segunda-feira, 31 de março de 2014

Crônica da Semana
A direita olhando para a direita

Luiz Carlos Ribeiro

Departamento de História / UFPR

Há muitos anos que não leio a revista Veja. Assim como é pobre a maioria das análises de intelectuais chapa-branca do PT, também as reportagens da Veja são raivosas e ignorantes, em geral contra tudo o que ela suspeita seja de esquerda ou do PT, o que atualmente não é necessariamente a mesma coisa.
A Veja, nesse sentido, não informa com aquele distanciamento crítico que ensinam os manuais sérios da imprensa e do jornalismo, mas manifestamente assume um papel de órgão doutrinador do que podemos chamar, no Brasil, de um pensamento de direita.
Mas esta semana, quando diversos eventos e publicações vêm se manifestando em relação aos cinquenta anos do golpe militar de 1o de abril de 1964, resolvi prestar atenção na opinião da Veja e li a edição de 26 de março de 2014 em relação ao movimento que deu início ao regime de exceção e de violação dos direitos básicos de democracia e de cidadania.
O que se revela nas 44 páginas da reportagem não surpreende, pois segue o estilo do jornalismo marrom que sempre caracterizou o periódico.
Encontramos na revista, de forma subliminar, uma síntese da discussão que corre nas redes sociais – talvez animada pelas convulsões sociais do ultimo ano – de que o país precisa da volta da ditadura para concluir seu processo democrático.
Numa rápida leitura, selecionei algumas frases por meio das quais a Veja define o presidente deposto João Goulart, o general Castelo Branco, que assumiu a presidência após o golpe, e o próprio movimento golpista. Vamos a algumas dessas frases.

Frases da Veja definindo o João Goulart:
·         “uma reedição intragável de Getúlio”;
·         Um “estancieiro rico, boêmio e mulherengo, bom de conversa e de copo, que usava o apartamento no Edifício Chopin, ao lado do Copacabana Palace, para confabular em trajes íntimos com sindicalistas, dirigentes da UNE e políticos orientados para uma guinada radical à esquerda”;
·         “presidente de andar claudicante, imposto por uma doença venérea que paralisou seu joelho esquerdo”;
·         “um presidente fraco cercado de bons conselheiros a quem não ouvia e de péssimos palpiteiros por quem se deixava convencer ....”.

Frases da Veja sobre Castelo Branco:
·         “legalista, racional, disciplinado e obediente à hierarquia, guardião da Constituição – democrata, enfim.”
·         “Morreu como viveu: respeitado, admirado e temido”

Frase da Veja sobre o golpe:
·         “o movimento contra Goulart não era uma quartelada. Não era a pura e simples usurpação do poder. O movimento representava o desejo legítimo de ampla parcela do povo.”

De um lado, a desqualificação da figura de Goulart como um político fraco e refém de uma esquerda radical e irresponsável. De outro, Castelo Branco é visto como um estadista, equilibrado e preparado para servir o povo e a democracia.
O golpe, que sabemos hoje deu início ao que se tornou o mais violento e sangrento regime político do país, é lido pela Veja como um movimento legítimo e democrático.
Desse modo, fica claro como a Veja – assim como a rede Globo de Televisão – foram e continuam sendo atores fundamentais na preservação do autoritarismo de direita no Brasil. Crítica do autoritarismo do Partido dos Trabalhadores – sobre o qual também tenho profundas discordâncias – a revista não revela preocupação com a construção democrática, que inexoravelmente pressupõe passar pelos movimentos sociais autônomos, mas simplesmente transferir o poder para as mãos autoritárias da direita.

