Por: Bruno José Gabriel (UEPG)
Quando abordamos as relações – ou
relações hierarquizadas - de gênero na sociedade brasileira, os machistas de
plantão logo posicionam as mulheres no fogão, na limpeza do lar, no cuidado do
legado. Essas mulheres jogadoras polivalentes, titularíssimas, imprescindíveis
para o esquema tático dos times dos homens, e tem mais, provavelmente sejam
escaldas com a camiseta número 10 e a faixa de capitão. Imaginem essa escalação
na Índia, por exemplo, acho que teríamos problemas em escalar tantos craques
juntos no meio campo...
Brincadeiras a parte, para muitas sociedades a mulher bate um bolão no
cenário salientado acima. E no grandioso futebol, desporto capaz de despertar
inúmeras emoções, intrínsecas e inerentes em todo o brasileiro, de parar um
país e todos os outros desportos, qual o papel, a importância, a essencialidade
da mulher?
Estas indagações contrastantes formam o cenário futebolístico feminino no
Brasil. Em um papo no boteco – reduto onde os homens são atores protagonistas
nas discussões sobre o futebol - Oricchio (2006) provavelmente diria, “as
mulheres tem um papel bastante importante no futebol, posicionadas nas
arquibancadas ou camarotes e torcer por seus familiares ricos da nobreza” – não
esqueçamos que nos primórdios o futebol era uma prática desportiva da elite.
Capellano apud Ecoten et. al. (2010) corroboraria neste sentido e ainda diria
ao velho amigo, “não esqueçamos que nossas patrícias elas foram essenciais para
a criação do termo “torcer”, quando controlavam suas emoções nas arquibancadas
“torcendo” panos. Knijnik (2006) em um processo reflexivo diria: Realmente elas
são bastante importantes para o futebol “quando elas sabem o que é lei do
impedimento, palmas para elas”.
Esse quadro humorístico e sarcástico – também muito decepcionante – é uma mistura de
acontecimentos e um discurso relacionado a mulher e o futebol no Brasil. Mesmo
com todo o desvelamento histórico envolvendo as mulheres e o futebol, algumas
essas ideologias e discursos permanecem inalteradas nas sociedades modernas –
também no pensamento dos homens.
Aconselharia os pensadores sobre o futebol, que tratassem com mais
atenção e carinho para o futebol feminino no Brasil, ao observem um aspecto
bastante interessante sobre o futebol feminino versus masculino, que será
salientado no quadra abaixo:
Melhores Jogadores
(as) do Mundo nos Últimos Seis (06) anos
Anos
|
Masculino
|
Nacionalidade
|
Feminino
|
Nacionalidade
|
2006
|
Fábio Cannavaro
|
Italiano
|
Marta
|
Brasileira
|
2007
|
Kaká
|
Brasileiro
|
Marta
|
Brasileira
|
2008
|
Cristiano Ronaldo
|
Português
|
Marta
|
Brasileira
|
2009
|
Lionel Messi
|
Argentino
|
Marta
|
Brasileira
|
2010
|
Lionel Messi
|
Argentino
|
Marta
|
Brasileira
|
2011
|
Lionel Messi
|
Argentino
|
Homare Sawa
|
Japonesa
|
Acho que nos últimos anos, no que se refere ao individualismo, as
mulheres que são as atrizes protagonistas do cenário futebolístico. Vamos
pensar nesse aspecto? Nossas mulheres já merecem mais oportunidades!