sexta-feira, 29 de julho de 2011

Chelsea denuncia ofensas racistas contra Benayoun


O Chelsea fez uma queixa formal à FA da Malásia depois de Yossi Benayoun sofrer abusos racistas ofensivos.
Benayoun foi vaiado e insultado durante o amistoso da última quinta-feira contra a Malásia, em Kuala Lumpur.
Chelsea emitiu um comunicado confirmando a denúncia e disse:
- Não obstante a maioria dos fãs se comportar adequadamente na noite, acreditamos que Yossi foi submetido a abuso anti-semitas por parte de um número de torcedores no jogo.
- Tal comportamento é ofensivo, totalmente inaceitável e não tem lugar no futebol.

Fonte: http://www.chelseanoticiasbr.com/2011/07/chelsea-denuncia-ofensas-racistas.html

Texto sugerido por André Mendes Capraro

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Virada de mesa no futebol argentino tem aval do governo

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES
Com o aval do governo de Cristina Kirchner, a AFA (Associação de Futebol Argentino) acertou uma polêmica virada de mesa no campeonato de futebol nacional com a unificação das séries A e B a partir do próximo ano.


Martín Quintana-17.fev.2011/Efe
Cristina Kirchner (centro) gesticula ao lado de Julio Grondona (dir.) durante a inauguração do estádio Ciudad de La Plata em fevereiro
Cristina Kirchner gesticula ao lado de Grondona (dir.) na inauguração do estádio Ciudad de La Plata em fevereiro
A reestruturação, chamada pela Casa Rosada e pelos cartolas de "federalização do futebol", tem o objetivo de reunir 38 equipes num torneio único, que começaria em agosto do ano que vem.
A decisão praticamente garante a volta à elite do recém-rebaixado River Plate. O clube, contudo, terá que disputar neste segundo semestre (Campeonato Abertura), e no primeiro semestre de 2012 (Clausura), a Série B.
"Se o River não cai, isso não teria sido decidido. Sem televisão, não há futebol. A televisão paga e tem voz", declarou com espantosa sinceridade o porta-voz da AFA, Ernesto Cherquis Bialo, em uma entrevista coletiva.
A decisão de criar um novo campeonato, apresentada na noite de anteontem e chancelada pelo governo, amplia ainda mais o programa "Futebol para Todos", que estatizou o futebol da primeira divisão e selou a aliança entre Julio Grondona, presidente da AFA, e os Kirchner.
Desde 2009, o Estado tem os direitos de transmissão da Série A. As partidas são exibidas pela TV pública, em meio a propagandas do governo.
Na reunião do Conselho Executivo da AFA, a virada de mesa foi aprovada por 22 votos, contra quatro abstenções e uma ausência. Não houve voz contrária.
A decisão será referendada no dia 18 de outubro, em uma votação da assembleia dos clubes argentinos.
Todos os 38 times que disputarem o novo campeonato sairão ganhando. Isso porque o faturamento dos clubes, abastecido com dinheiro público, deverá dobrar, representando um incremento total de R$ 500 milhões.
A medida afeta diretamente o Grupo Clarín, o maior conglomerado de mídia do país e inimigo da Casa Rosada. O grupo é dono da Trisa, empresa que detém os direitos de transmissão da Série B. O contrato será suspenso.
O novo campeonato começa em agosto de 2012, com os atuais 20 times da primeira divisão, os 16 da segunda e os campeões de duas competições metropolitanas.
Os 38 times serão divididos em dois grupos. Após a primeira fase, 19 sobrevivem para disputar título e vagas nos torneios sul-americanos.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/esporte/950247-virada-de-mesa-no-futebol-argentino-tem-aval-do-governo.shtml

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dilma Rousseff usa Pelé para se afastar de Ricardo Teixeira na organização de 2014

Bruno Freitas, Ricardo Perrone e Thales Calipo
No Rio de Janeiro


Às vésperas de sua primeira aparição num evento oficial relativo à Copa do Mundo de 2014, a presidente Dilma Rousseff impôs uma derrota política a Ricardo Teixeira ao nomear Pelé embaixador do Mundial no Brasil.