E, para não digam que não falei de futebol, em 1964 o Santos ganhava pela quarta vez consecutiva a sexta edição do Campeonato Brasileiro de Futebol, organizado pela então denominada CBD-Confederação Brasileira de Desporto. A final foi disputada com o Flamengo, em um jogo de ida e volta. Após um empate em zero no Maracanã, no dia 16 de dezembro, o Santos ganhou em 19 de dezembro de 4 a 1, com gols de Pelé (3) e Coutinho, e de Paulo Choco pelo Flamengo.
No campeonato paranaense, uma curiosidade: era a 50a edição, tendo se consagrado campeão o Grêmio Esportivo Maringá. Fora um campeonato disputadíssimo, com 36 clubes participantes. O campeonato era dividido em três zonas (sul, norte novo e norte velho), tendo se consagrado campeão pelo sul o Clube Atlético Seleto, da cidade de Paranaguá e hoje extinto. Pela zona do norte novo o Maringá e pelo norte velho o Cambará Atlético Clube (também extinto). A final foi um “triangular”, resultando no Grêmio Esportivo Maringá como campeão e  Clube Atlético Seleto como vice.
Falando em democracia, o ressurgimento neste centenário do campeonato regional (2014) dos clubes do norte – Londrina e Maringá – pode nos fazer experienciar a democratização do futebol paranaense.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Trezeguet marca dois e Newell's assume a ponta do grupo do Grêmio

Montevidéu (Uruguai)
Nesta quarta-feira de Copa Libertadores da América, foi inaugurada a quinta rodada do Grupo 6, cujo representante brasileiro é o Grêmio. Atuando no Parque Central, em Montevidéu, o Newell’s Old Boys-ARG triunfou sobre o Nacional-URU, pelo placar de 4 a 2. Os gols que selaram o triunfo do clube de Rosário foram anotados pelo atacante francês Trezeguet, aos 30 minutos do segundo tempo.
Com o resultado, a equipe argentina chega aos oito pontos e assumem a liderança do grupo, superando o Tricolor de Porto Alegre nos critérios de desempate (nove gols marcados contra cinco) Por sua vez, os uruguaios seguem na lanterna, ainda sem vencer, com apenas um somado. O terceiro lugar pertence ao Atlético Nacional-COL, que soma sete.
A rodada será completa apenas no dia 2 de abril, quando o Grêmio medirá forças com o Atlético Nacional-COL, às 22 horas (de Brasília), no estádio Atanasio Girardot, em Medellín.
O jogo – Logo aos 11 minutos, o Nacional-URU fez valer o mando de campo e inaugurou o placar, com Mascia. Porém, com 22 jogados, Castro decretou a igualdade e viu Cáceres, no início do segundo tempo, virar para o Newell’s Old Boys.

Em desvantagem, o Decano pressionou e conseguiu empatar, em cobrança precisa de pênalti executada por Scotti. Porém, aos 30 minutos, o atacante francês Trezeguet saiu do banco, substituindo Ponce, e marcou seu primeiro gol na partida. Nos acréscimos, o dianteiro marcou o quarto gol e selou a goleada visitante.

Disponível em: http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2014/03/campeonato-copa-libertadores/trezeguet-marca-dois-e-newells-assume-a-ponta-do-grupo-do-gremio.html

Sugestão e comentário de Wendell

quarta-feira, 26 de março de 2014

'Se perdermos, vamos todos para o inferno', diz Marin

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/03/1430902-se-perdermos-vamos-todos-para-o-inferno-diz-marin.shtml

Diferentemente da Copa do Mundo de 1950, o que esta em jogo desta vez não é somente o título de campeão do mundial. Em caso de derrota, as críticas não se restringiram ao futebol apresentado em campo, elas se espalharam por todos os setores do país, principalmente sobre o governo. Os vários problemas como: Atrasos e aumentos dos orçamentos para a construção dos estádios e obras de mobilidade urbana, transmitiram uma imagem “caótica” para a imprensa internacional, o que deixou o governo em uma situação desconfortável.
Perder a copa será o marco de uma derrota que vem se construindo há anos, não perderemos somente no futebol, para alguns a derrota significa a perda do poder e cargos políticos. Mais uma vez olhamos para os jogadores da seleção brasileira como os super-heróis da ordem e da paz, é mais cômodo apostarmos no “pão e circo” a cumprir as obrigações de seus cargos.
Sugestão e comentário de Edilson de Oliveira

segunda-feira, 24 de março de 2014

Cartilha da Fifa para turistas estrangeiros causa polêmica

  • Reportagem publicada em revista digital da entidade diz que brasileiros não são pontuais e são mal educados no trânsito
  • Fifa também alerta que não se fala espanhol no Brasil e as mulheres não fazem topless
O Globo
Publicado:
Atualizado:


