terça-feira, 31 de agosto de 2010

Maioria dos brasileiros é contra dinheiro público na Copa-14


O instituto Datafolha  publicou uma pesquisa a respeito do investimento de dinheiro públicos nas arenas da Copa do Mundo do Brasil em 2014 e a maior parte dos brasileiros se mostrou ser contra.
O Datafolha  ouviu quase 11 mil pessoas em 382 municípios brasileiros e a pesquisa apontou que 57% das pessoas é contra o uso do dinheiro público para a construção e reforma dos estádios da Copa.
Entre as 11 cidades que estão envolvidas na Copa do Mundo de 2014, nove delas terão estádios públicos e duas estádios privados. Com isto, o gasto estimado será de R$ 5,1 bilhões, 168% a mais do que se esperava quando começou a ser planejada a Copa. Isto sem levar em consideração o estádio da cidade de São Paulo, que ainda não está definido.
Entre os brasileiros, entretanto, 37% apóiam o investimento público nos estádios, mesmo com o valor alto que seria gasto para deixar todas as arenas com o padrão exigido pela Fifa.
Inicialmente, Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, afirmava que esta Copa do Mundo seria a Copa da iniciativa privada, onde o país não gastaria muito. O interesse privado no Mundial, porém, é cada dia menor.
A outra polêmica dos estádios para este Mundial é a utilização ou não do Morumbi, em São Paulo. Na pesquisa do Datafolha, 52% das pessoas que querem que a abertura seja em São Paulo, gostariam que o estádio do tricolor paulista fosse a sede. No país inteiro, porém, a cidade preferida para receber a abertura é o Rio de Janeiro, com 26% da preferência nacional, contra 23% da capital paulista.

Fonte: http://www.gazetaesportiva.net/nota/2010/08/16/649923.html
Texto sugerido por Edson Hirata

CBF, governos e prefeitura não viram projeto do estádio corintiano, revela Andres Sanchez

Por MARTÍN FERNANDEZ DE SÃO PAULO

A CBF, o governo de São Paulo e a prefeitura de São Paulo indicaram o futuro estádio do Corinthians para a abertura da Copa de 2014 sem terem visto o projeto.

É o que garante o presidente corintiano, Andres Sanchez, em entrevista à Folha concedida na manhã de domingo. "O Corinthians foi escolhido porque tem credibilidade. Muita gente pode não acreditar, mas nós temos", diz.

FOLHA - O sigilo foi o maior mérito do projeto até agora?
Andres Sanchez - Esse projeto só sairá por causa do silêncio. Porque agora acabam as especulações, as maldades. Fizemos um comitê pequeno para manter o sigilo.Mas vazou. Infelizmente. Mas não foi pelo Corinthians.

Qual foi o papel do governo federal nisso?
Como tudo, o governo federal se preocupa com o país. A Copa do Mundo quem trouxe foi a CBF e o governo federal, então nada mais justo do que apoiar. Não vai apoiar apenas São Paulo, mas a Bahia e todos os outros Estados.

Mas nessa operação com a Odebrecht, o Lula teve alguma participação?
Não, nada de decisivo. Simplesmente ele, o governo do Estado e a prefeitura davam opiniões, tinha várias opções. E o Ricardo Teixeira [presidente da CBF] se reuniu com ele constantemente, com o governo, tudo, e chegou à conclusão que nosso projeto é o mais pronto.

Teixeira viu o projeto?
Não.

Ninguém da CBF viu?
Não. Nem dos governos federal, estadual e municipal.

Quem viu?
O Corinthians, a Odebrecht e os arquitetos.

E por que a CBF acha o projeto corintiano o mais pronto?
Porque nós temos credibilidade. Vocês podem não acreditar, mas nós temos. E eu não vou fazer como algumas pessoas fizeram e brincar com coisa muito séria. A partir do momento que eu falei, internamente, que o Corinthians tinha um projeto muito bom, todo mundo acreditou. Eu não vou ficar jogando pra lá e pra cá e daqui a seis meses falar que infelizmente não era como foi dito. Não sou irresponsável.

Você diz que a arena terá 48 mil lugares, mas para a abertura é preciso ter 60 mil.
Para aumentar o estádio, tem que sentar com o Corinthians, com o Comitê Organizador Local [COL], e decidir o que fazer.Quem bancaria?
O Corinthians não. O COL, patrocinadores, sei lá, o Corinthians não.

Mudaria o estádio?
Sim, porque tem que fazer mais 20 mil lugares.

O projeto, do jeito que está, já prevê isso?
No Corinthians tudo é grande. Tem que fazer uma coisa que pode aumentar. O Corinthians vai deixar preparado pra 70 mil, 80 mil lugares, quanto for preciso. Mas o projeto é para 48 mil.

O Corinthians conseguirá manter um estádio maior?
Já temos 52 mil pagantes do fiel torcedor. Quem sabe um estádio maior tenha média de 50, 60 mil pessoas por jogo. Mas você não tem a experiência de um estádio decente no Brasil. Vai ser outro mundo. Tem que deixar tudo preparado.

Texto sugerido por: José Carlos Mosko

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Crônica da semana - Futebol na Escola, só na quadra?

Futebol na Escola, só na quadra?

Passado apenas um mês da euforia da Copa do Mundo, onde a temática do futebol apareceu de forma ampla nas escolas, novamente o esporte bretão é assunto apenas na disciplina de Educação Física. Percebo que hoje o tema do futebol é apenas como uma ação prática desta específica disciplina. Ou seja, o futebol transparece como um todo apenas na prática do esporte em si.
Mas o futebol pode ser um conteúdo ou um tema de interesse da escola (das variadas disciplinas) como um todo? Talvez seja esta a pergunta que você leitor tenha feito após a leitura do parágrafo inicial deste texto. Se pensado inicialmente, esta pergunta é válida e tem todo o sentido, pois o “futebol” segundo as diretrizes que norteiam a educação no país está no rol de conteúdos da disciplina de Educação Física. É justamente neste minimizar do processo conteúdista, o qual fecha determinados conteúdos em determinadas “gavetas” das disciplinas é que está o problema. Mas novamente questiono: o futebol teria outros campos? A resposta chega a ser obvia, sim! Vejo hoje duas perspectivas para o futebol neste contexto.
A primeira amplitude que observo, é pensando no processo pedagógico “moderno” do trabalho por projetos ou por temas geradores multidisciplinares. O segundo mote para o futebol está na presença específica do tema em algumas disciplinas como a Geografia, a História, a Sociologia, a Filosofia, entre outras. Ou é possível não debater o futebol como um aspecto global nas aulas de Sociologia e Filosofia ? E falar do processo das elites brasileiras no início do século passado, sem falar nos espaços de sociabilização dos clubes de futebol? E tratar do processo de expansão do capital mundial nas novas e das novas demandas da geopolítica mundiais sem ver o futebol como elemento significativo? E estes são apenas alguns exemplos !
Talvez a indagação que fique neste momento, é saber o porque então que nada acontece. Acredito primeiramente que os professores estão engessados nos conteúdos ditos formais, os quais em muitos momentos não contempla o futebol. E o outro fator é que ainda existe um preconceito com o futebol. Ainda que no espaço acadêmico o futebol já ganha, aos poucos, algum respeito, porém na escola isso não ocorre. Fato substancial diante disso tudo é que todo esse contexto gera ao longo prazo descrédito do futebol como um todo.
Por fim, esclareço que essa crônica tem caráter inicial de um projeto de trabalho que pretendo realizar a longo prazo, sendo apenas um ensaio de alguns pensamentos e vivências reais. Vejo também que esta discussão não e exclusiva do futebol e que existem outras temáticas que tem o mesmo problema.



Texto escrito por Prof. MS. Celso Luiz Moletta Junior (ISAEC/Colégio Martinus Centro) Pesquisador do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade e Mestre em História pela U.F.P.R

domingo, 29 de agosto de 2010

Palmeiras x Corinthians – O jogo vermelho

O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), alagoano de Viçosa, é torcedor apaixonado da Sociedade Esportiva Palmeiras. Nascido na zona rural de Viçosa, não tem ascendência italiana, mas desde criança torce pelo Palmeiras. Visitando a sala de troféus do Palmeiras, observou que numa daquelas relíquias havia uma inscrição que lhe chamou a atenção: “Homenagem do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT )”.

O troféu é referente ao jogo Palmeiras x Corinthians, acontecido em 1945. Até aquele instante o jogo era desconhecido do deputado palmeirense e comunista. A mídia deixou de tratar desse assunto mesmo como fato histórico. E os pesquisadores que estudam os movimentos sociais não se ativeram ao acontecimento.
Mas o feeling − o deputado não gosta que se use expressão da língua inglesa desnecessariamente −, a partir daquele momento, dirigiu as suas atenções de repórter e ele então mergulhou na pesquisa histórica, entrevistando antigos militantes, familiares de dirigentes dos clubes e da Federação Paulista de Futebol, além de fazer consultas em várias bibliotecas. O resultado pode ser apreciado em Palmeiras x Corinthians – O jogo vermelho, editora Unesp, São Paulo, 2009.
O ano de 1945 foi um ano importante para a humanidade. No final da II Grande Guerra Mundial, o mundo passa a tomar conhecimento do holocausto e da destruição de numerosas cidades na Europa. O mundo também fica atônito com as duas explosões nucleares detonadas pelos Estados Unidos, contra um Japão quase rendido.
O Brasil comemora o fim da ditadura do Estado Novo; Getúlio Vargas, o ditador, é deposto.  O país reconquista a liberdade, o PCB é legalizado pela primeira vez. Esses acontecimentos em nível mundial e nacional são mobilizadores das massas trabalhadoras.
O que funcionou como catalisador para as diretorias de Palmeiras e Corinthians foi o MUT, como braço dos comunistas no movimento sindical e eleitoral. O objetivo do jogo era arrecadar fundos para os candidatos do PCB e a apropriação da imagem positiva de duas grandes torcidas do futebol brasileiro.
Os detalhes normalmente ficam perdidos ou são pouco valorizados pelos pesquisadores; nesse caso, Aldo Rebelo os levou à cena principal como se estivesse simbolicamente num palco de teatro, que poderia muito bem ser o gramado do estádio Pacaembu. Mas não foi: os jogadores,os dirigentes e os torcedores são os personagens no ensaio histórico do parlamentar-torcedor.  
O líder dos comunistas brasileiros, Luiz Carlos Prestes, havia passado dez anos preso. Ao sair do cárcere, candidatou-se a senador da República e foi eleito. Outros importantes intelectuais se inscreveram na legenda do PCB, candidatando-se a deputado federal, estadual ou vereador.
O corinthiano Antonio Roque Citadini, na apresentação do livro, declarou que “o deputado Aldo Rebelo contribui não só para a história dos dois clubes de futebol, mas também para a própria história social do país, registrando um fato pouco lembrado pela mídia: o engajamento político-social de duas agremiações esportivas de tamanha popularidade, como Corinthians e Palmeiras”.

