domingo, 5 de dezembro de 2010

Crônica da semana

They don`t really care about us

Natasha Santos

Sangue, suor e poucas lágrimas. Foi esse o foco de todos os noticiários, na semana passada, com a histórica invasão da polícia a um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro. Pois bem, como todos devem lembrar, a missão pacificadora se deu após uma onda de violência nunca dantes por mim vista. Uma espécie de guerra civil que não acabava nunca e preocupava a opinião pública, afinal, o Brasil – entenda-se Rio de Janeiro – será nada mais, nada menos do que sede da Copa do Mundo, além das Olimpíadas, é claro.

O diagnóstico quase profético de um velho e batido complexo de vira-latas parece latente ao brasileiro: é constante a necessidade de mostrar algo aos estrangeiros ocidentais, cujo fio condutor parece estruturado por uma politicagem infindável! Talvez eu nunca esqueça o Sérgio Cabral acenando para a população e para os repórteres, com um sorriso político no rosto, enquanto carros pegavam fogo e crianças eram atingidas na perna por não obedecerem aos traficantes. Mas essa é uma outra discussão...

Todavia, ainda falando em politicagem, opinião pública e tudo o mais, Ricardo Teixeira precisou acalmar os ‘opinadores’ públicos quanto à realização da Copa em 2014. Depois de ratificar a confiança no poder de planejamento, Teixeira assegurou que a “cidade-sede do Rio de Janeiro terá o clima de normalidade necessário para a disputa da Copa das Confederações”, em 2013.

Dito e feito. Em menos de uma semana a polícia e todas as forças do bem invadiram o Complexo do Alemão e a situação foi controlada.

É certo que se tratava de uma situação insustentável e era preciso agir rápido. Entretanto, a minha dúvida é por que não fizeram isso antes? Será mesmo que o ‘Tropa de Elite’ teve um efeito tão grande, a ponto de modificar parte da realidade? Algo deu errado no esquema... Mas é difícil saber se determinadas decisões são de fato tomadas em prol do povo.

Ah, se o Brasil fosse sede da Copa antes...

Um comentário:

  1. André Alexandre Guimarães Couto7 de dezembro de 2010 às 10:48

    Cara Natasha:

    Concordo com você. A organização da Copa do Mundo pressupõe um controle social fortíssimo. Não só para os criminosos, mas também para pessoas que trabalham como camelôs, ambulantes, etc, por meio da política do prefeito Eduardo Paes chamada de "choque de ordem".
    No caso da operação na Vila Cruzeiro e Morro do Alemão, houve uma união histórica de forças militares e de segurança pública para controlar "o medo" da sociedade carioca. Sinceramente, acho que tão feito aproveitou sim a popularidade do filme nas mentalidades cariocas e brasileiras. O meu único receio é que saiam os traficantes e entre a mílicia, conforme o roteiro (muito bom, por sinal) de "Tropa de Elite 2". Vamos ver...

    Um abraço,

    André Alexandre

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