Uma banana para as autoridades esportivas europeias!
André Plihal
Rodada final do Espanhol de 2004. Com o Valência campeão antecipado, o Barcelona fechou a campanha em Zaragoza . Era o início do auge de Ronaldinho Gaúcho, e eu fui enviado ao norte do país para preparar um especial do craque brasileiro para a ESPN/Brasil.
O Barça, relaxadão, saiu de campo derrotado, mas lembro que Ronaldinho jogou muito.
Lembro também que sempre que pegava na bola, ele e o holandês nascido no Suriname, Edgar Davids, a torcida adversária imitava sons de macaco.
Deixei a linda Zaragoza enojado.

Samuel Eto’o sentiu na pele negra a estupidez do racismo em campos espanhóis e italianos. O camaronês já ameaçou largar um jogo e já comemorou um gol imitando macaco. Ironia grossa.

Victoriano Nano, na época zagueiro do Getafe, declarou que os torcedores do seu time não estavam fazendo aquilo porque são racistas, e sim para irritá-lo.
Uma forma criminosa de desestabilizar o adversário.

Lamentável que as autoridades esportivas dos centros importantes da Europa não vejam esses gestos como crimes. As punições são brandas demais. Getafe e Cagliari foram apenas multados pelas respectivas Ligas.
Não preciso nem dizer que não aconteceu nada com os racistas da arquibancada.
A impunidade convida os idiotas a continuarem com as ofensas.

Nos últimos três dias, tivemos dois exemplos de racismo contra jogadores brasileiros, dois laterais - esquerdos de Seleção Brasileira: Marcelo do Real Madrid no clássico contra o Atlético, e Roberto Carlos do Anzhi no jogo contra o Zenit.
Recém chegado na Rússia, Roberto foi provocado por um torcedor que lhe ofereceu uma banana.
A Federação local disse que vai analisar o caso, e que provavelmente irá multar o Zenit.

Como se resolvesse alguma coisa.
Tire os pontos do clube que tiver este tipo de gente no estádio! Bote o idiota na cadeia, pra ver se não diminui o problema!
Não vão fazer isso nunca. E sabe por quê?

Porque se estivessem na pele branca azeda dos torcedores, fariam o mesmo.
Antes que alguém diga que o racista agora fui eu, lembro que sou branco azedo.
Bem que gostaria de ser mais escuro.

Texto sugerido por Edson Hirata
Fonte: http://esportes.br.msn.com/colunistas/artigo-espn.aspx?cp-documentid=28096838