PELÉ OFUSCA TEIXEIRA EM PROPAGANDA

  • Felipe Dana/AP Pelé será a estrela de uma propaganda do Governo Federal sobre a Copa do Mundo de 2014
Desde a era Lula, o governo federal queria o ex-jogador na presidência do COL (Comitê Organizador Local). Mas o dirigente não abriu mão do cargo. E driblou o desejo governamental anunciando que o ex-atleta faria parte do comitê. Mas Pelé foi deixado de lado.
Agora, o ex-craque ganhou o cargo por decreto assinado pela presidente, o que dá força à sua nomeação. Ele irá representar o governo em ações ligadas ao Mundial. O poder de Teixeira em nada mudará. Mas Dilma deixa claro que preferia Pelé no lugar do dirigente.
Segundo um integrante  do Governo Federal, que pediu para não ser identificado, a presidente avalia que o Brasil está ajudando a promover a Copa do Mundo, beneficiando a Fifa. Com Pelé na linha de frente, ela espera fazer o contrário. Quer usar o Mundial para promover o país.
Além disso, Dilma aproveita para associar o evento no Brasil a um personagem identificado com o país. E com uma imagem simpática aqui e no exterior. O mesmo não se pode dizer sobre Teixeira.

O desgaste sofrido pelo cartola  com seguidas denúncias, acompanhadas pela desastrosa entrevista para a revista Piauí, incomodaram a presidente. E ela demonstrou isso publicamente se aproximando de Pelé, com quem o dirigente tem um histórico de rusgas.
Assim, Dilma se distancia mais do cartola, que já teve pelo menos dois pedidos de audiência negados. Ela irá prestigiar a festa de Teixeira no sábado, mas depois de mandar seu recado.

fonte:http://esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2011/07/27/dilma-rousseff-usa-pele-para-se-afastar-de-ricardo-teixeira-na-organizacao-de-2014.htm

Texto sugerido por Edson Hirata

terça-feira, 19 de julho de 2011

Perder o foco

As palavras são para ser ditas e não silenciadas. A renovação tão buscada pela
Seleção Brasileira não consegue repercutir em conquistas após a perda da Copa com
Dunga. A safra de talentos espalhada pelos gramados brasileiros não consegue repetir
com a camisa verde e amarela o sucesso de outrora.
Sucesso este visto nos toques mágicos de Garrincha e Pelé, de Tostão e Gerson
e cia. A sensação de glória e conquistas, não mexe mais com a paixão do torcedor, que
revive trágicos excessos de estrelismo.
Quando o capitão Lúcio foi ao microfone e desabafou, deixou claro, que a perda
de foco estava enraizada na seleção brasileira e a magia das pernas tortas e o trejeito do
menino de Três Corações tinham perdido a essência de vestir a amarelinha.
Ao ver aquela correria parecia que faltava algo. Via time desesperado, lutando
para vencer um adversário cada vez mais forte e que se colocava bem postada na defesa.
A imprecisão dos passes, a falha nas alas, uma incompreensão no meio de
campo, que quando a bola chegava a frente, encontrava supostamente uma barreira
paraguaia.
Mas por que o Brasil não jogou com o amor pela camisa, vista na disposição
tática da seleção de 1982 e 1986? Por que não correu ao som de Marta, Cristiane e
outras notáveis, que não tem o mesmo incentivo do futebol masculino?
Por que não se buscou força igual a dos gladiadores romanos ou nos 300 de
Esparta? Vencer o adversário a todo custo. Nada funcionava. Veio a prorrogação ( 120
minutos) e não marcamos o gol. Mano Menezes mexeu e não obteve sucesso. Aí veio
os pênaltis, quando não poderíamos errar - falhamos e perdemos. Perdemos o foco e a
chama, que nos deixava próximos de sermos campeões.
Mano Menezes, por outro lado, deve estar se indagando: mais se eu tivesse
levado aquele, ou o outro, ou dois daquele time, ou dois daquele outro? Estas e outras
questões são debates para a crônica esportiva e para se pensar pela comissão técnica
antes da próxima convocação.
Mas o que fica para a nova geração de jogadores Neymar, Ganso, Thiago Silva,
Pato e Lucas? O esquecimento nas próximas convocações e o surgimento de novos
talentos? Uma seleção com jogadores experientes seria a solução?
O que realmente acontecerá com este grupo de jogadores após esta trágica
exibição nos gramados Argentinos?
A resposta nas próximas convocações de Mano Menezes.

