quarta-feira, 11 de maio de 2011

Escândalo de racismo no futebol francês

Denúncias apontam que a Federação Francesa de Futebol orientou clubes e escolinhas a criarem cotas para negros.

A FFF (Federação Francesa de Futebol) começou a investigar uma acusação da criação de cotas, em segredo, para negros e árabes nas seleções de base francesas. Segundo relatos, os descendentes de africanos e árabes poderiam formar apenas 30% do time. A intenção dos cartolas seria limitar o número de atletas de origem africana e árabe nas escolas de futebol da França.

A questão foi levantada, segundo reportagem do diário on-line Mediapart, em seguidas reuniões da DTN. "Precisamos de uma espécie de cota, mas isto não deve ser divulgado", teria dito em uma reunião o máximo representante da DTN, François Blanquart. A declaração foi feita quando o treinador da seleção francesa, Laurent Blanc, estava presente.

A Federação Francesa desmentiu a reportagem e comentou que “em todas as discussões há posturas que podem ser consideradas excessivas, é o objeto de todo debate”. A entidade, no entanto, reforça que nenhuma decisão nesse sentido foi tomada.

Blanc também se viu envolvido, pois o diário afirma que o treinador se mostrou de acordo com a susposta proposta do dirigente da DTN. O acordo era de mudar, a partir dos 12 anos, os critérios de convocação para as seleções de base da França. Assim, a equipe teria um ajuste à "cultura e história" francesas.

Para Blanc, a questão é dar "chances aos jogadores de menor tamanho, mas que tenham qualidade de drible e inteligência, sejam eles brancos ou não". Blanc, na reunião, teria dito que as escolinhas davam atenção aos jogadores fortes. "E quem são os mais fortes? Os negros".

Ainda de acordo com Mediapart, Blanc justificou a sua postura com uma comparação com a situação da Espanha. O técnico teria explicado: “os espanhóis dizem: ‘nós, não temos problemas. Não temos negros'”.

Um porta-voz da seleção francesa negou essa declaração e disse que a acusação é muito grave, mas confirmou que o treinador já demonstrou sua preocupação com a formação de jovens jogadores, que conseguem dupla nacionalidade para jogar em seleções estrangeiras. Presidente da Federação Francesa de Futebol, Fernand Duchaussoy, afirmou que o tema sobre cotas raciais nunca foi discutido. "Só se houver reuniões secretas na Federação”, encerrou.

COPA DO MUNDO DE 1998

Essa gravíssima acusação é considerada racismo e ainda mais oportunista, pois além da imigração ser natural quando se trata de suas colônias, a França foi campeã da Copa do Mundo em 1998, inclusive vencendo o Brasil na final, com vários jogadores nascidos fora do país ou descendentes de estrangeiros. Patrick Viera é nascido no Senegal, Marcel Desailly em Gana, Lilliam Thuram em Guadalupe, Christiam Karembeu na Nova Caledônia.

Outros, como Anelka (Moçambique), Evra (Senegal), Malouda (Guiana Francesa), Thierry Henry (descendente das Pequenas Antilhas) também são "estrangeiros", além, claro, de Zinedine Zidane, descendente de argelinos, considerado o maior jogador da história do país.

É uma pena que acusações como essas sejam verdade, vale lembrar que quando a França venceu a Copa de 1998, o país se uniu e cunhou um termo que ficaria marcado na história da sociedade francesa: no lugar de azul, branco e vermelho da sua bandeira, a França seria "país do branco, negro e marrom", em referência à composição multiétnica de sua população.

fonte: http://momentodofutebol.blogspot.com/2011/05/escandalo-de-racismo-no-futebol-frances.html

Texto sugerido por André Mendes Capraro

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