A reportagem da Fifa Weekly contando que os brasileiros não são pontuais e são mal educados no trânsito
Foto: Reprodução da internet



RIO - A frequente troca de farpas entre a Fifa e os brasileiros desde que o país foi escolhido como sede da Copa do Mundo em 2007 ganhou mais um capítulo na noite desta sexta-feira, quando a entidade divulgou a edição eletrônica da revista “Fifa Weekly” em seu site. Uma das reportagens, intitulada “Brasil para principiantes”, contém uma cartilha com dicas sobre o comportamento do brasileiro que o turista da Copa do Mundo vai encontrar a partir do dia 12 de junho, quando será dado o pontapé inicial do Mundial com a partida entre Brasil e Croácia, no estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Na cartilha com “dez conselhos importantes para evitar mal-entendidos culturais”, a Fifa afirma que os brasileiros não têm pontualidade, nem educação no trânsito.
Além disso, a Fifa alerta que nem sempre o “sim” significa sim no Brasil, que fazer fila não é o forte da população e no trânsito impera a lei do mais forte. Alertam também que o topless é proibido na praia e que os brasileiros não falam espanhol.
A reportagem gerou tanta polêmica, que a Fifa já tirou ela do ar.
Veja os itens da cartilha:
Sim nem sempre significa sim:
Brasileiros são otimistas e nunca começam uma frase com a palavra “não”. Para eles, “sim” significa na realidade “talvez”, então, se alguém disser “SAim, eu te ligo de volta”, não espere que o telefone vá tocar nos próximos cinco minutos.
Horário flexível:
A pontualidade não é uma ciência exata no Brasil. Quando marcar um encontro com alguém, ninguém espera que você estará no lugar combinado na hora exata. O normal é contar com uns 15 minutos de atraso.
Contato físico:
Os homens e mulheres brasileiros não estão familiarizados com o costume da Europa de manter distância como norma de cortesia e conduta. Eles falam com as mãos e não hesitam em tocar nas pessoas com quem estão conversando. Numa boate, isso pode facilmente se transformar num beijo, mas isso não deve ser mal interpretado. Um beijo no Brasil é uma forma de comunicação não-verbal e não um convite para algo mais.
Fila:
Ficar pacientemente numa fila não está no DNA brasileiro. Numa escada rolante, por exemplo, o modelo britânico de formar uma fila de um lado não existe. Os brasileiros preferem cultivar o caos e, por vezes, alguém se arranja para chegar na frente.
Moderação:
Se você for a uma churrascaria que oferece tudo o que você pode comer e for com muita sede ao pote lembre-se de duas coisas: não coma nada por pelo menos 12 horas antes e coma em pequenas quantidades porque asa melhores carnes chegam no final.
Sobrevivendo no trânsito:
Nas ruas, os pedestres são ignorados e mesmo nas faixas os motoristas não param para eles voluntariamente. O direito de ir e vir entre os motoristas simplesmente definido pela preferência do veículo maior.
Não há topless:
A imagem de mulheres com pouca roupa é comum no carnaval, mas isso não é o que você verá no Brasil no dia a dia. É certo que os biquínis brasileiros são menores que os europeus, mas as brasileiras nunca os tiram na praia, onde fazer topless é proibido e pode resultar em multa.
Experimente o açaí:
Os frutos da Amazônia fazem maravilhas: previnem rugas e têm o mesmo efeito de uma bebida energética. Algumas mordidas no intervalo podem ajudar até o mais cansado dos jogadores de futebol a recuperar a energia.
Espanhol não:
Os turistas que tentarem se comunicar em espanhol no Brasil terão a sensação de estarem falando com as paredes. A língua nacional do país e o português brasileiro, uma variante do português. E se você falar que Buenos Aires é a capital do Brasil, corre o risco de ser deportado.
Seja paciente:
No Brasil, as coisas são comumente feitas no último minuto. Então, todos os turistas devem ter paciência. Tudo ficará pronto a tempo. Isso vale, inclusive, para os estádios. A filosofia dos brasileiros na vida pode ser resumida com a seguinte frase: “relaxa e aproveita”.

