse o jogo abrigado. A projeção ganha, em tese, provocaria um “efeito cascata” na aceitação de Curitiba como rota da Copa.
A exclusão do torneio de 2013, entretanto, não se limita ao mercado externo, tendo também reflexos locais.
É o que defende Ramiro Gonçalez, mestre e pesquisador em Ciências da Comunicação na USP e professor do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da UFPR, ao considerar que a região sai duplamente arranhada dessa escolha – em imagem e dividendos futuros.
“Curitiba fica fora do centro de negócios e eventos do Brasil. Estar na Copa das Confederações mostraria que a cidade está dentro dos critérios da Fifa – que até podemos discutir quais foram. Nesse sentido, é um risco para a imagem”, disse, indicando que esse desprestígio questiona se a capital tem uma infraestrutura
adequada.
Corre-se então o risco de ver afetado o turismo da cidade de cerca de 3 milhões de pessoas por ano –, mais especificamente o de negócios, de maneira considerável. Uma maneira de reduzir esse impacto negativo, diz o pesquisador, seria saber o que pesou na escolha da Fifa, algo pouco provável de acontecer.
Para Luiz de Carvalho, secretário municipal de Copa, mesmo sem poder falar oficialmente em números, a ausência da cidade é um revés de peso. “Junho é período de férias e os jogos da Copa das Confederações poderiam atrair visitantes, famílias. É uma grande perda”, lamentou.
Prejuízo turístico provoca divergências
Quanto Curitiba perde financeiramente por ficar de fora da Copa das Confederações? A pergunta atualmente tem duas respostas, ambas superficiais.
De um lado, o secretário estadual para Assuntos da Copa, Mario Celso Cunha, defende com convicção que não há prejuízo, pois entende que é possível atrair turistas durante o torneio mesmo sem jogos na cidade. Do outro, o dirigente municipal da mesma pasta, Luiz de Carvalho, não esconde a decepção com a perda
de receita milionária.
O que há de comum nos dois casos é a falta de dados concretos sobre o evento em si.
Ninguém conseguiu ainda colocar em números a ausência da cidade da tabela de 2013. Seja pequeno ou grande, o revés é quase impossível de ser calculado, pois envolve variáveis diferentes (local, cenário econômico internacional, tabela de jogos).
Tanto que diversas entidades procuradas pela reportagem – como a Associação Comercial do Paraná, o Curitiba Convention & Visitors Bureau (CCVB), a Agência Curitiba de Desenvolvimento e o sistema Fecomércio-PR, por exemplo – não responderam ao desafio.
Os dados, até agora, são raros. O presidente da ABIH-PR, Henrique Lenz César Filho, calcula que o evento teste garantiria a ocupação de 4 mil leitos por dia. Mesmo supondo que muitos turistas não ficariam em hotéis, preferindo alugar casas ou se acomodando nos lares de parentes, o número é bem humilde.
Segundo o Ministério do Turismo, a expectativa para Curitiba em 2014 seria de 406 mil turistas – 81 mil estrangeiros – para quatro jogos. Usando como parâmetro o estudo Brasil sustentável, da Ernst & Young, o público para o evento-teste da Fifa seria menos do que 1/4 daquele esperado para o Mundial. Ou seja: algo abaixo de 25 mil pessoas de dentro e de fora do país desembarcando na cidade para cada partida do torneio de 2013.
Com esta análise, usando a média de gastos dos turistas na capital paranaense (estimada em R$ 155 pela prefeitura de Curitiba), chega-se a um valor de aproximadamente R$ 11,5 milhões de receita para um jogo (contando três dias de estada dos fãs) de Copa das Con--federações. Diariamente, o rendimento seria de
R$ 3,8 milhões.
Caso o número de visitantes fosse mais próximo da estimativa dos hoteleiros – seis mil pessoas, por exemplo – tem-se uma perda de receita bem menor, de cerca de R$ 2,8 milhões por partida, ou R$ 930 mil diários.
FONTE:http://www.gazetadopovo.com.br/copa2014/curitiba/conteudo.phtml?tl=1&id=1186628&tit=Ausencia-em-evento-teste-leva-capital-a-prever-danos
Texto sugerido e comentado por: Natasha Santos.
Certo. Fala-se em “prejuízo cheio de complexidades ao município”. Verdadeiramente, gostaria de compreender o que significam essas complexidades. A reportagem acima dá a ideia de danos irremediavelmente grandes a nossa capital, o que é uma pena, em se tratando do movimentado aparelho turístico curitibano.
Se não me engano, o Brasil é o 5º maior país do mundo, em extensão territorial. Isso me parece razoável para que, naturalmente, muitas cidades fiquem de fora, sobretudo ao mencionar interesses políticos e escusos.
Acho que tudo isso arranhou mais a moral curitibana do que propriamente a imagem, os lucros e tudo o mais. É fato!
E é fato também que Curitiba não perdeu nada, tampouco contará com prejuízos: a cidade apenas “deixará de ganhar” – o que tem um efeito de sentido bem diferente.
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