(Estádio Moses Mabhida, de Durban)
Quase dois anos depois da Copa da África do Sul, cinco dos dez estádios construídos para a competição são hoje mantidos integralmente graças ao dinheiro público, não conseguem atrair eventos suficientes nem sequer para cobrir seus custos de manutenção e já se calcula que, em alguns casos, custaria menos demoli-los do que pagar por sua manutenção na próxima década.
Os dados foram coletados pelo sul-africano Eddie Cottle, especialista que vem estudando a situação de cada um dos estádios do país. Com dados oficiais dos governos das províncias, revela que o contribuinte ainda paga pela manutenção desses “elefantes brancos”. “Esse é o legado da Copa que ninguém ousa falar”, declarou.
Segundo ele, entre 2003 e 2010, o orçamento público previsto pelo governo sul-africano para o Mundial aumentou em 1.709%, para um total de US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 8,8 bilhões) apenas para as obras dos estádios e infraestrutura. “Mas o que ninguém se deu conta é que, mesmo depois da Copa terminada, os gastos continuaram”, declarou Eddie Cottle.
Para ele, essa conta também precisará ser feita no Brasil, sede da Copa de 2014. Segundo o levantamento de Eddie Cottle, o Estádio Moses Mabhida, em Durban, ainda não conseguiu terminar uma temporada sem que a prefeitura não tivesse de intervir e resgatar os administradores do local de suas dívidas.
Na Cidade do Cabo, o Green Point exige a cada ano US$ 5,6 milhões (R$ 10,2 milhões) da prefeitura para que possa ser mantido, mesmo com a organização de jogos e shows no local. Tanto Durban quanto a Cidade do Cabo já pediram ajuda ao governo federal para permitir que as dívidas sejam compartilhadas com a administração central do país.
Em Porto Elizabeth, o custo de manutenção por ano chega a US$ 8,1 milhões (R$ 14,8 milhões), sempre arcados pelo poder público. Para fazer frente às dívidas, o governo local anunciou no final de 2011 que estava reduzindo gastos de outras áreas em US$ 99 milhões (R$ 181,5 milhões).
O Peter Mokaba, em Polokwane, e o Mbombela, em Nelspruit, são outros “elefantes brancos” de 2010.
Texto sugerido e comentado por Natasha Santos.
Os elefantes brancos não são novidade no rol de problemas que o Brasil pode herdar da Copa do Mundo. Tal como nos aponta a matéria do respectivo jornal, além dos gastos que, sabemos, será também proveniente de dinheiro público, a população terá que arcar com a manutenção (nada barata) desses estádios. Das 12 cidades-sede de 2014, Natal e Brasília já apontam como desafio a manutenção de suas arenas, já que nenhuma destas cidades tem potencial esportivo para manter o espaço apenas com a renda das partidas futebolísticas. Ambas as cidades já se preparam para alternativas de renda, como shows e outros tipos de entretenimento. Bem, a África do Sul também deve ter tentado isso...