José Maria Marin, presidente da CBF, se exalta durante entrevista coletiva
Abertamente ninguém fala sobre o
assunto, mas o vazamento de gravações envolvendo José Maria Marin virou assunto
nos últimos dias entre os integrantes da delegação da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol) que estão na Europa para os amistosos da seleção. Entre
os jogadores o tema é ignorado, mas funcionários, parceiros comerciais da
entidade, dirigentes e patrocinadores estão cientes do caso e conversam a
respeito.
O UOL Esporte
apurou que aliados temem pelo futuro do cartola à frente da entidade. Na última
quinta-feira, Marin, que assumiu a presidência após a renúncia de Ricardo
Teixeira em 2012, se negou a comentar a repercussão do caso. Um vídeo de
autoria desconhecida, publicado no Youtube e reproduzido no blog do Juca Kfouri
no UOL Esporte, traz uma gravação supostamente de Marin na qual ele dá a
entender que tem conhecimento de negociatas envolvendo o seu vice e principal
aliado, Marco Polo Del Nero, que também ocupa a presidência da FPF (Federação
Paulista de Futebol).
"Não vi e
não posso falar. Minha preocupação é diferente e muito maior, que é a seleção.
Não tive tempo e não tenho interesse de tratar outro assunto que não seja a
seleção brasileira", disse Marin em entrevista ao site do canal ESPN
Brasil.
No vídeo, uma
voz que parece ser a de Marin conversa com interlocutores não identificados
sobre um recado que daria aos irmãos Balsinelli, donos da BWA, que estariam
usando indevidamente o nome dele e de del Nero da CBF, o que dá a entender que
o presidente da CBF tem conhecimento de negociatas feitas pelos empresários.
O caso trouxe
uma reação imediata. O deputado federal Romário (PSB-RJ) pediu através de sua
conta no Twitter a prisão de Marin. "Este último vídeo do Marín comprova
que a CBF está nas mãos de uma quadrilha", falou Romário no microblog.
"Prende esses caras, está na hora de dar um exemplo para o
Brasil".
APÓS "DESENCONTRO" NA FIFA, MARIN E ALDO VEEM JOGO JUNTOS
Aldo Rebelo, ministro do Esporte
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o presidente da CBF, José Maria Marin, estiveram juntos pela primeira vez desde o vazamento de gravações em que o cartola criticava o ministro nesta quinta-feira. Os dois estão na área VIP do estádio onde o Brasil empatou com a Itália, em Genebra, na Suíça. Antes da partida começar, os dois conversaram por alguns minutos. Na última terça-feira, Marin e Rebelo estiveram no mesmo lugar, na sede da Fifa, em Zurique, mas não fizeram questão de se encontrar. Conforme informou o Blog do Perrone, o vazamento de um áudio no Youtube com críticas supostamente feitas pelo dirigente ao ministro deixou o dirigente ainda mais distante do Governo Federal.
Sugestão e comentários de Ernesto Sobocinski Marczal
A
Copa de 2014 ainda não começou nos gramados, seu legado social é, no mínimo,
incerto e o receio quanto ao desempenho esportivo da seleção é notório. Sem dúvida a realização do mundial do Brasil
ainda esta longe dos resultados esperados pelos seus organizadores, particularmente
da tranquilidade e apoio populares desejados pelos dirigentes esportivos,
sobretudo os “distintos” membros da CBF (os Srs. Ricardo Teixeira e José Maria
Marin que o digam...)
Diante
de um quadro controverso como este, nos
resta algo para exaltar no futebol nacional? A assertiva negativa seria o
caminho mais obvio, nem por isso menos verdadeiro. Porém, como um intrépido
pesquisador do esporte (e, obviamente, um de seus entusiastas mais otimistas),
gostaria de destacar uma espécie de “triunfo” no tratamento recente dado a
modalidade no país: a renovação de sua percepção sociopolítica.
Tudo
bem, tudo bem, sei que os poucos leitores deste breve comentário podem (e
devem!) me questionar: “mas do quê este maluco está falando? Convivemos com a revelação
constante de novos escândalos, o atraso na construção dos estádios, a
desorganização dos clubes, a corrupção dos responsáveis pelo esporte, a
violência e falta de segurança nos estádios e seus arredores, o uso dúbio e
questionável de recursos públicos, etc., etc., etc.”. A lista é imensa...
Mas
é justamente esta preocupação com o futebol que eu gostaria de destacar.
Matérias como à reproduzida acima e a imediatamente anterior, trazida para este
humilde blog por Riqueldi Straub Lise, são exemplos da abordagem renovada que o
futebol tem recebido no espaço público nacional. Os problemas que retratam
estão longe de serem novos ou recentes, mas a preocupação de seus protagonistas
diante das possíveis reações (eventualmente punições) de parcela da sociedade é
que constitui algo diferente e inédito.
Do
mesmo modo, nas análises e posicionamento críticos quanto o futebol no Brasil,
é cada vez mais rara a simples condenação do futebol , como um problema social
e político sem solução. Ao contrário, são as manifestações apaixonadas, isto é,
com vínculos afetivos claros, mas conscientes de suas intenções que prevalecem.
Algo, arrisco-me a dizer, que pode ser compreendido como exemplo das tensões e
disputas que permeiam a consolidação de um regime político que se pretenda, ao
menos infimamente, democrático e republicano.
Se
os problemas sobre o futebol no Brasil parecem somente proliferar, é na
renovação dos juízos de sua importância social e de suas dimensões políticas,
que repousa um alento ao questionamento proposto. Afinal, sem alguma
manifestação publica em torno destas questões poderíamos imaginar alguma
maneira de resolvê-las? Ou, sequer teríamos conhecimento de muitos dos
problemas?
Mas
não se preocupe, leitor! São dúvidas das
quais ainda estou looonge de arriscar um palpite...