por FábioEhlke Rodrigues

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Classes sociais
Estádios não se adaptaram à realidade e ao nível de exigência das faixas A e B; bilhete é injustificável
Desde os tempos em que comecei a estudar marketing e gestão do esporte durante a faculdade (e lá se vão cerca de oito anos), começou um movimento de aproximação do futebol com as classes sociais de maior poder aquisitivo, que os clubes deveriam ter um padrão de gestão de seus negócios mais segmentado, com espaços na arena de jogos para atender as classes A e B, com acessos exclusivos e por aí vai.

Com tais medidas, uma série de consequências apareciam no rol de benefícios: as famílias voltariam aos estádios, pois acreditava-se que iria diminuir a violência; o faturamento dos clubes aumentaria, por trazer pessoas para próximo de si com mais e melhores recursos; as classes C, D e E passariam a acompanhar o futebol apenas pela televisão, aumentando a venda de pacotes Pay Per View – as pessoas iriam se juntar em grupos e assistir na casa de colegas aos jogos por não ter dinheiro para ir aos jogos – dentre outros desdobramentos aparentemente plausíveis.

O que se percebe hoje é que os estádios não se adaptaram à realidade e ao nível de exigência das classes A e B e, por outro lado, os preços dos ingressos simplesmente aumentaram a um patamar que só seria compatível se houvesse melhor prestação de serviços em dias de jogos.

Passado esse tempo, inúmeras transformações ocorreram. E agora estamos vivenciando a ascensão de classes, fruto do desenvolvimento econômico do país nesse período. Leio reportagens, estudos e análises, dia após dia, procurando entender quem é essa "nova classe C", como ela consome, quais são seus hábitos e como a indústria pode se adaptar a ela.

A mais recente que vi foi sobre as adaptações que a TV está promovendo para melhor interagir com essas pessoas, sem se tornar completamente popular (para não se afastar das classes com maior poder aquisitivo).

Enquanto isso, no futebol, identifico apenas iniciativas pontuais para se aproximar desse nicho de mercado, após uma aparente tentativa de se afastar deles. Os produtos licenciados, por exemplo, começam a ganhar corpo no leque de opções de faturamento dos clubes, mas carecem ainda de estratégias de segmentação por classes já que tendem a serem ofertados com preços incompatíveis para aqueles com orçamentos mais limitados.

Quando olhamos para os estádios e suas respectivas taxas de ocupação, percebemos o quanto que o futebol não conseguiu se aproximar efetivamente das pessoas com mais recursos e como se afastou daquelas com menor poder aquisitivo.

Essa incongruência é fruto da falta de gestão do conhecimento organizacional e de mercado.

O futebol no Brasil acaba ficando sempre para trás em relação àquilo que o ambiente externo emite de informação. O processamento desses dados acaba por ser lento, sendo que “o remédio só é aplicado quando o vírus já foi embora”.

Assim, resta saber: o que o futebol está preparando para efetivamente atender os interesses das novas classe C e D, se aproximando, inclusive, de investidores e do ambiente corporativo, completamente antenado a esses movimentos?