Fonte: http://tudoglobal.com/geraldomajella/
Texto sugerido por Miguel A. Freitas Júnior

sábado, 28 de agosto de 2010

Futebol e política

Leia abaixo o comentário do jornalista Juca Kfouri, sobre decisão de Ricardo Teixeira de indicar o futuro (apesar de absolutamente incerto) estádio do Corinthians como sede da abertura da Copa de 2014:

O Corinthians ganhará um estádio porque a Odebrecht quer agradar o presidente que fará sua sucessão com os pés nas costas.
O estádio será palco da abertura da  Copa-2014 porque assim quer a CBF que não é maluca a ponto de relegar São Paulo ao ostracismo.
Tudo como você já  sabia.
Que o Morumbi dançaria a partir do momento em que o São Paulo não votou em quem o Imperador Ricardo I, e Único, queria.
Pirituba, Guarulhos, Itaquera, PQP, qualquer lugar, menos o Morumbi.
Coisa que os tucanos trataram de tornar pública antes que o presidente da República anunciasse solenemente ao ser homenageado no Parque São Jorge, no dia 31, véspera do centenário corintiano.
Porque se a eleição federal já está decidida, a estadual ainda está em disputa.
(Blog do Juca Kfouri, 28/08/2010)

Fica evidente a interferência do poder público no campo esportivo. O presidente Lula (corintiano assumido) não quer perder as eleições em São Paulo, onde o candidato petista ao governo estadual tropeça num distante segundo lugar. Por outro lado, a incompetência do atual governo paulista (DEM e PSDB) não permitiu concluir o projeto Morumbi, do São Paulo Futebol Clube. Lula e Teixeira, por motivos diferentes, se associam e dão todo o aval para que a construtora Odebrecht “assuma o risco do empreendimento” (sic). Com a Dilma praticamente eleita no primeiro turno, adivinhe quem irá pagar os custos do novo estádio?

Luiz Carlos Ribeiro
Coordenador do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade
DEHIS/UFPR

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para que serve o COB?

No domingo, a “Folha de S. Paulo” publicou entrevista com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. Moral da história de cerca de 1 hora de conversa com a repórter Mariana Bastos. O presidente do COB não sabe para que serve a entidade...

Pelo menos é isso que dá para compreender da resposta de Nuzman quando questionado sobre a péssima formação de atletas do país. Diz o mandatário do COB:
“O COB não tem atletas, não forma atletas. Não somos os responsáveis pelos resultados das confederações. Eu não tenho como entrar em uma confederação e dizer o que tem que fazer”.

Sim, é verdade. Há 15 anos Nuzman deixou por cima a presidência da Confederação Brasileira de Vôlei para presidir o COB. Na bagagem, o ouro inédito no masculino, em 1992, e a transformação de uma modalidade ao longo de 20 anos de gestão.

Só que, ao dizer que não é de competência do COB formar atletas (e não é mesmo!), Nuzman deixa de lembrar que há um detalhe ainda mais importante. Hoje, o atleta ou modalidade que tenha interesse em receber verba para um projeto, tem de passar pelo COB.

Ao longo dessa década e meia de gestão de Nuzman, o COB se transformou no grande pedágio do esporte brasileiro. Toda verba destinada às ditas modalidades olímpicas para antes nas mãos do comitê para, então, ser realocada conforme os interesses da entidade.

Esse pedágio faz com que o comitê decida em quais condições uma modalidade possa crescer no país. Conforme o interesse do COB o esporte ganha mais ou menos dinheiro.

Do jeito que está estruturado o esporte no Brasil atualmente, o único responsável pelo desempenho dos atletas no país é o COB. Não é função do comitê revelar, formar e desenvolver esportistas. Mas ao tomar para si toda a verba do esporte, o COB é o único em condições de definir de que forma uma modalidade pode existir.

Não adianta Nuzman querer tirar o corpo. Se é ele quem decide de que forma as confederações recebem a verba para trabalhar, indiretamente é ele quem define a formação de atletas no país.

O COB, na prática, serve como tomador de decisão da formação de atletas no Brasil. Caso estivéssemos num mundo ideal, a função do comitê seria apenas regulamentar a disputa de modalidades esportivas e ajudar no fomento do esporte. Mas isso, sem dúvida, não renderia o mesmo tanto de dinheiro, e de poder, para o presidente do comitê...

Fonte:http://negociosdoesporte.blog.uol.com.br/arch2010-08-22_2010-08-28.html
Texto sugerido por Celso Moletta Júnior

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A revista Forbes apresentou recentemente o relatório de 2010 referente aos clubes mais ricos do mundo, o “Most Valuable Soccer Teams”. Embora a revista tenha reduzido o número de equipas presentes na lista de 25 para 20 equipas, as equipas que constam da lista como as mais valiosas do mundo, são exactamente as que maiores receitas geram, segundo o último Deloitte Football Money League de 2010.

Na lista deste ano não existem alterações nas 3 primeiras posições em relação em ano anterior, sendo que o Manchester United continua a ser o clube mais valioso do mundo, seguido do Real Madrid e do Arsenal respectivamente. O maior destaque deste ano vai para a subida do FC Barcelona da 7ª para a 4ª posição e a do Internazionale da 14ª para a 10ª posição


Clique aqui e veja os valores arrecadados pelos 20 clubes mais ricos do planeta.

Fonte:http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2010
Texto sugerido por Edson Hirata

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Convite

Crônica da semana -

Respostas Prontas…
por André Mendes Capraro


Encerrada a Copa do Mundo de Futebol, passado aquele período de ostracismo que vem logo após a derrota do selecionado brasileiro, voltamos gradativamente a refletir acerca do famoso esporte que é pauta de nossas pesquisas. Pois bem, duas coisas marcaram em relação ao evento-mor do esporte.

A primeira é como a imprensa de forma geral (correndo o risco de generalizar) tem a necessidade de criar um raciocínio lógico que explique o desvelar de vitórias e derrotas ocorridas na Copa do Mundo, por mais que o futebol, incontestavelmente, apresente-se como uma modalidade bastante imprevisível; quiçá, dentre as coletivas a mais imprevisível de todas.

A segunda é como essa mesma imprensa (raras exceções), despudoradamente, dá guinadas explicativas, simplesmente “esquecendo” o que tinha afirmado anteriormente (em questão de dias e não meses ou anos). Passando a ideia – falsa – de que o ofício do jornalista especializado consiste, de certa forma, apenas em fazer previsões.

Vejamos...

Longe de ser consensual, mas também não foram poucos os jornalistas que apontaram às vésperas do torneio mundial o favoritismo do selecionado brasileiro devido à maturidade dos seus jogadores e a regularidade e segurança da defesa (coisa que historicamente nunca tivemos). Sem contar que até existiam aqueles simpatizantes com a política de “grupo fechado” do técnico Dunga. Pois bem, perdemos para a Holanda.

No mesmo dia, nos constantes discursos inflamados da imprensa contra o pragmatismo do técnico Dunga, e seu fiel discípulo Felipe Melo, um dos argumentos constantes foi o de que deveríamos jogar um futebol que valorizasse a técnica, igual ao que a seleção Argentina vinha praticando. Apenas um dia depois, a seleção comandada pelo técnico Maradona foi goleada pela Alemanha. E seu estilo de jogar, até então considerado artístico, passou a ser considerado pretensioso e desorganizado.

Consequentemente, não faltaram elogios aos alemães que, contrariando a tradição de sempre comporem o selecionado com atletas experientes, haviam levado jovens promissores. E não faltou, também, a lembrança de que Dunga poderia ter convocado os talentosos Neymar e Paulo Henrique “Ganso”. E a seleção da Alemanha cai diante da Espanha. Já a crítica foi de que era evidente que um selecionado com atletas jovens corria forte risco de ser irregular.

Finalmente, a Espanha vence a Copa do Mundo e não faltaram elogios ao fato de ser um selecionado composto por atletas que atuam exclusivamente no próprio país de origem. Estava explicada, então, desde o princípio, a fórmula do sucesso para um país se tornar campeão mundial (bem, se isso fosse uma máxima, nenhum selecionado sul-americano ganharia qualquer torneio internacional, tendo em vista que praticamente todos os atletas atuam na Europa).

Só é possível concluir que o decantado slogan “Cala a boca, Galvão” referia-se a tal mediador por ser este um ícone representativo da maior emissora do país. Pois, se fosse necessário citar todos os merecedores de um “cala a boca”, faltaria espaço na faixa.

Petrobras gravará documentário com a torcida do Atlético Paranaense

Neste domingo (22/8), a Petrobras, patrocinadora do Campeonato Brasileiro de Futebol, registrará a vibração da torcida do Atlético Paranaense, durante a partida contra o Flamengo, na Arena da Baixada. Fabiano Tatu, torcedor símbolo do Brasileirão Petrobras 2010, está percorrendo todo o Brasil para gravar mini-documentários de cada uma das 20 torcidas dos clubes que participam do Brasileirão. Os mini-documentários da aventura são exibidos semanalmente no site www.brasileiraopetrobras.com.br e no canal exclusivo no YouTube (www.youtube.com/brasileiraopetrobras).

Já estão no site os vídeos das torcidas do Corinthians, do Cruzeiro, do Vitória e do Fluminense e o calendário das próximas gravações. O mini-documentário com a torcida do Atlético Paranaense estará disponível a partir de 25 de agosto.

Os mini-documentários são narrativas que extrapolam o que acontece no jogo da rodada, pois têm foco na cultura e na identidade das torcidas. "A cada semana estaremos junto de uma torcida e agora chegou a vez do Atlético Paranaense. Dentro e fora do estádio vamos mostrar como a torcida do Furacão manifesta a sua paixão e move o time durante os jogos", conta Walter Romano, do núcleo de Comunicação Digital da Petrobras.