Disponível em:  http://oglobo.globo.com/esportes/copa-2014/cartilha-da-fifa-para-turistas-estrangeiros-causa-polemica-11956639



A edição número 22 da revista semanal da FIFA (The Fifa Weekly) divulgada na última sexta-feira (21/03) causou polêmica com a publicação intitulada Brazil For Beginners” (Brasil Para Iniciantes). O material assinado por uma jornalista brasileira e pelo editor da revista foi apresentado em forma de “dicas” destinadas aos turistas de que pretendem vir ao país por conta dos próximos megaeventos esportivos. Esses conselhos, segundo o texto, teriam por finalidade evitar “mal entendidos interculturais”.

De modo geral, a linguagem sarcástica descreve de forma estereotipada os brasileiros e seus (maus) costumes como sendo desorganizados, mal educados, irresponsáveis e ainda finaliza dizendo que a filosofia de vida no país é o “relaxa e aproveita” (em português no texto).

Além das palavras em si, a matéria ainda levanta suspeitas quanto à imagem ilustrativa: uma “pelada” descontraída com a presença do mascote Fuleco observada por duas afrodescendentes tomando sol de biquíni “à moda brasileira” em alguma praia carioca.

A decisão de retirar a matéria do ar ocorreu após o governo federal brasileiro entrar em contato com a FIFA e demonstrar seu descontentamento com a projeção negativa que a publicação poderia causar. A entidade, por sua vez, retirou prontamente o material do ar, mas alegou que não tinha a intenção de passar uma imagem negativa do país.


Sugestão e comentário de Daniella Passos

quinta-feira, 20 de março de 2014

OS BOIAS-FRIAS DO FUTEBOL



Terça-feira de manhã, céu nublado, aquele “chove-não-chove” no ar. A reportagem da 
Públicaestá em Mauá, município da Grande São Paulo, para acompanhar um jogo de futebol sem torcida, estrelado pelo Grêmio Esportivo Mauaense, da Segunda Divisão do Campeonato Paulista, abaixo da Série A3. Com o objetivo de montar uma equipe para o próximo campeonato do primeiro degrau do futebol profissional, os jogadores de Mauá enfrentam um time de jogadores ainda mais frágeis: o dos desempregados, reunidos em uma equipe montada pelo Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (SAPESP) para que eles possam manter a forma enquanto não voltam a jogar profissionalmente.
Ali não há fotógrafos, jornalistas, símbolos das federações, placas de publicidade. Ninguém está nas arquibancadas para vibrar pelas jogadas no campo deteriorado, cheio de entulho. Dois cachorrinhos brincam no fundo do “campo” do Estádio Pedro Benedetti, municipal, que fica escondido atrás de um distrito da Polícia Militar.
Mas não falta emoção em um jogo em que cada um luta por um lugar ao sol, pela remota chance de realizar o sonho de se tornar, ou continuar a ser, um jogador profissional de futebol. APública acompanhou a partida, vencida por 3 a 2 pelo Mauaense, assistiu a ótimas jogadas e ao golaço de Jorge, o craque do time vencedor, do lugar do quarto árbitro – privilegiadíssima posição em um estádio “de verdade”- e, como faziam os jornalistas esportivos de outros tempos, desceu aos vestiários para entrevistar os jogadores.
Não estávamos ali para fazer uma crônica da partida, mas para saber como é a realidade dos jogadores da base da pirâmide do negócio futebol. Saber o que esperam aqueles que não ganham salários milionários, não saem em capas de revista, nem vendem milhões de camisas com seus nomes estampados, cuja existência era ignorada pela mídia até recentemente, quando o movimento Bom Senso F.C – formado por atletas da Série A e B do Campeonato Brasileiro – girou os holofotes dos bons gramados para iluminar a dura realidade do mercado de trabalho de futebol brasileiro em que campinhos como o de Mauá e o desemprego como os atletas da equipe da SAPESP são bem mais numerosos que as camisas do times de elite.
A maioria dos garotos que encontramos nos chuveiros têm por volta de 20, 21 anos, “velhos” para iniciar a carreira no futebol, e estão longe de obter um contrato para valer em um clube profissional. Mas não desistiram do sonho como diz o meia-atacante Eddy Rocha, um baiano de 21 anos, da equipe da SAPESP: “Me indicaram pro time do sindicato aí e eu tô aqui agora, mantendo a forma pra me empregar”, diz. Antes de chegar ali, o morador do bairro da Plataforma, na periferia de Salvador, chegou a passar pelas categorias de base pelos principais times baianos – o Vitória e o Bahia – mas não conseguiu a vaga como profissional. Foi para Pernambuco jogar no Ferroviário do Cabo, time da segunda divisão pernambucana, uma experiência que ilustra um pouco pelo que passam os aspirantes ao futebol profissional.
“A gente não tinha cozinheiro, tinha que ir um rapaz entregar marmita pra gente: feijoada, saladinha e um suco, isso quando vinha. A gente dormia num tatame. Fizeram o pedido por beliche e não veio enquanto eu tive ali. Todo mundo ganhava um salário mínimo, que chegou a atrasar uns três meses. Só consegui me manter com a ajuda de um amigo de infância, de Salvador”, relembra Eddy.
Enquanto penava no Recife, Eddy recebeu de um empresário para participar de testes de dois times da Série A2 paulista , o Audax e o Grêmio Osasco, que pretendiam disputar o sub-21. Pela idade era a última chance de Eddy jogar nesse campeonato e ele se despediu da mulher e do filho de um ano no Recife e veio a São Paulo sozinho para tentar a sorte. A história, porém, era “uma barca furada”, como diz. Quando chegou, o período de testes tinha se encerrado e Eddy ficou sem chance e passou aperto até ser acolhido por um amigo em São Paulo. Não voltou para o Recife porque acha que lá ainda vai ser mais difícil realizar seu sonho. E aceitou as desculpas do tal empresário, que ainda tenta convencê-lo a assinar um contrato com ele. “Ele disse agora que quer fazer um DVD meu pra mandar pra uns clubes, me dar uma ajuda de custo. Mas é coisa só de boca né, aí fica difícil”, diz, relutante. Se nada der certo, Eddy, que  estudou até a oitava série, diz que vai virar professor de Educação Física.