É crucial pensarmos em soluções antecipadas nesse e em outros sentidos, sob pena de a cada dia perder espaço para outros concorrentes da indústria do entretenimento

Fonte: http://www.universidadedofutebol.com.br/Jornal/Colunas/3,11453,CLASSES+SOCIAIS.aspx

Texto sugerido por Edson Hirata

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Jornal da Record

As denúncias de corrupção na Fifa atingiram em cheio o presidente da CBF. O jornalismo da Record teve acesso às datas e aos valores dos pagamentos de propina à empresa que é sócia de Ricardo Teixeira e mostra que o suborno aconteceu no mesmo período em que o patrimônio do cartola se multiplicou. Veja na primeira reportagem da série "Cartolas: Jogo Sujo" as denúncias que envolvem o homem que vai organizar a Copa de 2014.

Clique aqui

Fonte: http://noticias.r7.com/jornal-da-record/videos/edicao/?idmedia=4df6a546b51a686a13b9157f

Vídeo sobre o Caso Bosmann

Vídeo interessante produzido pela ESPN sobre o Caso Bosman, mola propulsora do fim da lei do passe.


Clique aqui e veja.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Gustavo Delbin, advogado especialista em direito desportivo

Diretor do IBDD analisa alteração na Lei Pelé e reflete sobre Fair Play Financeiro e momento do país
Equipe Universidade do Futebol 

Recentemente, as mudanças na Lei Pelé, por intermédio da Lei 12.395/11, renderam um debate no meio acadêmico-esportivo. Tal processo ligado a diversos dispositivos que estavam mantidos ao longo destes 13 anos era necessário e a legislação moderna deve passar a viabilizar o desenvolvimento dos esportes, principalmente do futebol, no país. É o que pensa Gustavo Delbin.

Advogado da Aidar SBZ Advogados, especialista em Direito Desportivo, ex-coordenador regional da ESA/SP (Escola Superior de Advocacia) e atual diretor do IBDD (Instituto Brasileiro de Direito Desportivo), ele entende que a atualização resultará em mais proteção aos clubes formadores. Além disso, haverá a criação do mecanismo de solidariedade nacional para prever pagamento de valores a essas agremiações em todas as transferências, como já existia para os negócios internacionais nas normas da Fifa.

Outro ponto de destaque positivo na ótica do coordenador e professor do curso de pós-graduação em Direito Desportivo na parceria IBDD/Unilearn é o aperfeiçoamento da parte trabalhista da lei, em seu artigo 28 e seguintes, com a instituição das cláusulas indenizatórias e compensatórias desportivas, a regularização dos direitos dos atletas e a previsão de situações específicas dos contratos especiais entre clubes e atletas.
“Não acredito que existam pontos negativos a serem destacados, mas um ponto que necessita de atenção especial no decreto regulamentador que será publicado em breve é a questão envolvendo as relações entre empresários, agentes e procuradores com atletas, sua interferência nos contratos com os clubes e na gestão da carreira de forma geral”, sinalizou o advogado.

Em se considerando que o futebol caminha ao passo da globalização, acorrentar o livre mercado com normas restritivas e proibitivas talvez seja uma forma de criar obstáculos à própria evolução do desporto. Delbin entende que não se devem medir esforços para evitar que talentos se transfiram muito cedo para países estrangeiros, entretanto, a realidade é muito difícil e por vezes foge de um possível controle.
“Um fator relevante e determinante é que não se pode evitar que um trabalhador (atleta) queira se transferir para outro empregador (clube) sendo mais bem remunerado. Trata-se de liberdade de trabalho”, indicou. “Não há como proibir que o atleta deixe o país buscando melhores condições de trabalho e remuneração. O importante é criar mecanismos para que o Brasil assuma definitivamente sua qualidade de excelente formador de mão de obra qualificada no futebol”.

As ideias para criar esse “ciclo virtuoso”, em que todos os envolvidos possam ganhar de forma equânime e justa, bem como reflexões de Delbin a respeito do Fair Play Financeiro e do momento propício para o Direito Desportivo com a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 estão nesta entrevista concedida à Universidade do Futebol. Confira!