Além disso, a Petrobras está realizando promoções via twitter ao longo do campeonato, sempre com foco no time da semana. Nelas, os torcedores usam a criatividade para concorrer a camisas oficiais. Entre os dias 22 e 28 de agosto será a vez do Atlético Paranaense. Para participar, os torcedores devem seguir o perfil www.twitter.com/todastorcidas e responder ao desafio que será proposto.

Com essa ação, a Petrobras pretende reforçar sua associação com o futebol, por meio do maior evento esportivo do calendário nacional. A Companhia espera criar identificação dos torcedores com sua marca e utilizar a plataforma, que inclui os vídeos e promoções como canal para divulgação de produtos e serviços da Petrobras.

Acompanhe o calendário e todos os lances desta jornada no site www.brasileiraopetrobras.com.br.

Fonte:WWW.AGENCIAPETROBRASDENOTICIAS.COM.BR
Texto sugerido por José Carlos Mosko

domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Racismo no futebol

Reportagem da Folha de Londrina (20/08/2010) e entrevista sobre o racismo no futebol brasileiro com o pesquisador Carlos Alberto Figueiredo da Silva, autor do livro "Racismo no futebol".

Clique aqui. 

fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folha.php?id_folha=2-1--3968-20100820

Entrevista com Prof. Ribeiro e Prof. Miguel

Bate-papo com os professores Luiz Carlos Ribeiro da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Miguel Freitas Júnior, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), membros do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade.

Clubes tradicionais do interior estão próximos da insolvência. Por que chegamos a essa situação?


Esse quadro poderia ter se modificado se os clubes do Paraná tivessem crescido nos campos esportivo, patrimonial e financeiro, mas vêm somando derrotas e não conseguem agregar novos adeptos. Outro fator é a falta de organização dos administradores. Em geral são pessoas mais preocupadas com benefícios próprios do que com aquilo que podem contribuir para o clube. Muitos são empresários bem sucedidos, mas fracassam no gerenciamento do futebol. Não por inocência, mas porque se utilizam da estrutura contábil frágil, onde é possível obter bons rendimentos com pequenos riscos de ser considerado culpado.

Por que existe a dificuldade de vínculo entre clubes e suas cidades?

Alguns diretores mudam somente a razão social, deixando o clube tradicional na lama, e criam um novo clube às vezes até dentro da própria cidade. Muitas vezes essa estratégia é para fugir de tributos fiscais ou outras pendências. Isto faz com que o torcedor não crie vínculo. A mentalidade gerencial é estritamente comercial: qualquer jogador relativamente bom dificilmente termina a temporada. Isto não seria problema se houvesse um trabalho de base. O torcedor da cidade pequena é próximo e quer torcer para o jogador da sua cidade. Mas as equipes são efêmeras e não criam nenhum tipo de vínculo.

Existe solução para o interior?
É ter um planejamento de média e longa duração, buscando um equilíbrio entre a eficácia financeira e a esportiva. Para isso é preciso investir na base, porém de forma profissional e científica. A solução está pautada em valores como organização, profissionalismo, planejamento, transparência, investimento na base e efetiva responsabilização fiscal para os administradores do clube.



fonte: http://www.parana-online.com.br/editoria/esportes/news/468973/?noticia=EXISTE+SALVACAO+PARA+CLUBES+FORA+DA+CAPITAL
Texto sugerido por Miguel A.Freitas Júnior

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vídeo - Curta metragem: Barbosa

Vídeo interessante chamado Barbosa.

Clique aqui e assista.


Fonte: http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?cod=150&Exib=1
Vídeo sugerido por André Mendes Capraro

ESPORTE NA MÍDIA OU ESPORTE DA MÍDIA? Por Mauro Betti

A rigor, não existe esporte na mídia, apenas esporte da mídia. Se a mídia enfocasse o esporte como cooperação, auto-conhecimento, sociabilização etc., em vez da habitual ênfase no binômio vitória-derrota, recompensa extrínseca, violência etc., ainda assim estaria fragmentando e descontextualizando o fenômeno esportivo, pois a competição e uma certa agressividade são a ele inerentes. Ou mesmo como diria Elias (1990), o esporte é um lugar socialmente permitido para a expressão da beligerância e agressão, de maneira controlada.

Evidentemente, estamos nos referindo ao esporte formal, institucionalizado em federações e passível de espetacularização pela televisão, e, portanto, ignorando a polissemia associada à palavra “esporte” (Betti, 1998).

Admitir o esporte na mídia exigiria aceitar o pressuposto de que a mídia fosse capaz de abordar o esporte em sua inteireza, o que não é possível por dois motivos, ao menos: i) pela própria natureza e limitações de cadamídia; ii) pelo fato de que cada mídia cumpre funções específicas (Santaella, 1996). Quer dizer, inevitavelmente, oesporte na mídia é sempre mediado pelos olhares interessados dos diversos meios, dentre os quais destaca-se atelevisão, a mais híbrida de todas as mídias, “que absorve e devora todas as outras mídias e formas de cultura”(Santaella, 1996, p. 42). Por isso, é a televisão a mídia mais importante para entendermos as relações entre as duasinstâncias. De fato, o esporte não teria alcançado a importância política, econômica e cultural de que desfruta hojenão fosse sua associação com a televisão, associação esta que criou uma “realidade textual autônoma”: o esportetelespetáculo (Betti, 1998).

Mas quais são as características do esporte da mídia? Centrando-nos no caso da televisão, algumas delas são:
1) Ênfase na “falação esportiva”. A falação esportiva (Eco, 1984) informa e atualiza: quem ganhou, quem foi contratado ou vendido (e por quanto), quem se contundiu, e até sobre aspectos da vida pessoal dos atletas. Conta ahistória das partidas, das lutas, das corridas, dos campeonatos; uma história que é sempre construída e reconstruída,pontuada pelos melhores momentos - os gols, as ultrapassagens, os acidentes etc. cria expectativas: quem seráconvocado para a seleção brasileira? A falação faz previsões: qual será o placar, quem deverá vencer. Depois,explica e justifica: por que tal equipe o atleta ganhou ou perdeu. A falação promete: emoções, vitórias, gols,medalhas. Cria polêmicas e constrói rivalidades: foi impedimento ou não? A falação critica: "fala mal" dos árbitros,dos dirigentes, da violência. A falação elege ídolos: o "gênio", o craque fora de série. Por fim, sempre que possível,a falação dramatiza.

2) Monocultura esportiva. A ênfase quantitativa da “falação” das mídias, assim como da transmissão ao vivo deeventos  é,  no  Brasil,  evidentemente  relacionada  ao  futebol,  tendência  que  se  acentuou  nos  últimos  anos, provavelmente porque as empresas descobriram naquela modalidade esportiva uma melhor relação custo-benefício para  a  publicidade.  Uma  possível  exceção  situa-se  na  TV  por  assinatura,  na  qual  Betti  (1999)  encontrou  maior percentagem de programação dedicada aos “esportes radicais”, seguida de futebol e tênis.

3)  Sobrevalorização  da  forma  em  relação ao  conteúdo.   É  característica  marcante  da  mídia  televisiva.  O  esporte telespetáculo tende a valorizar a forma em relação ao conteúdo.Isso decorre do fato do discurso televisivo fazer uso privilegiado da linguagem audiovisual, combinando imagem, som (música, por exemplo) e palavra, com ênfase na primeira.  As  possibilidades  do  audiovisual  são  levadas  cada  vez  mais  adiante,  em  decorrência  dos  avanços tecnológicos associados à informática (mini-câmaras, closes, slow-motion, recursos gráficos etc.). Mas também nas mídias  impressas  (jornal,  revista),  as  imagens  vêm  ganhando  espaço  em relação  à  palavra  –  são  fotos,  gráficos e outros   recursos   produzidos   com   sofisticação   e   qualidade   cada   vez   maiores   por   conta   dos   avanços   da informática/computação. O poder da linguagem audiovisual é maximizado na TV por assinatura, na qual o esporte pode apresentar-se como pura imagem (Betti, 1999), o que se justifica no processo de espetacularização, porque a televisão busca atingir a emoção do espectador, e não a razão. Do outro lado da moeda, o discurso das mídias em geral  propõe uma concepção hegemônica de esporte: esforço, busca da vitória, disciplina, dinheiro. O preço que se paga pela espetacularização do esporte é a fragmentação e descontextualização do fenômeno esportivo. Os eventos e  fatos  são  retirados  do  seu  contexto  histórico,  sociológico,  antropológico.  A  experiência  global  do  ser-atleta  é fragmentada.  No  caso  da  televisão,  a  descontextualização  é  mais  sutil,  e  o  telespectador  é  vítima  de  uma  ilusão: julga que está observando a realidade diretamente, como se a “tela” fosse uma “janela”. Na verdade, há diferenças profundas na experiência de assistir ao esporte como testemunha corporalmente presente nos estádios e ginásios e na sala de estar, pela TV.  

4)  Superficialidade.  As  próprias  características  das  mídias  impõem  a  superficialidade.  Como  lembra  Santaella (1996) a cultura das mídias é a cultura do efêmero, do breve, do descontínuo; é a cultura "dos eventos em oposição aos processos"  (p.36).  Mas  como    a  cultura  das  mídias caracteriza-se  também  pela  interação  entre  elas,  a  mesma notícia passa de uma mídia a outra, permitindo análises mais aprofundadas nas revistas semanais e no jornalismo investigativo   da   TV   por   assinatura,   por   exemplo.   Idealmente,   as   mídias   seriam   intercomplementares (Santaella1996), e a notícia da TV levaria o espectador ao jornal, daí à revista, etc. Mas quem no Brasil lê jornais, revistas ou pode pagar por uma TV a cabo? Daí o receio dos efeitos perniciosos que a televisão pode trazer a um país como o Brasil, com baixo nível educacional, com uma grande massa de analfabetos e semi-analfabetos, e que estão se expondo diretamente à cultura audiovisual das mídias, sem a mediação anterior da cultura letrada.