A VIDA DURA DO ATACANTE JORGE, O CRAQUE DA PARTIDA

Do lado do Mauaense, a coisa não vai muito melhor. O grande destaque da partida, o atacante Jorge de Araújo, de 26 anos, fez o gol de cobertura, e deu trabalho ao time adversário, com dribles, pivôs bem feitos e belas jogadas. Mas ele não conseguiu ir além no futebol profissional e agora o que o aguarda parece ser mais uma vez a Segunda Divisão paulista, pela qual disputou o campeonato deste ano pelo Mauaense por um contrato de três meses de 800 reais mensais. Que ainda não foram integralmente pagos.
Mas Jorge não desanima: “É aquela coisa. Três meses, mas nesses três meses você tem a chance de mostrar alguma coisa no futebol. É uma coisa precária, uma divisão muito difícil, mas a gente tá aí batalhando para conquistar o melhor. Quem sabe não aparece alguma coisa, alguém me vê jogar e eu posso ir pra um clube melhor?”.
O último salário dos três prometidos para o campeonato passado está atrasado, assim como o dos colegas de clube, que ganharam ainda menos: R$ 678,00, o salário mínimo. “Temos a promessa do nosso presidente, que falou que tá vindo o dinheiro, mas a gente continua esperando”, diz Jorge.
Para se manter num cenário de tanta instabilidade Jorge arrumou um bico: “Hoje eu tô trabalhando numa escolinha de futebol, dando aula pras crianças. Sou técnico de um time infantil também, fiz uns cursos aí. E tem a várzea né?”, conta. “Não gostaria de jogar na várzea, mas lá é dinheiro garantido, dinheiro na mão. Termina o jogo e tá lá o seu dinheirinho dentro do envelope. Aqui no profissional às vezes o mês tem 60, 80 dias. Então a gente não pode contar com o salário do mês. Aí a gente às vezes vai pra várzea, vai pra longe, faz de tudo aí pra se manter”, explica, referindo-se aos campeonatos de futebol amador, assim apelidados em São Paulo porque começaram a ser disputados nas várzeas dos rios paulistanos.
Hoje há campeonatos de várzea bem estruturados, como a Copa Kaiser, o principal campeonato amador da capital paulista que neste ano contou com 192 equipes em jogos que foram de março a outubro. “Na várzea, eu já peguei cinco mil pra assinar e mais 250 reais por jogo. É um dinheiro bom e sempre vem conforme o combinado. No profissional, muitas vezes eles te prometem um contrato e só pagam uma parte. O que vale mais a pena?”, pergunta Jorge, que foi campeão da Copa Kaiser deste ano pelo Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, zona norte de São Paulo.
Como as premiações são pagas em dinheiro vivo, fica sempre a dúvida sobre suas origens. Mas fato é que a várzea funciona como alternativa ao vácuo de organização das divisões menores do futebol profissional. Jogadores que chegaram à Seleção Brasileira, como o atacante Leandro Damião, do Internacional, o volante Elias, atualmente no Flamengo, e o meia-atacante Denílson, este pentacampeão com o Brasil em 2002, jogaram a Copa Kaiser.