 Na obra, entendimento de que a Justiça Desportiva deve regular relações atinentes ao desporto, sua disciplina e suas competições, em conformidade com o direito desportivo
Universidade do Futebol – A Lei Pelé já completou uma década e passou por algumas atualizações. De maneira geral, você acredita que a legislação brasileira favoreça a gestão de um clube de futebol? Em sua opinião quais os pontos positivos e negativos a serem ressaltados nesta atualização?
Gustavo Delbin – Acredito que a gestão de um clube de futebol é muito cara e trabalhosa, independentemente da legislação. A legislação desportiva brasileira, na minha opinião, é moderna e atualizada, para isso é evidente que deve ser constantemente alterada para acompanhar a velocidade do esporte e a necessidade do mercado e de seus negócios, que são grandiosos.
Com relação à Lei Pelé isso não é diferente. Ela passou por grandes e necessárias alterações ao longo destes seus 13 anos e hoje se trata de lei moderna que viabiliza o desenvolvimento dos esportes, principalmente do futebol, no país.
Os pontos positivos das mudanças na Lei Pelé para mim são a proteção aos clubes formadores; a criação do mecanismo de solidariedade nacional para prever pagamento de valores aos clubes formadores em todas as transferências entre clubes, como já existia para as transferências internacionais nas normas da Fifa; e também o aperfeiçoamento da parte trabalhista da lei, em seu artigo 28 e seguintes, com a instituição das cláusulas indenizatórias e compensatórias desportivas, com a regularização dos direitos dos atletas e a previsão de situações específicas dos contratos especiais entre clubes e atletas.
Não acredito que existam pontos negativos a serem destacados, mas um ponto que necessita de atenção especial no decreto regulamentador que será publicado em breve é a questão envolvendo as relações entre empresários, agentes e procuradores com atletas, sua interferência nos contratos com os clubes e na gestão da carreira de forma geral.
Por fim, acredito que é importante que a lei seja clara, evitando interpretações dúbias. A lei tem que se adaptar e se modernizar constantemente visando diminuir as discussões jurídicas que dela possam surgir. Neste aspecto destaco, por fim, as mudanças com relação ao direito de imagem, ao direito de arena, das horas extraordinárias na concentração, da aplicação da CLT em determinados pontos que eram constantemente discutidos no judiciário brasileiro, sempre sujeitas a diferentes interpretações e decisões nem sempre coerentes.


Universidade do Futebol – Ainda sobre a Lei Pelé, o art. 27-C do Projeto de Lei nº 5186 determina que os contratos só serão válidos se firmados com agentes credenciados. Essa redação veda a atuação de advogados e parentes dos atletas, antes autorizados a representar os atletas? Qual a sua avaliação sobre isso?
Gustavo Delbin – Na minha opinião, este é exatamente um ponto que deve ser discutido e previsto no Decreto regulamentador da Lei. A redação do artigo pode gerar discussão, portanto, no Decreto seria importante esclarecer seu alcance.
Outra importante constatação é que a legislação estabelece um rol de possibilidades em seus incisos que delimitam a participação dos agentes.
Por fim, cumpre informar que não se pode proibir a atuação de advogados e parentes porque seria contrário ao que já está previsto nas normas da Fifa (Regulations Player’s Agents, article 4) e na própria legislação brasileira (Código Civil e a Lei nº 8.906/94, o Estatuto da Advocacia). Se isso não for tratado e esclarecido no Decreto, viveremos um período de insegurança jurídica, com direito a longas disputas no judiciário brasileiro e, talvez, até na Fifa e no TAS.





