Vídeo sugerido e com comentários de Daniel Ferreira
Trata-se de uma campanha de
marketing do Coritiba Foot Ball Club com o slogan “Amo minha terra, torço pelo
meu Estado!”, em que os sócios do clube figuraram como protagonistas do
vídeo. Sem entrar no mérito da abordagem
comercial – ao meu ver muito bem feita - a idéia é tecer alguns comentários
acerca do discurso veiculado sob a perspectiva das identidades.
Na propaganda elenca-se elementos
como agricultura, belezas naturais, indústria, modelos de cidadania e urbanismo
e ainda, um povo de múltiplas raças: este seria o Estado.
Tais elementos em si não são
apresentados como refletindo uma identidade
em comum dos paranaenses –no sentido daquele
nível inconsciente que os antropólogos
chamariam de uma determinada forma peculiar de “ser e agir” de algum grupo.
E de fato se remontarmos a formação histórica do Paraná veremos que o estado é
uma verdadeira “colcha de retalhos” em termos culturais.
Mas quando estes elementos
apresentados estão forma adjetivada (agricultura CAMPEÃ, INIGUALÁVEIS BELEZAS
naturais, Indústria MODERNA E RECORDISTA, etc.), revela-se uma idéia sobre o/a
paranaense: o destaque.
Haveria ainda, segundo o vídeo,
outra característica em comum que agregaria os/as paranaenses: “um
sentimento comum de amor à terra”.
Sem entrar no mérito, agora da
questão do surgimento do próprio conceito (e dos sentidos colados a ele) de
nacionalidade – neste caso regionalidade – as duas noções sobre o paranaense me
chamam atenção.
A primeira contraria claramente
uma afirmação de Brasil Pinheiro Machado, geopoliticamente paranaense,
acadêmico de direito no Rio de Janeiro em 1930:
“Eu poderia afirmar sem errar por
muito que o paranaense não existe. O paranaense não existe dentro do complexo
brasileiro (...) O Paraná é um Estado sem relevo humano. Em toda sua história
nada houve que realmente impressionasse a nacionalidade. Nenhum movimento com
sentido consciente mais ou menos profundo. Nenhum homem de Estado. Nenhum
sertanista. Nenhum intelectual, Nem ao menos um homem de letras.”
A segunda superaria uma aflição,
constatada por Gordon Mathews - antropólogo norte-americano - sobre o indivíduo
pós moderno, o qual desenvolveria uma identidade
de mercado
“Identidade de mercado, por outro
lado, está baseada em não pertencer a nenhum lugar determinado, mas sim, ao
mercado tanto em suas formas materiais como culturais; na identidade baseada em
mercado o lar de um indivíduo é o mundo inteiro.”