Indignados com a arbitragem, torcedores danificaram veículo que seria do presidente da FPF, Hélio Cury
Torcedor do Londrina ferido na saída do Estádio do Café
"O pessoal viu e disse: 'olha, é o juiz'", disse um torcedor. Nesse momento, a cavalaria daPolícia Militar (PM) interviu com bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha, dispersando a multidão.
Uma bomba de efeito moral atingiu o rosto deRenan Daniel dos Santos, de 22 anos, que foi levado para o hospital pela própria família. "É um total despreparo e falta de respeito com o torcedor. A gente não estava fazendo nada, só indo embora", conta um amigo que o acompanhava. Outras pessoas ficaram feridas por pedradas distribuídas pelos torcedores.
A confusão foi motivada pela derrota do Tubarão, que perdeu por 1 a 0 para o Coritiba, na partida que definiu o campeão do primeiro turno do Campeonato Paranaense. O time alviceleste reclamou a não marcação de pênaltis.
Coxa
Antes da partida, a PM havia registrado confusão na chegada dos torcedores do Coritiba aoEstádio do Café.
A Polícia Militar teve de intervir em uma confusão entre torcedores das duas equipes, quando torcedores do Londrina fizeram uma emboscada e apedrejaram o ônibus da torcida coxa na chegada ao estádio. Alguns tiros de borracha chegaram a ser disparados, quebrando alguns vidros do ônibus.
A confusão logo foi controlada pela PM e os torcedores alviverdes entraram no estádio escoltados pelos policiais.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/campeonato-paranaense/conteudo.phtml?tl=1&id=1350162&tit=Carro-e-apedrejado-e-torcedor-se-fere-com-bomba-disparada-pela-PM
Sugestão e comentários de Ernesto Sobocinski Marczal
A coincidente decisão do primeiro turno do Campeonato
Paranaense, envolvendo as equipes do Londrina e do Coritiba no Estádio do Café,
repercutiu nos veículos de imprensa não apenas pelos lances em campo, mas
particularmente em decorrência das lamentáveis manifestações de violência,
tanto simbólicas (com escassas exceções, pouco consideradas nos debates sobre o
esporte) quanto físicas, dentro e fora dos gramados.
A justificativa do comportamento a partir da parcialidade da
arbitragem, a polêmica das decisões ou ao simples despreparo desta, demostra a
dificuldade em produzir qualquer tipo de avaliação satisfatória pretensamente racional
para explicar ações motivadas pela passionalidade dos sujeitos envolvidos.
Contudo, um dos principais problemas desta percepção incide
não só sobre a recorrência das desculpas fornecidas pelos protagonistas da
confusão, sejam eles esportistas, dirigentes, torcedores ou responsáveis pela
segurança pública, mas a normalidade com que a temática é tratada. Normalidade
esta que lamenta, ao mesmo tempo em que naturaliza, tais incidentes e incorre
nas mesmas analises para explicá-los, apontar culpados e fornecer possíveis soluções
(reforço do policiamento, por exemplo).
Este não é o caso da presente reportagem, que sequer
demonstra uma preocupação mais efetiva com esta questão. O foco em simplesmente
“informar” os conflitos que antecederam e sucederam a partida, os quais podem
ser precariamente defendidos por uma postura de objetividade e imparcialidade
do relato jornalístico, parecem assumir um tom de complacência inconsciente com
as manifestações de violência em torno das partidas de futebol, quase como se já
estivéssemos acostumados com isso.
E, talvez, este seja um novo e inquietante problema, pois constatamos
que tanto quanto as explicações, análises e discursos propagados a respeito da violência
no futebol, a nossa própria postura diante de eventos como esse pode ter se
tornado algo comum. Arrisco-me a dizer, tentando me desprender de qualquer
hipocrisia, por mais ética que ela seja, que casos como esse raramente nos
surpreendem. Indicio de que a violência no futebol esta perigosamente
banalizada, muitas vezes arraigada, involuntariamente, em nossa própria
percepção sobre os desdobramentos sociais esperados desse espetáculo esportivo.