Universidade do Futebol – Quais mecanismos devem ser criados para assegurar mais direitos aos clubes formadores brasileiros e aos próprios atletas, transferidos cada vez mais cedo para países estrangeiros? A CBF está inserida nesse contexto e falha na administração política do esporte?
Gustavo Delbin – Não se devem medir esforços para evitar que talentos se transfiram muito cedo para países estrangeiros, entretanto, a realidade é muito difícil e por vezes foge de um possível controle. Um fator relevante e determinante é que não se pode evitar que um trabalhador (atleta) queira se transferir para outro empregador (clube) sendo mais bem remunerado. Trata-se de liberdade de trabalho.
Pensando como atleta, ou melhor, advogando para o atleta, nesta questão, é fácil defender seus interesses neste sentido. O que deve ser alterado e protegido – vez que dificilmente os clubes brasileiros poderão medir forças com os clubes estrangeiros, pelo menos por enquanto – é que os clubes formadores devem ser protegidos, indenizados, recompensados pelos gastos que tiveram na educação e preparo deste atleta.
Na minha opinião, não há como proibir que o atleta deixe o país buscando melhores condições de trabalho e remuneração. Repito: o importante é criar mecanismos para que o Brasil assuma definitivamente sua qualidade de excelente formador de mão de obra qualificada no futebol – o clube forma, o clube recebe, o clube continua formando e recebendo, criando um ciclo virtuoso em que todos os envolvidos possam ganhar de forma equânime e justa.
Universidade do Futebol – Em janeiro deste ano, em Dubai, foi realizada uma conferência que discutiu a inclusão de um novo conceito regulador da atividade dos “intermediários”, o qual passaria a substituir a atividade capitaneada pelos “agentes licenciados”. De maneira pontual, o que isso representaria?
Gustavo Delbin – Na minha opinião, significa uma necessária regularização e maior fiscalização da função, direitos e deveres dos “intermediários” que trabalham com o futebol. Costumo dizer que o que se regulamenta fica melhor; as leis e normas não devem criar dúvidas, mas sim estabelecer soluções para o cotidiano e o mercado.
Se o novo conceito vier para solucionar os problemas existentes entre clubes, intermediários – agentes, procuradores e empresários – e atletas, isso deve ser muito bem recebido pelas comunidades esportiva e jurídica de maneira geral.



Universidade do Futebol – De maneira geral, como você analisa os departamentos jurídicos dos clubes brasileiros? Eles estão realmente preparados para as responsabilidades para as quais são designados?
Gustavo Delbin – A grande maioria dos clubes que conheço e com quem tenho relacionamentos pessoais ou profissionais tem departamentos jurídicos muito bem preparados. Outros contratam escritórios capazes para atender às demandas desportivas.
Acredito que entre nas funções técnicas existentes dentro dos clubes – obviamente fora do aspecto estritamente esportivo – e as que mais se destacam atualmente, para mim, são os departamentos jurídicos e médicos.
Tais profissionais têm buscado a cada dia se especializar e estudar mais, preparando-se para oferecer soluções capazes, com o diferencial da criatividade inerente aos brasileiros, para atender as demandas com precisão e rapidez. Cumpre destacar também, sob pena de se cometer uma terrível injustiça, as áreas de marketing, que se desenvolveram e se especializaram muito de alguns anos para cá, em clubes grandes e médios.
Universidade do Futebol – O Fair Play Financeiro da Uefa, de alguma maneira, já se reflete no Brasil?
Gustavo Delbin – Entendo que ainda não. Temos que melhorar muito neste ponto. O Fair Play Financeiro deveria atingir a todos, e os clubes terão que se adequar a uma regra básica e bem simples sob o ponto de vista de gestão: não gastar mais do que arrecada.
Certamente um controle mais rígido sobre as finanças dos times resultará em um crescimento sustentado, por meio da disciplina orçamentária, controlando-se de maneira profissional e transparente os gastos e as receitas. Acredito que poderemos sentir uma revisão nos aspectos financeiros dos clubes de futebol.
Repito: gasta-se muito no futebol e um possível reflexo deste conceito é que os clubes da Uefa poderão controlar melhor seus gastos, fazendo menos contratações milionárias, nivelando o mercado e possibilitando um equilíbrio que favorecerá o mercado mundial de futebol.
Universidade do Futebol – Quais as principais medidas de caráter estrutural que você julga fundamentais para o avanço da legislação desportiva brasileira? Pela importância e tradição, não deveríamos ter uma legislação que contemplasse unicamente o futebol?
Gustavo Delbin – Este é um ponto discutido constantemente no meio técnico, acadêmico e legislativo brasileiro. O futebol é o maior esporte de nosso país, sem dúvida. Neste aspecto, tudo que se relaciona com o futebol tem maior importância. Entretanto, não creio que se deva tratar o futebol de forma diferente, pelo contrário, acredito que devamos utilizá-lo para alavancar as demais modalidades.
O esporte brasileiro não pode se limitar ao futebol. Devemos abraçar a condição de celeiro olímpico valorizando todas as outras modalidades. E o vôlei é o maior exemplo do sucesso do planejamento esportivo que temos, com as leis que já existem.
Não é a criação de leis que determina o sucesso de determinada área, mas sim a aplicação das melhores técnicas de administração, de marketing, de gestão, com profissionais capacitados e dirigentes atuantes, bem intencionados. Acredito no Brasil como formador de mão de obra esportiva, como celeiro de atletas e de profissionais do esporte. Se tivermos leis especiais individualizadas, que tenhamos para cada uma das modalidades, igualmente importantes e lucrativas, desde que bem geridas.