A falta de alternativas para quem busca ser profissional de futebol é tão grande para que os que ficaram fora das categorias de base dos times profissionais que alguns chegam a pagar – literalmente – para jogar, como conta Jorge, que já recebeu a indecente proposta. “Eu estava em Santa Catarina e um cara me pediu dez mil pra me colocar num time da Segunda Divisão do Catarinense. Aí eu fui pra lá, eu estava com dinheiro, mas eu vi que era uma barca furada e desisti”, diz. “Tenho amigos, por exemplo, que pagaram dez mil por um contrato de seis meses num clube. Só que aí eles vão lá, jogam, e acabam recebendo esses dez mil de volta nesses seis meses. Depois você vai embora, não é aproveitado. Fica tipo uma bagagem. Aí o cara fala: ‘Ah, eu joguei no clube tal…’ Jogou nada. Jogou porque pagou pra jogar”, afirma.

NA BASE DA PIRÂMIDE, TIMES SEM DINHEIRO NEM INCENTIVO

Por sua vez, o Mauaense sofreu um fracasso retumbante na Segunda Divisão Paulista. Nos dez jogos que disputou, perdeu oito e empatou dois, ficando em último lugar do grupo 08. Em termos de arrecadação, o desempenho também foi ruim: média de 96,5 torcedores pagantes por partida em casa e renda média por partida de R$ 859,25.
“O Mauaense precisaria de uns R$ 70 mil por mês para bancar atletas, comissão técnica, médico, material esportivo, viagem essas coisas. Eu gastei R$ 20 mil, que era o que eu consegui por um empréstimo com um amigo, de última hora. Tá muito deficitário, né? Relutei esse ano para não entregar o time na mão de um empresário”, conta o presidente do Mauaense, Marco Antonio Capuano, conhecido como Quinho.
Diante da fragilidade de muitos clubes profissionais e das cifras que giram em torno do negócio-futebol, muitos investidores se aproximam dos clubes menores. “Chega um empresário com dinheiro, sonhando com uma transação milionária [de algum jogador], e começa a arcar com as despesas do clube. Às vezes vende o jogador, o clube não leva nada, e depois de um tempo vai embora, geralmente deixando dívida pro clube pagar, como já fizeram com o Mauaense, principalmente trabalhista, porque os contratos são firmados com o clube e não com ele,”, resume o dirigente.
Na opinião de Quinho, o que falta para o Mauaense é visibilidade – termo que ele repetiu pelo menos quatro vezes na entrevista. “Quando as pessoas não enxergam aquilo que você está fazendo, fica difícil. Como eu vou chegar numa empresa aqui de Mauá se eles falam: ‘ah, mas você não dá retorno’? É isso que a gente precisa: retorno. Precisa a prefeitura de Mauá nos ajudar, abraçar o time da cidade, e a mídia local e a própria federação paulista fazerem um esforço maior de divulgação do que se faz aqui na Segunda Divisão”, opina. “A falta de público é falta de iniciativa”, diz. De quem? “De todos, mas principalmente da mídia, do poder público e da federação paulista”, resume.
Pública procurou a Federação Paulista de Futebol para falar nessa reportagem, mas não obteve retorno da assessoria de imprensa.

