A notícia da semana que
podemos destacar em nosso blog é a repercussão das reportagens veiculadas pelo
jornal Gazeta do Povo nos últimos dias. “Notícia da semana”, mas que na verdade
tem um histórico de pelo menos três anos e certamente se prolongará por muitos
anos. Trata-se da dimensão que o custo financeiro com a realização da Copa,
sobretudo com relação ao uso do dinheiro público, vem adquirindo. As notícias
podem ser encontradas no caderno especial Copa 2014, da Gazeta do Povo, como
por exemplo a de hoje (23.10.2012), que trata do superfaturamento da compra de
cadeiras para o estádio e, sobretudo, da criação de uma CPI na Assembleia
Legislativa do Paraná. Uma CPI para analisar não a apenas o caso do CAP, mas
também o custo das obras de mobilidade urbana, que praticamente dobraram em
relação ao orçamento original. O assunto é complexo e se encontra em andamento,
sendo difícil tirar conclusões. Mas o que eu gostaria de destacar é por que
apenas agora, nesta semana, tudo isso vem à tona? Todos sabem que a construção
do estádio do Atlético e as obras urbanas relacionadas à Copa têm problemas.
Causa estranheza que o Tribunal de Conta do Estado, até o momento não tenha se
posicionado de forma clara às questões que a oposição partidária da Câmara dos
Vereadores vem colocando: a transferência de recursos da Prefeitura (poder
público) para o Atlético (empresa privada) construir o seu estádio é legal ou
não?
Não precisa ser doutor em
finanças públicas para saber essa resposta. Logo, o silêncio do TCE não é
técnico, mas político. Por isso o assunto ganhou a repercussão apenas agora.
A derrota política em
Curitiba, do atual prefeito e de seu padrinho, Beto Richa, permitiu que setores
organizados da sociedade – entre eles os partidos que fazem oposição a
Ducci/Richa – pudessem levantar o tapete onde se depositaram nos últimos anos
vários entulhos. O que nos autoriza imaginar que se Ducci tivesse ganho as
eleições em Curitiba o tapete continuaria incólume e os senhores do TCE
continuariam “analisando tecnicamente” toda serie de problemas existentes.
São os bônus da nossa frágil
democracia. Resta saber se na próxima segunda-feira, quando já saberemos quem
governará Curitiba nos próximos anos, se esse espírito democrático e
transparente que ora nos anima permanece, ou se retornará a velha cordialidade
imoral dos senhores dos anéis.
Leia a notícia de hoje em: http://www.gazetadopovo.com.br/copa2014/arena/conteudo.phtml?tl=1&id=1310448&tit=Compra-de-cadeiras-extrapola-orcamento
Dr.
Luiz Carlos Ribeiro
Núcleo
de Estudos Futebol e Sociedade
Departamento
de História/UFPR