Grande vítima da tragédia que se abateu sobre o futebol italiano neste fim de semana, Maria Carla Morosini comoveu jogadores e dirigentes. Deficiente mental, ela é irmã de Piermario Morosini, que morreu vítima de um ataque cardíaco no último sábado. A jovem perdeu os pais na infância e o outro irmão, que suicidou-se em 2005, e agora deve ficar sob a custódia de Antonio Di Natale, amigo e ex-companheiro de clube do jogador morto em campo no último sábado.
- Médicos tentam socorrer Piermario Morosini após jogador do Livorno sofrer uma parada cardíaca
“Perdi minha mãe há quatro anos e como ele já havia passado por isso, me senti muito próximo dele. Foi um companheiro excepcional. É essencial ficarmos ao lado da irmã de Piermario pelo resto da vida dela. Ela precisa de nós e queremos ajuda-la, por ela e por Mario. Vamos conversar com todos os jogadores da primeira e da segunda divisões”, disse Antonio Di Natale, capitão da Udinese, e um dos atacantes mais importante do futebol italiano, que também defende a seleção do país.
O incidente com Morosini aconteceu no último sábado, em um jogo pela segunda divisão. Aos 25 anos, o meia do Livorno sofreu uma parada cardíaca e morreu antes de chegar ao hospital. Imediatamente após o ocorrido, o Livorno também anunciou que cuidaria financeiramente de Maria Carla.
A morte de Permario é só mais um trauma na família. A mãe do jogador morreu quando ele tinha 15 anos. Dois anos depois, o pai sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. Em 2005, seu irmão, também deficiente, suicidou-se e o deixou sozinho com Maria Carla, que vive em um centro de recuperação em Bérgamo e tinha todo o seu tratamento custeado pelo jogador.
Mais tarde, outros nomes importantes do futebol local também se comoveram. A fundação Udinese for Life, gerenciada pela mulher do dono do clube, se disponibilizou a gerenciar os recursos doados para a causa.
A Atalanta, onde o jogador começou no futebol, também vai ajudar Maria Carla. “É nosso dever cuidar para sempre dela, como Piermario faria se ele não tivesse morrido tragicamente”, disse Antonio Percassi, presidente da equipe.
fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/italiano/ultimas-noticias/2012/04/16/deficiente-mental-irma-de-italiano-morto-ficara-sob-custodia-de-jogador-da-selecao.htm
Texto sugerido e com comentários de André Mendes Capraro
Embora a ação tenha sido
amplamente divulgada na imprensa, não podemos deixar de pensar na
generosidade de Di Natale. A iniciativa apresenta duas características
pouco típicas em se tratando do futebol atual: primeiro o resgate do
conceito prático de fair-play, por meio, do ato solidário e
corajoso de adotar a criança com deficiência mental; segundo, o sentido
de união de categoria, ao convidar os demais atletas (capitães) das
principais equipes para participar da ação. Em uma época de
mercantilização extrema e espetacularização do esporte – por sinal,
tornam-se espetacularizadas, inclusive, as próprias mortes na prática
esportiva – surgem rompantes de empatia, entrega e solidariedade. Os
nossos sinceros parabéns ao atleta Antonio Di Natale.