QUANTO MAIS LONGE DO CENTRO, MAIS DIFÍCIL O SONHO

Em estados distantes dos grandes centros, os jogadores também precisam se virar ainda mais para jogar o ano inteiro. “Quando termina o campeonato paraense aqui em Belém (PA), se a gente não consegue renovar o contrato, temos que ir para Macapá (AP) e jogar os outros três meses”, conta o belenense José Romeu Tavares, de 28 anos. O campeonato paraense foi de janeiro a junho e o amapaense, de julho a outubro. “A partir de dezembro começa a pré-temporada para o paraense, aqui em Belém e [os clubes] começam a contratar. Aí os jogadores voltam para não ficarem parados.”
Isso significa que muitos jogadores não têm férias entre as temporadas. Romeu se machucou no fim de 2012 e teve que passar por uma cirurgia no joelho. Ele ficou se recuperando durante o primeiro semestre deste ano, e jogou apenas o segundo, pelo Ypiranga, de Macapá. “Graças a Deus tive ajuda de amigos, da família que me ajuda e tenho um dinheiro que eu sempre deixo guardado, porque a gente nunca sabe.” Agora já retornou para Belém para a pré-temporada.
Situações como essa são comuns no Pará. O zagueiro Bruno Oliveira de Andrade, colega de Romeu no Ypiranga, não conseguiu firmar contrato para jogar no primeiro semestre. “Temos que dar uma economizada para sobreviver esses meses. Trabalhei em várias coisas: como motorista, até ajudante de pedreiro para ganhar um dinheirinho.” Romeu conta que muitos amigos desistiram do futebol porque precisavam sustentar suas famílias. Mas Bruno não quer seguir esse caminho. “Quando você fica três, quatro meses parado, passam várias coisas na cabeça da pessoa. Já pensei várias vezes em parar por causa da esposa, do filho. Continuo porque tenho condições de chegar em um lugar melhor. No futebol, do dia para a noite podem acontecer coisas melhores, você pode ficar bem. Meu sonho é ser campeão por uma equipe grande do Rio, de São Paulo, até de fora, conseguir sair daqui do estado.”
Em 2013, o Ypiranga teve apenas 23 jogos, dos quais 3 foram amistosos 20 oficiais (14 no estadual e 6 na Série D do Campeonato Brasileiro). O time sobrevive com uma média de 8 a 10 mil reais mensais que recebe da loteria esportiva Time Mania, além de um repasse anual de R$ 50 mil do estado do Amapá.
“Muita coisa o presidente tem que tirar do bolso”, diz o diretor administrativo do clube, Claudio Celio Góes Conrado. “Se não tem campeonato, não tem como manter o time [durante o ano]. A gente monta a equipe para jogar três meses se for só o estadual, e cinco meses se tiver a série D do Brasileiro”. Como na maioria dos times pequenos, os contratos de jogadores e patrocinadores vigoram apenas durante os campeonatos. “É complicado conseguir patrocinadores pela questão da credibilidade que a gente foi perdendo ao longo dos anos”, conta o dirigente. O time, fundado em 1963, possui sete títulos do campeonato amapaense, mas não ganha desde 2004.

FRANCESES EM SERGIPE?