5) Prevalência dos interesses econômicos. A lógica das mídias, em última instância, atende a interesses econômicos, entronizando na televisão os índices de audiência, e criando assim um círculo vicioso: os produtores pressupõem o que o público (que é visto como homogêneo) quer, e só lhe oferecem isso, portanto, não podem saber se o público deseja outra coisa. Novidades aparecem, mas sempre sobre os mesmos temas e sob as mesmas formas. Como não há opções, o público reafirma a audiência das “fórmulas” tradicionais. Daí a mesmice da cobertura futebolística, por exemplo.  A  pobreza  de  conteúdo  na  TV  brasileira  é  cada  vez  mais  evidente,  não  obstante  o  artigo  221  da Constituição  brasileira  determinar  que  a  produção  e  a  programação  das  emissoras  de  rádio  e  televisão  deverão conceder prioridade  a  finalidades  educativas,  artísticas,  culturais  e  informativas.  De uma  perspectiva  mais  ampla, Walnice Nogueira Galvão, claramente inspirada no conceito de “indústria cultural” da Escola de Frankfurt, refere-se ao  “fundamentalismo  do  mercado”,  que  faz  imperar  uma  lógica  perversa,  a  qual  privilegia  o  investimento  emnovidades que, dada sua facilidade e baixo custo, leva à crescente degradação do gosto dos cidadãos; e assim “os produtores agiram, enquanto se justificavam dizendo dar ao povo o que ele queria. E não o contrário: os produtores é que se empenharam numa campanha de deseducação, infantilizando o público (caso do cinema), imbecilizando-o (caso da televisão)...” (Galvão, 2002, p. 5). Do ponto de vista político, a imposição de limites a esse processo teria que ser ditada pela própria sociedade civil, nos termos previstos pelo artigo 224 da Constituição brasileira de 1988, que prevê o funcionamento de um Conselho de Comunicação Social, até hoje não concretizado. 

Todavia, num exercício de imaginação (e esperança...) o que deveríamos ler, ouvir e olhar se houvesse um outro lado, o do esporte na mídia? :
-     a cobertura de várias modalidades esportivas, inclusive as que ainda são predominantemente amadoras; -     a  presença  de  informações/conteúdos  científicos  (biológicos,  socioculturais,  históricos)  sobre  a  cultura esportiva;
-     análises  aprofundadas  e  críticas  a  respeito  dos  fatos,  acontecimentos  e  tendências  nas  várias  dimensões  que envolvem  o  esporte  atualmente  (econômica,  administrativa,  política,  treinamento,  tática  etc),  considerando  o passado, o presente e o futuro;
-     as vozes dos atletas (profissionais e amadores) enquanto seres humanos integrais, e não apenas como máquinas e rendimento, nos falando sobre a experiência global de praticar esporte;
-     uma  maior  interação  com  os  receptores,  considerados  indivíduos  singulares,  instaurando  um  verdadeiro processo de comunicação.
E tudo isso adaptado às características de cada mídia, preservando a forma espetacular que atrai o leitor, o ouvinte, o telespectador. Quem se arrisca a tentar?


Fonte: Motrivivência
Texto sugerido por Celso Moletta Júnior

Anpuh-Pr prorroga prazo para entrega de trabalhos

O site oficial do XII Encontro Regional de História da ANPUH-PR informa que foi prorrogado o prazo das inscrições. Trabalhos devem ser submetidos até dia 22 de agosto.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Retorno das crônicas semanais

Estamos resgatando a publicação das crônicas semanais que eram tradicionais no site do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade.
Nessa primeira crônica o doutorando em História (UFPR), Edson Hirata, questiona a aplicação das leis no Brasil.
Você concorda com o pensamento dele? Deixe seu comentário.

Crônica da semana -

CUMPRA-SE A LEI
por Edson Hirata

As primeiras semanas da reforma do Estatuto do Torcedor parecem inibir ainda mais a violência nos estádios do futebol e dar maior garantia aos torcedores de ter um produto de qualidade, reforçando os objetivos da lei precedente.

Contudo, o problema parece ser cumprir a lei. No Brasil, como dito em outras oportunidades, a lei precisa “pegar” para ser internalizada pela sociedade.

No texto do Juca Kfouri “Estatuto do Torcedor neles”, o cronista relata uma condenação à Federação Paulista por, em um jogo entre Santos e Santo André, vender lugares no setor vip a torcedores e obrigá-los a assistir em arquibancadas. Louvável. Nada mais justo.

Mas, quando será que essa condenação, em forma de multa, será efetivamente executada? Certamente haverá recursos nas instâncias superiores e muitas delongas virão. Até lá, será que os torcedores-vítimas não desistirão da ação, mesmo porque o valor da multa aplicada não é elevada?

E isso tem acontecido e sendo recorrente em outros aspectos do mesmo Estatuto.

No debate com os líderes das principais torcidas organizadas de Curitiba essa mesma sensação de impunidade foi apontada como principal responsável pela dificuldade em se combater a violência nos estádios de futebol. Os líderes argumentavam que era difícil a identificação e punição dos baderneiros, ou seja, parece que temos leis “para inglês ver”.

Dualib, ex-presidente do Timão condenado

Juiz paulista condena Alberto Dualib, ex-presidente do Corinthians, por estelionato
O juiz titular da 15ª vara Criminal Central, Marcelo Semer, condenou ontem, 5/8, o ex-presidente do Sport Club Corinthians Paulista, Alberto Dualib, a três anos e nove meses de reclusão, em regime aberto, por crimes de estelionato contra a agremiação.

A pena privativa de liberdade foi substituída por outras restritivas de direito, fixadas em prestação de serviços à comunidade ou a entidades estatais, pelo mesmo prazo da pena originalmente fixada ; prestação pecuniária à vítima, no valor de cinquenta salários mínimos ; e pagamento de 36 dias-multa, fixados em um salário mínimo vigente à época dos fatos, corrigidos desde o evento.

Segundo a denúncia do MP, Dualib e os outros acusados, Nesi Curi, Juraci Benedito, Marcos Roberto Fernandes e Daniel Espíndola da Cunha teriam "obtido para si vantagens ilícitas consistentes no importe de R$ 1.433.333,00, em dinheiro e cheques, mantendo os demais diretores e sócios do clube em erro, mediante meio fraudulento consistente em fazer supor, na contabilidade de notas fiscais sucessivas, que os pagamentos se davam de forma legítima em contraprestação de serviços a cargo das empresas NBL Serviços Contábeis - Consultoria e Assessoria Empresarial S/C, Ltda, CSC Consultoria em Informática Ltda, Angulus-Ware Sistemas Ltda e Tecnosys Software S/C Ltda".

Nesi Curi, Juraci Benedito, Marcos Roberto Fernandes e Daniel Espíndola da Cunha também foram condenados no mesmo processo, mas o juiz absolveu todos os réus da imputação de formação de quadrilha.

Na mesma decisão, o juiz Marcelo Semer declarou extinta a punibilidade de Alberto Dualib e Nesi Curi em relação ao delitos praticados antes de 7/3/08 (data de recebimento da denúncia), nos termos do art. 107, inc. IV cc art 109, inc. III e art. 115, todos do Código Penal.

Dualib é defendido pelo advogado José Luiz Tolosa.

fonte: http://www.futebolnews.com/home/news07.asp?id=38719
Texto sugerido por José Carlos Mosko

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O futebol e a antropologia social de Roberto da Matta

O FUTEBOL E A ANTROPOLOGIA SOCIAL DE ROBERTO DA MATTA
Miguel A. de Freitas Jr
Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Pesquisador do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade

Ontem em uma da orientação de iniciação científica, o acadêmico me perguntou quem era Roberto Da Matta, pois inúmeros artigos que abordam a sociedade a partir do futebol, tem este autor como referência central. Resolvi então compartilhar neste nosso espaço virtual, algumas questões básicas deste antropólogo que aborda temas relativos a cultura brasileira (carnaval, malandragem, jeitinho brasileiro...).

DaMatta analisa a questão do futebol à partir da idéia de DRAMATIZAÇÃO, como parte fundamental do ritual. Para este autor, sem o drama não há rito e o traço distintivo do dramatizar é chamar a atenção para as relações, valores ou ideologias que de outro modo não poderiam estar devidamente isoladas das rotinas que formam o conjunto da vida diária, ou seja, o ritual e o drama seriam um determinado ângulo através do qual uma dada população conta a sua história. Neste sentido, não se trata de discutir a verossimilhança dos fatos, mas de perceber como o brasileiro expressa-se, apresenta-se e revela-se em um dos seus momentos de liberdade social.

A proposta do autor está em relativizar a análise, fugindo desta maneira do modelo tradicional, no qual “qualquer” objeto estudado, que tenha a sociedade como parâmetro, acaba sendo dicotomizado e normalmente mantém uma relação de confronto com esta sociedade. Para ele, é decorrente desta ideologia a tese do “Futebol como Ópio do Povo”, da mesma forma que a economia é considerada a base da sociedade. Neste sentido, o futebol brasileiro seria um instrumento ideológico utilizado pelas elites (pensantes) como um meio de desviar a atenção das massas (irracionais) dos seus problemas sociais.

DaMatta, indica que é fundamental que se visualize o futebol além do seu caráter funcional, pois só desta maneira torna-se possível compreender a função política e social deste esporte, que acaba trazendo a tona várias tensões sociais, como ele salienta: “Só que eles são os problemas da nossa própria sociedade, daí a dificuldade em percebe-los e discuti-los”. (1982: 22)

Ao analisarmos a relação existente entre o esporte/futebol e a sociedade, temos a possibilidade de utilizarmos um filtro que permitirá visualizar a totalidade e as particularidades de um determinado contexto, pois os objetivos saem da questão da função e utilidade do esporte, e passam a ser fundamentados na sua implicação e conseqüência social. Pois, enquanto uma atividade da sociedade, o futebol é a própria sociedade, sendo expressa através de seus atores, regras, objetos, ideologias, etc.

A proposta metodológica expressa pelo autor para esta escala de análise, foi através da comparação do futebol em diferentes sociedades. Ele escolhe a inglesa (devido a “paternidade” do futebol), a americana (devido a sua significância econômica e política mundial) e a brasileira (seu foco de análise).

Realizando uma análise semântica entre o futebol como jogo para os brasileiros e o futebol como esporte para os americanos e ingleses. DaMatta indica que no Brasil, o futebol é associado a jogar futebol, o que denota uma certa ligação aos “jogos de azar”, diferente do que ocorre nas outras duas nações.

