terça-feira, 26 de abril de 2011

Crônica da semana

Ronaldo: de fenômeno a herói popular



O tema que motivou esta crônica ocorreu no dia 14o dia de Fevereiro de 2011. Data em que Ronaldo Luís Nazário de Lima convocou uma entrevista coletiva e comunicou ao mundo que não faria mais parte do campo esportivo como jogador de futebol. Fato que fez emergir nos veículos de comunicação nacional as mais variadas opiniões. Surgem algumas versões sobre a repentina aposentadoria do agora ex-jogador de futebol “Ronaldo - Fenômeno”: Segundo o jornal online Folha.com, “A aposentadoria repentina do fenômeno foi para manter seu status de ídolo”, já segundo o jornal online O Globo, “O Ronaldo perdeu para o seu corpo”.

Não pretendemos confrontar os posicionamentos expressos por estes veículos de comunicação, e sim partimos destes posicionamentos contraditórios para refletirmos um pouco sobre a história deste atleta de futebol. Pois isto talvez nos ajude a entender como ele chegou ao status de ídolo corinthiano e nacional.

Ronaldo teve ascensão rápida no cenário futebolístico, conquistando em pouco tempo uma legião de aproximadamente 192 milhões de amantes do futebol brasileiro. O fenômeno começou sua carreira no São Cristovão – RJ, transferiu-se para o Cruzeiro – MG, posteriormente ganhou o mundo, indo atuar nos gramados europeus e no selecionado brasileiro, estando presente nas Copas de 1994, 1998, 2002 e 2006. Durante essa trajetória Ronaldo ganhou duas vezes o prêmio de melhor jogador do mundo.

Ronaldo passou por diversos problemas durante sua carreira futebolística, como por exemplo, as constantes lesões, o problema de saúde durante a Copa da França em 1998 e o problema com o excesso de peso, que de maneira direta ajudaram o fenômeno a enraizar-se como herói popular, atrelando a sua imagem ao slogan “eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Temos clareza que muitas vezes tal adágio foi utilizado de forma satirizada, mas ele acabava auxiliando para o fortalecimento da imagem do atleta junto aos novos e antigos fãs, que normalmente acabavam se identificando com a sua trajetória.

Somado a esses fatos, ainda temos os problemas de ordem pessoal, como seus constantes rompimentos matrimoniais, sua presença constante em baladas e seu problema mais recente com os travestis no Rio de Janeiro, tudo sendo considerado algo secundário, frente a grandeza da imagem deste ídolo globalizado. O seu excesso de peso, não impediu que Ronaldo pudesse desempenhar bom futebol, e se tornasse um grande ídolo da torcida corintiana. O espírito de luta, sua vontade de vencer, utilizando cada uma suas derrotas como suporte para as próximas vitórias, fizeram uma espécie de proteção a sua imagem, assim seus problemas pessoais pouco importaram para as pessoas, e o mesmo continuou sendo exemplo.

Mas por que o “fenômeno”, o exemplo do povo, o cara que representava uma nação decidiu encerrar sua carreira futebolística? Excesso de peso, rotina de treinamentos, idade, falta devida privada, necessidade de baladas, muita cobrança, preocupação com a sua imagem, etc. etc.

Deixemos isso para os veículos de comunicação, pois para nós amantes do futebol, o que importa não é a sua história presente, mas o seu legado, o que ele construiu e que adentrou para o imaginário coletivo, que o elegeu um herói popular, símbolo de resistência, de dedicação e de inteligência, pois mesmo quando a fase não estava boa, ele conseguia manter sua imagem quase que intocável. Seja estratégico ou não, a sua despedida foi marcada pela emoção das suas palavras e pela sua imagem atrelada aos seus filhos (algo que semanas depois já fora copiado por outro grande jogador que também deixava os gramados, o que minimamente fornece referências para percebermos a força simbólica dos atos de Ronaldo, mesmo no seu ritual de despedida. Diante de tudo isto, o que fica claro para nós é que independente do motivo que levou Ronaldo a deixar os gramados, a sua escolha foi acertada, pois no imaginário coletivo o que permanece é a imagem de um atleta que representou dignamente o seu país, fazendo com que as pessoas simples tivessem orgulho em “ brasileiros”.



Bruno José Gabriel e Miguel A. de Freitas Jr

Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade

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