 Esporte brasileiro não pode se limitar ao futebol, crê Delbin, que cita o modelo do vôlei como um exemplar de gestão

Universidade do Futebol – Como profissional que atua no âmbito esportivo, quais as perspectivas que você vislumbra para o mercado com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos de 2016 em se considerando o direito desportivo?
Gustavo Delbin – Acredito que o direito desportivo seja a bola da vez. Os maiores eventos esportivos do mundo acontecerão em nosso país e para tudo – todos os contratos e negociações – a participação de pelo menos dois bons advogados – um de cada lado da relação – capacitados, atualizados, preparados, é mais do que essencial.
Se pensarmos em todos os negócios que são desenvolvidos nestes grandes eventos, não existe medida para as excelentes perspectivas para a nossa atuação.
Universidade do Futebol – Em complemento à pergunta anterior, como você vislumbra a participação do IBDD no âmbito do mercado esportivo, em se considerando o período até a Copa de 2014 e os Jogos de 2016, e como meio de capacitação para os interessados em ingressar na área do direito desportivo?
Gustavo Delbin – Cabe ao IBDD continuar desenvolvendo o direito desportivo em nosso país. Já formamos nove turmas de pós-graduação em Direito Desportivo e editamos 19 volumes da Revista Brasileira de Direito Desportivo. Continuaremos fazendo isso e realizando mais cursos e eventos.
É difícil falar em números exatos, mas acredito que oito de cada 10 cursos e palestras de direito desportivo realizados no país têm a participação direta de professores e palestrantes formados pelo IBDD.
Nossa próxima turma de pós-graduação em direito desportivo terá a parceria e coordenação conjunta com o Complexo Educacional Damásio de Jesus e a Federação Paulista de Futebol, com início em agosto de 2011.
Com relação à revista, contamos atualmente com a parceria editorial da Ed. Revista dos Tribunais e nosso 19º volume encontra-se no prelo. Os interessados em assinar a publicação devem buscar mais informações diretamente com a Editora RT.
Para aqueles que desejarem publicar seus artigos doutrinários, trabalhos técnicos, peças de direito desportivo em nosso próximo número devem encaminhá-los para secretaria@ibdd.com.br até 30 de outubro.
Por fim, realizaremos também este ano nossa primeira visita técnica internacional. O evento será realizado no Chile, nas cidades de Santiago e Valparaíso, entre os dias 12 e 18 de novembro. A programação consiste em visitas técnicas ao Comitê Olímpico Chileno e entidades profissionais de esporte (a definir entre Colo-Colo, Universidad de Chile, Audax Italiano e Unión Española) e conferências sobre ordenamento jurídico desportivo no Chile.
A ideia é realizarmos um evento internacional por ano, até a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. A programação completa de nossos eventos pode ser encontrada no site www.ibdd.com.br.

Texto sugerido por Edson Hirata
Fonte: http://universidadedofutebol.com.br/2011/07/4,10788,GUSTAVO+DELBIN++ESPECIALISTA+EM+DIREITO+DESPORTIVO.aspx