Com base nesta indicação o autor mostra que no Brasil, o futebol está associado a técnica, a tática, a força física e psicológica, mas diferente da sociedade anglo-saxão, no Brasil se atribui muita importância a fatores como sorte e/ou destino. Um exemplo disto seria a presença da loteria esportiva na sociedade brasileira.

Além disso, o futebol brasileiro se difere do europeu, pela sua improvisação e individualidade. Deste modo, o futebol é na sociedade brasileira, uma fonte de individualização e possibilidade de expressão individual, muito mais do que expressão de coletividade. É através desta dialética entre individualização e coletividade, que o futebol brasileiro permite exprimir o conflito presente entre destino impessoal X vontade individual. Em certa medida este é um dilema da própria sociedade brasileira, que o jogo de futebol focaliza e dramatiza, pois mesmo apresentando vontades individuais este esporte é regido por leis impessoais, apresentando fatores imprevisíveis que podem dar a vitória para uma equipe considerada menos apta para ser a vencedora, ou seja, não há um modo de prever com segurança uma relação direta (racional) entre os meios e os fins.

Através do futebol pode-se realizar uma outra dramatização, onde uma entidade abstrata como um país, torna-se algo visível e concreto sobre a forma de uma equipe que sofre, vibra e vence os seus adversários. Representando uma massa popular que normalmente não tem voz e quando fala necessita respeitar uma ordem hierárquica, mas o futebol parece permitir uma certa horizontalização do poder, através da reificação esportiva. Assim o povo vê e fala diretamente com o Brasil, sem necessidade de intermediários.

Essa experiência de união em torno do país é algo concreto e uma poderosa dramatização que o futebol permite realizar e que transcende os seus usos e abusos pelo governo. Pois o futebol é uma atividade democrática pautada no desempenho individual, ou seja, ninguém se torna craque através da família, pelo compadre, ou por decreto presidencial, é necessário provar as suas qualidades em uma ação concreta, algo raro na sociedade brasileira.

O que se pode perceber é que na tentativa de justificar a popularidade do futebol no Brasil, DaMatta utiliza-se dos conceitos de ritual e drama social, para tratar o futebol como um meio privilegiado de observar uma série de problemas significativos da sociedade brasileira, o que em certa medida justificam a popularidade deste esporte no nosso país. Contudo, o que precisa ser levado em consideração é a autonomia relativa presente neste campo esportivo e este é um dos pontos mais sutis que precisam ser considerados ao trabalhar com a proposta teórica deste autor, pois caso contrário corremos o risco em cair numa armadilha e soterrar o nosso objeto de estudo (futebol) de valores pré – estabelecidos pelas teorias clássicas presentes no mundo acadêmico.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CBF SOFRE OUTRA DERROTA NO CLUBE DOS 13


De Vitor Birner
O G-4 paulista, formado pelos 4 maiores times do estado, acertou algumas ações
de marketing com a Kaiser nos jogos entre eles.
No clássico São Paulo x Palmeiras, os representantes da CBF que estavam no
gramado proibiram a realização delas.
Como estavam perdendo dinheiro, os times consultaram a dona do futebol
brasileiro.
E ouviram que estava vetada qualquer ação de marketing que não envolvesse os
patrocinadores da entidade.
Lembro que a Ambev investe na seleção brasileira.
Inconformados, os cartolas levaram o problema ao Clube dos 13. Lá, uma
notificação foi elaborada e mandada à CBF.
Nela, o Clube dos 13 alegou que não é justo a CBF que ganha tanto dinheiro com
patrocínios, impedir a realização de ações que melhorem as finanças de seus
filiados.
A entidade, na maior cara de pau, em 30 de julho, enviou fax respondendo que não
reconhecia o Clube dos 13 como representante das agremiações.
Desde 1987, o C-13 trata dos interesses dos times. Em 2000, vale lembrar,
organizou a Copa João Havelange por determinação da própria Confederação
Brasileira de Futebol
O ato de 1 peso e 2 medidas levou os advogados do C-13 a pediram cópias dos
contratos com as proibições, pois com elas em mãos, qualquer magistrado daria
ganho de causa aos seus clientes.
O art. 87 da Lei Pelé define que o time de futebol é dono dos direitos sobre sua
imagem, marca, nome…
E a CBF não pagou para usá-los.
O tema seria discutido na reunião do C-13 de ontem, contudo, para a surpresa
geral, a CBF recuou.
Mandou outro Fax, agora reconhecendo a liberdade legal dos clubes nesse caso.
A derrota de Kléber Leite, candidato de Ricardo Teixeira à presidência do Clube dos
13, pelo jeito ainda está longe de ser digerida.
Essa nova derrota de Ricardo Teixeira mostrou que não há razão para os clubes,
donos de torcida e jogadores, temerem confrontos quando o presidente da CBF,
que deveria trabalhar para os times ficarem mais fortes, atrapalhar a evolução
deles.
Lembro que a situação da CBF é muito mais que cômoda.
Não gasta em contratações e salários de atletas, usa a imagem e o trabalho deles
para atrair fortunas, nunca cuidou de estádios, administrações de federações e
clubes…
Em suma, a dona do futebol brasileiro é um dos raros lugares onde dinheiro cai do
céu.
Se não é capaz de cumprir a obrigação de ajudar, ao menos poderia não
atrapalhar.
Evitaria “micos” como esse.
Reportagem retirado de:
http://blogdobirner.virgula.uol.com.br/2010/08/11/cbf-sofre-outra-derrota-no-clube-dos-13/,
Texto sugerido por: Luiz Carlos Ribeiro

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As contas erradas da FIFA

Fundada em 1904, a FIFA obteve em 2009 um rendimento de 147 milhões de euros, e aumentou seu patrimônio, atingindo a bela soma de 795 milhões de euros. Boa parte dessa quantia tem origem na gestão do brasileiro Joao Havelange, que a partir de 1974 abriu a federação para as multinacionais.



A Copa do Mundo de 2010 deve trazer benefícios ao conjunto do continente africano. Nosso programa ‘Ganhar na África com a África’ concretiza essa vontade. Durante um ano instalaremos um campo com gramado artificial em cada federação africana1”, prometeu, em 2009, Joseph Blatter, presidente da FIFA (Federação Internacional de Futebol). Essa generosidade parece insignificante no contexto de um país minado pela segregação social herdada do apartheid. No entanto, à afortunada FIFA não faltam trunfos tilintantes, a ponto de a crise econômica e financeira mundial não parecer ter influência sobre a mais rica das federações esportivas.

Fundada em 1904, a FIFA obteve em 2009 um rendimento de 147 milhões de euros, e aumentou seu patrimônio atingindo a bela soma de 795 milhões de euros. “O futuro parece animador”, comemora Julio Grondona, presidente da comissão de finanças da entidade. “A Copa do Mundo de 2014 já goza de grande popularidade. Além dos seis parceiros da Fifa2 atualmente sob contrato, já assinamos os primeiros contratos de patrocínio nacionais e internacionais. Nesses tempos de instabilidade econômica, nossa principal competição revela-se um valor seguro que combina suspense, divertimento e esporte de alto nível, e constitui uma excelente plataforma para as marcas comerciais3.” Desse ponto de vista, a Copa do Mundo de 2010 constitui “um excelente trampolim em direção aos mercados africanos, como a de 1994 foi para o mercado norte-americano, e a de 2002 para o asiático”, comenta o sociólogo francês Patrick Vassort, especialista nas relações entre futebol e política.4

FINANCIAMENTOS DE TODOS OS LADOS


O idílio entre essas marcas e a FIFA já dura 36 anos. As núpcias foram celebradas no dia 11 de junho de 1974, em Frankfurt, durante a Copa do Mundo organizada pela Alemanha Ocidental. Nessa data, o brasileiro João Havelange venceu seu predecessor, o britânico Stanley Rous, na disputa pela presidência da instituição. Havelange tinha, em segundo plano, um articulador tão discreto quanto eficaz – Horst Dassler, presidente da empresa de material esportivo Adidas França – que “se contentou em distribuir uma porção de folhetos aos delegados ainda indecisos ou capazes de conseguir outros votos, para encorajá-los a apoiar Havelange5”. O dia seguinte começou com uma promessa de lua-de-mel, ritmada pela assinatura de contratos cada vez mais polpudos. Eufórica com sua nascente fortuna, a FIFA agregou a seu organograma as direções de desenvolvimento, marketing e comunicação.

Formação de treinadores, novos torneios, estágios de arbitragem: o empreendedor Dassler persuadiu a Coca-Cola a financiar os projetos de campanha de Havelange. Em contrapartida, o grupo norte-americano obteve “o direito de exibir seu logotipo na Copa do Mundo”. E claro: ”Depois que a Coca-Cola assinou, todo mundo quis entrar6”. Foi assim que a federação internacional concluiu “um pacto ‘faustiano’ com as multinacionais”, resume Paul Dietschy, historiador de futebol.7

DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO

Visionário, Dassler pressentiu antes de seus concorrentes o formidável potencial econômico da televisão. Criando a empresa de marketing e gestão de direitos, International Sport and Leisure (ISL), em 1983, o executivo da Adidas tornou-se o associado número um da FIFA, à qual garantiu uma renda confortável. Tudo de acordo com um mecanismo antigo como o comércio: a ISL compra os direitos diretamente da FIFA e os revende a preço de ouro às cadeias de televisão. Um acordo que trouxe ganhos somente para os acionistas da Adidas e para um punhado de figurões da federação. Até à falência fraudulenta da ISL, em dezembro de 2001, alguns de seus altos dirigentes receberam subornos como agradecimento por sua fidelidade à marca das três listras.

