A
preocupação com os números financeiros no entorno do futebol é recente no
Brasil. Ainda se percebe certa resistência em olhar o futebol por este ângulo,
possivelmente, pelo desencanto que pode causar nos mais saudosistas a
comparação entre receitas e rendimentos. De qualquer forma, algumas empresas de
consultoria tem se arriscado a produzir relatórios baseados nos balanços dos
clubes e/ou em pesquisas de mercado. Os links acima, apontam para duas dessas
empresas e ajudam a compreender a posição dos clubes brasileiros no mercado
mundial.
Em primeiro lugar, o estudo das
dívidas dos clubes(Disponível em: www.pluriconsultoria.com.br/uploads/relatorios/pluri%20especial%20-%20divida%20com%20impostos %202011. pdf), embora considere apenas dívidas com impostos, procura
demonstrar certa evolução na gestão financeira. Se de um lado, alguns clubes
continuam alimentando suas dívidas como se não houvesse amanhã, outros estariam
mantendo, ao menos, certo equilíbrio entre receitas e despesas. A esse
respeito, acredito que seria necessário um estudo de longo prazo para uma
confirmação efetiva de qualquer mudança.
Já o estudo sobre as marcas (Disponível em: http://www.bdobrazil.com.br/pt/publicacoes.html) embora
demonstre crescimento constante nos últimos anos para os 12 clubes analisados,
não pode ser tomado como definitivo, primeiro pela metodologia que sempre pode
ser contestada e mais importante, porque tais valores dizem pouco quando
comparados entre si. Seria necessário, colocá-los lado a lado com os valores de
outros grandes clubes mundiais a partir da mesma metodologia.
Deixando de lado as críticas, creio
que estudos como esses, mesmo incipientes, são importantes e nos ajudam a
visualizar com alguma profundidade a realidade econômica de nossos clubes.
Abrir os aspectos financeiros do futebol no Brasil, até pouco tempo, seria
equivalente a abrir a caixa de Pandora. Aparentemente, a caixa foi aberta e o
seu conteúdo, se não é exatamente motivo de comemorações, também não se
constitui no fim do mundo. Supondo, claro, que os balanços não estejam
maquiando demasiado a situação real dos clubes. Afinal, para os leigos na
linguagem contábil, quando muito curiosos como eu, o filtro dos analistas se
torna indispensável, mas, acaba estabelecendo uma camada adicional entre a
realidade financeira e aquilo que podemos apreender.
Estudos sugeridos e com comentários do Mestrando em História (UFPR) Eduardo
Fabiano Pereira