O ex-vice-presidente Jean-Marie Weber, amigo de Blatter há 30 anos, e cinco outros dirigentes da empresa foram perseguidos por má conduta. De acordo com o argumento da acusação, elaborado durante o processo no tribunal de Zug (Suíça) em março de 2008, os cartolas haviam desviado 70 milhões de euros, pagos pelas cadeias de televisão Globo (Brasil) e Dentsu (Japão) para a compra dos direitos de difusão das Copas do Mundo de 2002 e 2006.8 Embora Weber, considerado pelos investigadores como o coração de um “sistema de corrupção”, e seus colaboradores tenham recusado revelar os nomes dos destinatários dessas “comissões”, dois dignitários da FIFA foram formalmente identificados. Trata-se do presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, Nicolas Leoz, que teria recebido 211.625 francos suíços (equivalente a 147.518 euros) em janeiro e maio de 2000, e do ex-presidente da Federação de Futebol da Tanzânia, Muhidin Ndolanga, que teria recebido 15.975 francos suíços (11.138 euros) em dezembro de 1999.9


No fundo, os chefes da FIFA são crianças crescidinhas e excessivamente mimadas pela vida: “Os 24 membros [de seu comitê executivo] e seus sete vice-presidentes são provavelmente mais poderosos e muito mais bem remunerados que os de qualquer empresa multinacional do setor concorrencial. Seu presidente, ‘Sepp’ Blatter, cujo pagamento continua sendo um segredo, ganharia perto de US$ 4 milhões por ano10”. Os seis acusados acabaram admitindo, durante a audiência, que na década que precedeu a falência da ISL eles verteram cerca de 96,2 milhões de euros em suborno, via uma conta do banco LGT, em Liechtenstein, pequeno paraíso fiscal encravado no coração da velha Europa. Em sua defesa, a legislação suíça não proibia as comissões na época do ocorrido. Por isso, os ex-dirigentes da ISL e seus “parceiros” da FIFA foram considerados responsáveis, mas... não culpados! Blatter, que sucedeu a Havelange em 1998, aferra-se a seu posto e agora fecha os negócios da entidade com seu sobrinho, Philippe Blatter, presidente da empresa Infront Sports & Media AG, titular dos direitos televisivos da FIFA e domiciliada em Zug – como a falecida ISL e muitas multinacionais. Antes de assumir, em 2006, a direção do grupo fundado pelo falecido Robert-Louis Dreyfus – riquíssimo homem de negócios e proprietário do Olympique de Marselha –, Philippe Blatter trabalhava para a McKinsey, prestigiosa empresa de consultoria estratégica. “De 2000 a 2006, a McKinsey cobrou da FIFA mais de US$ 7 milhões de honorários pelo trabalho de titã prestado por Philippe Blatter, como consultor de luxo, para ajudar a Federação Internacional de Futebol a se organizar11.”

Com ou sem ISL, as vantagens da telinha continuam a recair sobre a sede da federação, em Zurique. Em 2009, Joseph Blatter recebeu das mãos de seu generoso sobrinho 487 milhões de euros a título de direitos de difusão, entre os quais 469 milhões para a Copa do Mundo de 2010, ou seja, 60% do rendimento da FIFA.12

O MUNDO NAS MÃOS

No mundo da FIFA, as piores distorções das leis são explicadas pela forma de designação do presidente, da qual decorre o processo de tomada de decisão da organização. Seja qual for sua população, cada Estado dispõe de um voto. O que leva a uma super-representação dos territórios subpovoados e dos países pobres e favorece a corrupção endêmica na qual a Fifa está imersa há décadas. Com 207 filiados, a federação reúne mais membros que a Organização das Nações Unidas (ONU), o que aguça o apetite de candidatos em busca de apoios fáceis. “A FIFA é mais ou menos o melhor dos mundos, com os pequenos principados europeus e as ilhas minúsculas pesando tanto quanto as grandes federações”, comenta maliciosamente Patrick Mendelewitsch, agente de jogadores e especialista do footbusiness. Mesmo alguns escudeiros acham que Joseph Blatter e seus fiéis levam a coisa um pouco longe demais. “O modo de funcionamento da FIFA não é conveniente”, critica sobriamente Jean-Pierre Karaquillo, diretor do Centro de Direito e Economia do Esporte e próximo das instâncias dirigentes da Federação Francesa de Futebol.

Conselheiro da federação de Trinidad e Tobago, Jack Warner é a própria encarnação do sistema. O temido presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) é o principal auxiliar de Joseph Blatter. E com razão: as ilhas do Caribe são tão numerosas que, apesar de sua população bastante pequena, a Concacaf sozinha conta com três assentos no comitê executivo!

Homem de uma fortuna pessoal avaliada entre 15 e 30 milhões de euros, o apoio de Warner tem preço alto. Em 1999, a FIFA renunciou a uma cobrança de cerca de 9,5 milhões de euros da Concacaf. E quando, em 2002, o presidente da federação de Antígua e Barbuda, Chet Greene, pediu uma mãozinha à matriz para financiar o Centro de Desenvolvimento do Futebol Jack Austin Warner, um cheque de US$ 161.439 veio prontamente de Zurique. Um ano mais tarde, o jornalista Andrew Jennings foi ao local do centro e, em vez de campo de futebol, descobriu “cavalos pastando perto da carcaça de um caminhão de entrega de cerveja13”.

Especialista no “uma mão lava a outra”, Warner apoia sistematicamente seu presidente cada vez que este é atacado. As eleições de Blatter em 1998 e 2002 tiveram irregularidades? Warner demonstra solidariedade incondicional a ele e exige sanções exemplares contra os adversários e contestadores. Vice-presidente da Confederação Africana, Farah Addo arcou com o mau humor dos partidários de Blatter. Em 1998, esse clã ofereceu-lhe 75 mil euros em troca de seu voto. Descontente, Addo denunciou então que 18 oficiais africanos já tinham vendido seu voto. Mas, diante de sua incapacidade de provar as acusações, a comissão disciplinar da FIFA suspendeu-o de suas atividades por dois anos. Quanto às investigações internas sobre as eleições controversas, elas foram todas classificadas improcedentes.

Pouco inclinado a remorsos, Blatter seria candidato a um quarto mandato em 2011. “Não terminei minha missão”, explicou sorrindo em uma coletiva de imprensa na sede da FIFA.14 Resta derrotar seu rival declarado, o presidente da Confederação Asiática de Futebol, Mohammed Bin Hammam, do Qatar. “Agora que percebe sua hora chegando, Bin Hammam volta-se contra seu senhor”, diverte-se Patrick Mendelewitsch. Como Warner, Bin Hammam foi um apoio incondicional de Blatter, o que não o impede de reivindicar súbita e oportunamente uma limitação da presidência da Fifa a dois mandatos. Porque quando passa disso, argumenta ele, o número um da Fifa começa a “ocupar-se de tudo, menos de futebol15”. Para Patrick Mendelewitsch, “o sucessor de Blatter seguirá o código de conduta da grande família do futebol: fará uma faxina pelas beiradas, mas não mudará radicalmente o sistema”.

David Garcia

É jornalista


1 Le Figaro, Paris, 11 de junho de 2009.
2 Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony, Visa.
3 Relatório financeiro da FIFA, Zurique, 2009.
4 Ler Ronan David, Fabien Lebrun e Patrick Vassort, Footafric, coupe du monde, capitalisme et néocolonialisme, L’Echappée, Montreuil, 2010.
5 Andrew Jennings, Carton rouge! Les dessous troublants de la FIFA, Presses de la Cité, Paris, 2006.
6 Op. cit.
7 Ler Paul Dietschy, Histoire du football, Librairie Académique Perrin, Paris, 2010.
8 Le Monde, 13 de março de 2008.
9 Op. cit.
10 Jérôme Jessel e Patrick Mendelevitch, La face cachée du footbusiness, Flammarion, Paris, 2007.
11 Bakchich Hebdo, Paris, 10 de abril de 2010.
12 Relatório financeiro da FIFA 2009.
13 Carton rouge, op.cit.
14 Agência France Presse, 18 de fevereiro de 2010.
15 Op. cit.

Reportagem retirado de: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=696
Texto sugerido por: Celso Luiz Moletta Junior

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Violência nos Estádios

Vandalismo nas imediações do Pacaembu, no dia 3: obra de marginais que deveriam estar na cadeia
Vídeo ilustrativo

O clima nos estádios paulistanos costuma ser de tensão. Muitas vezes sem darem a mínima ao que acontece no gramado, hordas de torcedores organizados trocam xingamentos e ameaças. É uma violência que afugenta das partidas as pessoas que simplesmente gostam de futebol e hoje têm medo - totalmente justificado - de se aproximar do Morumbi, do Pacaembu ou do Parque Antártica em dias de jogo. Quando as quadrilhas uniformizadas se encontram na rua, é grande o risco de uma batalha com consequências imprevisíveis. Foi o caso das arruaças entre vascaínos e corintianos no último dia 3. Por volta das 21h30, um comboio de quinze ônibus com seguidores do Vasco encontrou, na Marginal Tietê, um ônibus e ao menos quatro carros com cerca de sessenta membros do Movimento Rua São Jorge, dissidência da corintiana Gaviões da Fiel. A escolta policial que acompanhava o grupo carioca, com vinte motos e duas viaturas, não foi suficiente para conter os ânimos. Durante quinze minutos, os dois bandos se digladiaram, armados de paus, pedras e barras de ferro, além de ao menos uma espingarda calibre 12 e uma pistola automática. O corintiano Clayton de Souza, de 27 anos, foi espancado até a morte.

"Há fortes indícios de que a São Jorge tentou armar uma emboscada", afirma a delegada Margarette Barreto, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). De acordo com a Polícia Militar, 450 pessoas se envolveram no tumulto. O Ministério Público Estadual fala em 700. "Não armamos a briga", defende-se o empreiteiro Douglas Deungaro, conhecido como Metaleiro, ex-presidente da Gaviões e o principal líder da São Jorge. "Se quiséssemos fazer algo do tipo, teríamos reunido mais torcedores, em vez de mandar só um pequeno grupo para apanhar." Em represália à morte de Souza, dois rapazes incendiaram com um coquetel molotov um ônibus vazio da torcida vascaína que estava estacionado no entorno do Estádio do Pacaembu. A polícia deteve 27 corintianos. Desses, dezenove foram indiciados. Todos acabaram liberados e estão livres para aterrorizar as próximas partidas do Timão. "A falta de punição encoraja esses indivíduos", afirma o promotor Paulo Castilho, idealizador de um projeto de lei que tem como objetivo criminalizar atos de violência dos torcedores.

Investigações do Decradi mostram que os líderes das torcidas usam olheiros para monitorar onde estão os veículos rivais e então planejar ataques. "O criminoso se sente protegido em meio ao seu bando, pela sensação de anonimato", explica o coronel da reserva Marcos Marinho de Moura, que desde 2006 tenta organizar um cadastro com os nomes e fotos de todos os membros das torcidas organizadas para a Federação Paulista de Futebol. Não tratar os marginais como tais é o principal estopim das brigas. Restringir o consumo de álcool nas redondezas dos estádios e criar uma polícia específica para agir em eventos esportivos, além de manter preso e banido dos estádios quem se mete em confusão, são algumas das soluções apontadas por especialistas ouvidos por VEJA SÃO PAULO (confira no quadro).

Nem sempre as torcidas foram sinônimo de baderna. De acordo com a pesquisadora Tarcyanie Cajueiro, autora de uma dissertação de mestrado sobre o assunto, as primeiras torcidas organizadas do estado, com sedes fixas e grande número de integrantes, foram a Gaviões da Fiel e a Torcida Jovem do Santos, ambas fundadas em 1969. Em 1971, surgiu a Camisa 12, também do Corinthians. No ano seguinte vieram a Torcida Tricolor Independente, do São Paulo, e a Leões da Fabulosa, da Portuguesa. "Muitos iam ao estádio torcer, mas os líderes, só para brigar mesmo", conta o coronel da reserva Silvio Villar Dias, autor do estudo "Atos violentos derivados de praças desportivas". Um dos confrontos mais marcantes ocorreu em um jogo entre Santos e Portuguesa, no Canindé, em 1978. "O estádio estava em reforma e os torcedores pegaram paus e pedras para se enfrentar", lembra o jornalista esportivo Paulo Vinicius Coelho, o PVC. Atualmente, existem treze organizadas de expressão dos quatro principais times da capital (Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e São Paulo), que reúnem mais de 200 000 membros.

Nos anos 80, a violência aumentou, em grande parte devido à inspiração nos hooligans ingleses. Foi a época em que as torcidas começaram a armar confusão a caminho dos estádios. O primeiro confronto com morte data de outubro de 1988. Cleo Sóstenes, então presidente da palmeirense Mancha Verde, foi assassinado a tiros próximo à sede de sua torcida. Quatro anos depois, uma bomba de fabricação caseira matou o corintiano Rodrigo de Gásperi, de 13 anos, no Estádio Nicolau Alayon, do Nacional Atlético Clube, durante uma partida entre São Paulo e Corinthians. Em agosto de 1995, outro adolescente, o são-paulino Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos, foi morto a pauladas em um confronto entre as torcidas do Palmeiras e do São Paulo na final da Supercopa de Juniores. Após esse incidente, o Ministério Público Estadual pediu a extinção da Mancha Verde e da Independente. "Tentamos inúmeras vezes fechar as organizadas, mas elas sempre deram um jeito de voltar à ativa", afirma o deputado estadual Fernando Capez, procurador de Justiça licenciado. Em 1997, ex-integrantes da Mancha Verde formaram a Mancha Alviverde. A Independente, na prática, só mudou sua estrutura.

Hoje, dissidências das organizadas protagonizam a maior parte dos confrontos. O tal Movimento Rua São Jorge, que se envolveu na encrenca com os vascaínos, é um exemplo. Fundado em 2007, o bando surgiu depois de discussões internas na Gaviões da Fiel. De acordo com a Decradi, reúne 800 integrantes. Mas, segundo os líderes do agrupamento, esse número é superior a 2 000. "Nós nos separamos porque achamos que a torcida deve ter foco no time e no clube, sem desviar a atenção para outros assuntos, como o Carnaval", diz o presidente Metaleiro. Membros do grupo costumam travar discussões nas arquibancadas até com outros corintianos. "Os mais jovens têm o hábito de brigar para mostrar força e se afirmar. Já fui assim."

Dissidências dão dor de cabeça em outras grandes torcidas paulistanas. "Sempre expulsamos maus elementos", diz o diretor da são-paulina Independente, Valter Luiz Costa, o Magrão. "No ano passado, alguns excluídos tentaram montar um grupo violento, mas o desmantelamos." No Palmeiras, a rixa é entre duas organizadas, a Mancha Alviverde e a TUP, que costumam se enfrentar na Rua Turiaçu antes e depois dos jogos. "As brigas eram encabeçadas por uma galera do ABC que foi excluída da Mancha", afirma o presidente da torcida, André Guerra. Apesar do discurso, o Ministério Público Estadual não considera esses líderes tão inocentes assim. "Sempre que surge algum problema, eles culpam os outros para que sua organização saia ilesa", acredita o promotor Castilho. "Mas muitas vezes propagam a violência com falas ofensivas." Um dos cantos da Independente, por exemplo, prega o seguinte: "Bonde do mal, eu sou da Independente, o terror da capital/ Levanta a galera, faz tremer a arquibancada e dá porrada na galinhada." É ingenuidade achar que gritos assim não incentivam os confrontos. Ou imaginar que esses bandidos fantasiados de torcedores são apenas fanáticos que de vez em quando se excedem. Eles são criminosos e o lugar deles é na cadeia.

Inglaterra vira modelo no combate á violência

Tragédia na Bélgica provocada por hooligans ingleses há 24 anos fez o país criar leis específicas para o futebol

A origem de leis específicas de combate à violência em eventos esportivos está ligada ao episódio conhecido como "tragédia de Heysel". No dia 29 de maio de 1985, um tumulto causado por hooligans, como são chamados os torcedores ingleses que vão aos estádios para provocar, entrar em confronto com os adversários e praticar vandalismo, causou 39 mortes no Heysel Park, na Bélgica, pouco antes do início da partida final da Copa dos Campeões da Europa, entre Liverpool, da Inglaterra, e Juventus, da Itália.

Como punição, a própria federação inglesa baniu seus clubes das competições europeias por cinco anos. A partir daquela data, seis leis foram implantadas para tentar conter os hooligans. A mais recente, de 2000, prevê, além de prisão, banimento dos estádios por até dez anos, inclusive fora do Reino Unido, para quem se envolver em alguma confusão. Só no ano passado foram emitidas 1 072 ordens de expulsão. Atualmente, 3 172 estão em vigor. Em caso de reincidência, há previsão de afastamento perpétuo dos campos. Torcedores ingleses podem ser punidos até por um xingamento ou tatuagem considerada ofensiva.

Vigilância por câmeras é obrigatória nos estádios. "A polícia inglesa prefere banir a prender por pouco tempo", explica Marco Aurélio Klein, presidente da comissão de ingressos da Federação Paulista de Futebol. "O fato de ter sido preso vira um troféu entre esses fanáticos. Longe dos estádios, eles perdem força." Klein coordenou em 2005 a Comissão Paz no Esporte, criada pelo governo federal para estudar ações de combate à violência no futebol. Na Espanha também há um modelo eficaz de controle. Multas de até 650 000 euros por infrações consideradas muito graves inibem o vandalismo. Uma invasão de campo, ocorrência rotineira nos campos de futebol paulistas, custa 60 000 euros. Além disso, o país tem penas de prisão de até quatro anos por delitos cometidos em praças esportivas.

Fonte: http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2117/violencia-nos-estadios
Texto sugerido por André Mendes Capraro

COMO ENFRENTAR A SELVAGERIA - 6 PROPOSTAS

Prender - e manter presos - os vândalos
A grande maioria dos torcedores envolvidos em brigas, mesmo quando vai parar nas delegacias, não fica presa. Deve ir a votação no Senado nos próximos dias o relatório final do projeto de revisão do Estatuto do Torcedor. O documento prevê prisão e banimento dos estádios dos responsáveis por tumultos e venda ilegal de ingressos. "Temos de acelerar a criação de mecanismos de punição", diz o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), relator do projeto.

Monitorar efetivamente os estádios
Os três principais estádios da capital (Morumbi, Pacaembu e Parque Antártica) têm, juntos, 196 câmeras de vigilância. "Mas não há pessoal treinado para interpretar as imagens e assim identificar os arruaceiros", conta Marco Aurélio Klein, presidente da comissão de ingressos da Federação Paulista de Futebol. Na Inglaterra, agentes da Scotland Yard, a polícia londrina, fazem esse serviço.


Criar uma polícia exclusiva para o futebol
Garantir a segurança dentro e no entorno dos estádios em dias de jogo é apenas mais uma entre as muitas funções da Polícia Militar. Com efetivo exclusivo para eventos esportivos, seria possível melhorar a preparação desses profissionais. O 23º Batalhão, por exemplo, responsável pelos arredores do Pacaembu e do Parque Antártica, tem 1 000 policiais. "Em dia de jogos importantes, precisamos deslocar 450 PMs para os estádios", afirma o major Walmir Martini, subcomandante da área.

Fazer jogos com torcida única
Nas partidas entre os quatro principais clubes do estado (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), a torcida da equipe visitante já recebe, no máximo, 10% do total de ingressos. Mas há uma proposta mais radical: a torcida única. "O ideal seria não ter nenhum torcedor do time visitante em clássicos", diz o promotor Paulo Castilho. "Assim, não haveria confusão."

Identificar os torcedores
O cadastramento dos membros das organizadas na Federação Paulista de Futebol ainda não funcionou como esperado. Desde 2006, foram identificadas 29 900 pessoas. Calcula-se que seria preciso cadastrar pelo menos 200 000. O Ministério Público defende que todo espectador tenha de fazer um cadastro para comprar ingresso. Além de garantir a identificação, acabaria com a evasão de renda.

Proibir a venda de bebidas alcoólicas
Dentro dos estádios de São Paulo não é permitido o consumo de álcool. O Ministério Público propõe ampliar a restrição às redondezas das praças esportivas. Outro desafio é tornar mais rigorosa a revista, para evitar a entrada de drogas.

Fontes: Fernando Capez, procurador de Justiça licenciado e deputado estadual; Paulo Castilho, promotor do Ministério Público Estadual; delegada Margarette Barreto, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância; Sérgio Zambiasi, senador; Federação Paulista de Futebol; Polícia Militar do Estado de São Paulo

Reportagem retirado de:http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2117/violencia-nos-estadios
Texto sugerido por André Mendes Capraro

Violência nos Estádios - CRONOLOGIA DA VIOLÊNCIA

Ódio, vandalismo e boçalidade

20/8/1995
A decisão da Supercopa de Juniores, no Pacaembu, transformou-se em uma batalha campal. Em comemoração à vitória por 1 a 0, palmeirenses invadiram a área reservada aos são-paulinos. O confronto, com hordas armadas de paus e pedras retirados de entulhos do estádio, terminou com 102 feridos e o assassinato do são-paulino Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos.

15/7/2005
Na noite em que se sagrou tricampeão da Taça Libertadores da América, o São Paulo teve sua conquista manchada. Em vez de comemorarem, torcedores foram à Avenida Paulista depredar estações de metrô, lojas e bancas de revista. A tropa de choque da Polícia Militar só conteve os vândalos às 3 da manhã.

13/10/2005
Durante um jogo contra o Corinthians na Vila Belmiro, os torcedores do Santos ficaram enfurecidos com a atuação do árbitro Cleber Wellington Abade. A partida seguia empatada até que, aos 39 minutos do segundo tempo, o juiz marcou um pênalti a favor dos corintianos. Após o gol, o jogador santista Giovanni chutou a bola para a arquibancada e os torcedores invadiram o gramado. Abade encerrou a partida, e a confusão tomou conta das ruas em volta.

4/5/2006
Ao verem o River Plate fazer 3 a 1 sobre o Corinthians no Pacaembu, torcedores alvinegros tentaram derrubar o alambrado que separa a torcida do campo e invadir o gramado. O árbitro chileno Carlos Chandía encerrou o jogo aos 40 minutos do segundo tempo por falta de segurança e o Timão foi eliminado da Libertadores daquele ano.

29/4/2008
Irritados com as filas e a insuficiência de ingressos para a partida final do Campeonato Paulista, entre Palmeiras e Ponte Preta, torcedores alviverdes entraram em confronto com a PM.

fonte: http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2117/violencia-nos-estadios
Texto sugerido por André Mendes Capraro

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Futebol, debate e a audiência da TV

E, obviamente, a audiência na televisão para o jogo São Paulo x Internacional foi quase sete vezes maior do que a da transmissão do primeiro debate entre os presidenciáveis. A goleada do futebol sobre o debate entre os candidatos à presidência do país era mais do que prevista. Não porque o povo do Brasil seja alienado, ou então porque somos o país do futebol, mas simplesmente porque o debate foi realizado na Band, emissora que detém geralmente a quarta ou quinta maior audiência na TV aberta, enquanto que o jogo foi exibido na emissora de maior audiência, a Globo.

Isso, por si só, explica a goleada futebolística. Mas, também, mostra que o público na TV é bastante fiel à programação da emissora de sua preferência, muito mais do que do conteúdo que é veiculado em todas as mídias. A Band continuou com o quarto lugar entre todas as emissoras do país. Mais ou menos a mesma posição que ocupa no dia-a-dia, quando exibe sua programação normal. Apenas às segundas-feiras de noite, com o CQC, a emissora tem tido melhor performance na medição do Ibope.

No passado, a Band chegou a ter 20 pontos no Ibope. Era quando transmitia, aos domingos, a "Faixa Nobre do Esporte". Recentemente, bateu nas tardes de quarta-feira, os 15 pontos. Foi na exibição exclusiva de jogos da Liga dos Campeões da Europa...
Política não levanta tanto a bola da audiência. Mas, sem dúvida, é só a bola rolar que o Ibope aumenta.

Por: Erich Beting
fonte: http://negociosdoesporte.blog.uol.com.br/arch2010-08-01_2010-08-07.html#2010_08-06_15_24_25-136381883-0
Texto sugerido por: Edson Hirata

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Estatuto do Torcedor neles! - Juca Kfouri

Torcedor que comprou ingresso vip e não teve seu lugar reservado será indenizado por danos morais

O juiz da 1ª vara do juizado especial Cível da capital de São Paulo, Renato de Abreu Perine, condenou a Federação Paulista de Futebol a indenizar o consumidor Alberto Rollo, em virtude de problemas no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de 2010, entre Santos e Santo André.
Alberto Rollo adquiriu seis ingressos para o setor vip e ele e seus convidados não puderam sentar nos lugares marcados nos ingressos, que já estavam ocupados, e tiveram que permanecer nas escadas durante todo o jogo.
Considerou o juiz que o consumidor esperava conforto que não teve e que acabou assistindo ao jogo em lugar compatível com as arquibancadas.
Determinou que a Federação devolvesse R$ 700,00 ao consumidor, correspondentes à diferença entre o preço dos ingressos para o setor vip e para arquibancada, bem como a indenizar os danos morais do consumidor, estimados em R$ 1.400,00.
A sentença levou em conta as obrigações da Federação Paulista de Futebol decorrentes do Estatuto do Torcedor.

FONTE: http://blogdojuca.uol.com.br/2010/08/estatuto-do-torcedor-neles/
Texto sugerido por José Carlos Mosko

Filmes sobre futebol

Segue relação de alguns filmes que tratam do tema futebol (apesar de que alguns deles são sobre futebol americano e outros abordam de forma marginal).
Interessado?
clique aqui
Ao clicar no filme desejado, aparece uma ficha e uma sinopse do filme.
Bom divertimento.

domingo, 8 de agosto de 2010

A verdade após 2014

África do Sul não teve legado e Brasil também não terá, diz jornalista britânico em artigo.
Simon Kuper: Brasil vai descobrir a verdade após 2014 (crédito: Vincent Lignier)

Simon Kuper*(postado em 03/08/2010 11:36 h e atualizado em 03/08/2010 12:48 h)

Aconteceu há cerca de um mês na África do Sul e forneceu um presságio de como terminarão a Copa de 2014 e a Olimpíada 2016, no Brasil. Num sábado gelado em Johannesburgo, dezenas de autoridades brasileiras estavam em um centro de convenções chique, para ouvir representantes sul-africanos explicar como é, realmente, sediar uma Copa - nas palavras de um dos sul-africanos, para ouvir sobre "alguns dos cortes e contusões que sofremos".

Os brasileiros ouviram coisas pouco animadoras. Talvez a mais desanimadora tenha vindo de uma senhora (cujo nome não citarei), alta funcionária de Gauteng, a Província onde fica Johannesburgo. Ela contou que, no início de 2009, analisou o impulso econômico projetado que a África do Sul vinha dizendo a seus cidadãos que a Copa traria ao país. Ela olhou e não encontrou quase nada.

A África do Sul vinha dizendo (como está dizendo o Brasil agora) que o Mundial aumentaria o turismo, geraria empregos, levaria à construção de infraestrutura útil e assim por diante. O que ela percebeu em 2009 foi que: "[A Copa] não nos traria os benefícios que tínhamos dito ao país que nos traria". É verdade que o torneio melhoraria um pouco o transporte público de Johannesburgo, mas "não tanto quanto pensávamos".

E assim, mais de um ano antes do pontapé inicial, Gauteng deixou de lado as esperanças de um reforço econômico. Em vez disso, passou a enxergar a Copa do Mundo como exercício de "branding" -"praticamente um comercial de 30 dias de duração de Gauteng". E isso foi tudo o que ela mostrou ser, disse a senhora aos brasileiros.

Perguntei a ela por que todo o tão divulgado reforço econômico não chegara a acontecer. Novamente ela foi franca. "Se você analisar as pesquisas sobre megaeventos, todas as conclusões são que os retornos econômicos são altamente inflados por pessoas que esperam lucrar com os eventos." É por isso que consultorias contratadas pelo governo brasileiro para "estimar" (ou adivinhar) o reforço econômico que o Brasil terá com sua Copa e sua Olimpíada escrevem relatórios tão otimistas.

A história contada por essa senhora é a história de quase todas as Copas, das Olimpíadas e dos estádios construídos pelos contribuintes: o estímulo econômico prometido nunca chega a se concretizar, como Stefan Szymanski e eu mostramos em nosso livro "Soccernomics". O Brasil vai descobrir a mesma verdade depois de 2014.

*Simon Kuper é colunista do jornal britânico "Financial Times" e coautor do livro "Soccernomics". Tradução de Clara Allain. Publicado originalmente no caderno "Esporte" da "Folha de S.Paulo" em 3/8/2010 (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0308201024.htm)

sábado, 7 de agosto de 2010

Cerca de dois terços dos franceses ignoram o futebol

Cerca de dois terços dos franceses ignoram o futebol
LEMONDE.FR avec AFP | 07.08.10 | 16h50 
Reuters/© Benoit Tessier / Reuters 


Agora  que  o  campeonato  da  Liga  1  recomeça,  cerca  de  dois  terços  de  franceses (65%)  declaram  não  se  interessar  pelo  futebol,  segundo  uma  sondagem  IFOP (Instituto  Francês  de  Opinião  Pública)  realizada  pelo  jornal  Sud  Ouest  Dimanche. 


Algumas semanas após o fiasco da equipe da França no Mundial de 2010, na África do  Sul,  a  percentagem  de  pessoas  que  declararam  algum  interesse  pelo  futebol registrava uma alta de 5 pontos (37% contre 32%) em relação à uma anterior consulta, em abril. 


«Constatamos assim que o interesse pelo futebol se distingue do interese manifesto ao  selecionado  da  França».  afirmam  os  autores  da  sondagem,  estimando  que  « o espetáculo  e  o  belo  jogo  oferecido  pelas  equipes»,  no  Mundial «provavelmente permitiram reconcilar uma parte dos franceses com o futebol».

Confirmando o já sabido, o parâmetro homens-mulheres permanece claro : 50% dos homens dizem se interessar pelo futebol, contra apenas 27% das mulheres. Os jovens entre  18  a  24  anos  e  os  simpatizantes  de  direita  são  os  mais  apaixonados,  assim como os habitantes do sudoeste e do centro-norte da França.

De acordo com outra pesquisa IFOP, realizada pelo jornal Dimanche Ouest France, o Olympique de Marseille permance de longe a equipe preferida dos franceses, obtendo em 2009 a simpatia de 20% das pessoas pesquisadas, à frente do Lyon (12%) e do Girondins de Bordeaux (11%). O Paris Saint German, em quarta posição, registrou um recuo de 5% da preferência. De acordo com pesquisa, o entusiasmo pelo Olympique de Marseille é particularmnente forte entre as pessoas com menos de 35 anos (25%), em contrapartida, o número de pessoas interrogadas que não possuem um clube de preferência estão acime de 30%, signifcando um aprogressão dem 7% em um ano. 

Fonte :  http://www.lemonde.fr/sport/article/2010/08/07/pres-de-deux-tiers-des-francais-se-moquent-du-
football_1396860_3242.html#xtor=EPR-32280274-%5BNL_Sport%5D-20100807-%5Btitres_principaux%5D