Na segunda divisão de Sergipe, a situação é semelhante. “Os nossos campeonatos não são rentáveis, não temos patrocínios para realizar a competição, não temos grandes públicos nos estádios. O campeonato não é atrativo em termos de jogadores, já que a média salarial é baixa. Falta credibilidade frente aos torcedores porque não tem boas equipes”, descreve Diogo Andrade, diretor do departamento técnico da Federação Sergipana de Futebol. De acordo com ele, a média de público para jogos da Primeira Divisão do campeonato estadual varia entre 800 a 1000 pagantes, enquanto na Segunda Divisão é de 150 a 200 pessoas.
Fundado há 96 anos em Maruim, no interior de Sergipe, o Maruinense teve apenas 8 jogos em 2013.  Com R$ 50 mil reais de patrocínio para todo o ano, o clube tenta diversificar sua receita fazendo parcerias com times de outros estados e busca outras fora do país. “Nós estamos firmando um projeto de clube-escola, em que vamos receber jogadores franceses, treinar e mandar pra fora. Além disso, estamos negociando com amigos meus na Ponte Preta, na Portuguesa e no Palmeiras para mandarem jogadores de 20, 21 anos que não estão sendo usados nos times de base”, explica Manoel Rodrigues Neto, presidente do clube. Ele conta que o time já revelou jogadores conhecidos como o atacante Oséas, que jogou pelo Atlético Paranaense, Cruzeiro e Palmeiras, na equipe que conquistou a Libertadores, em 1999.
“Meu sonho é colocar o Maruinense na série B do Campeonato Brasileiro, em um nível mais alto”, conta o dirigente do time que hoje disputa a Segunda Divisão do campeonato sergipano. Mas, para o zagueiro Felipe Severo Santana, de 25 anos, que já jogou no São Caetano e no Atlético Paranaense, o clube precisa melhorar sua estrutura para fazer frente aos times de elite. “Nesses times tinha mais profissionais, alimentação de qualidade, já aqui é meio carente. Aqui tem que ser guerreiro”, opina o jogador, que já trabalhou até em uma loja de sapatos enquanto ficou parado no futebol. “Já pensei em desistir muitas vezes. Futebol é injusto demais”, afirma.
Para Diogo Andrade, da federação sergipana, o maior problema é a incompetência administrativa” dos clubes. “Os clubes precisam ir atrás de patrocínio e trabalhar dentro do que arrecadaram, fazendo um orçamento. Aqui, primeiro se forma a equipe, pra depois pensar em uma forma de pagar.” Para ele, os campeonatos deveriam ter menos equipes que deveriam passar por um filtro das federações  “exigindo um profissionalismo, para que não acumulem dívidas com os funcionários”, diz. “Eu já vi clube lamentando porque ia para a decisão da segunda divisão campeonato porque ia ter mais 15 dias de despesas”, relata, inconformado. Ele cita como bom exemplo de administração o caso do River Plate de Sergipe, que diante da possibilidade de disputar o Campeonato Estadual, a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil, desistiu dos campeonatos oficiais por falta de condições financeiras.
Em termos financeiros, explica Diogo, vale mais a pena disputar o campeonato sergipano do que o nacional. “O estadual dá vaga para duas competições nacionais: Copa do Nordeste e do Brasil. Jogando dentro do estado a despesa é menor, por isso o lucro é maior do que no Brasileiro. E você tem certeza que o campeonato dura de janeiro a maio, pode contratar um atleta sabendo que vai cobrir todas as etapas do contrato do jogador. Já no brasileiro, a primeira fase tem dois meses. Você contrata um jogador por três meses [mínimo exigido pela lei]. Neste mês extra os atletas querem receber, mas o clube está inativo .”
Para ele, compensaria aumentar o número de times na série D ou criar uma série E do Campeonato Brasileiro se a CBF colaborasse. “Nós temos equipes com condições de ingressar em competição nacional, desde que a CBF se comprometesse a cobrir as despesas da competição – transporte, alimentação e hospedagem. Sem isso não há grande vantagem”, diz.
Ele também defende os campeonatos estaduais e regionais e elogia a Copa do Nordeste, bancada pela CBF, em que os 16 clubes recebem uma cota fixa em torno de 345 mil pela participação, mais a renda das partidas: “Um clube de Sergipe não ganha menos do que 500 mil reais em uma competição como essa. Ela serve para engrandecer os times da região”, diz, lembrando ainda que o campeão da Copa do Nordeste tem vaga garantida na Copa Sul-Americana. “É um caminho curto para uma equipe de menor porte chegar a uma competição internacional”, diz.
De acordo com o site Esporte Nordeste, o campeão receberá cerca de R$ 1,5 milhões, incluindo a cota de participação, a classificação até a final e a premiação.Em 28 de novembro, a CBF divulgou a tabela da Copa Verde, que será disputada por 6 clubes das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. O vencedor da competição, que acontece entre fevereiro e abril de 2014, também ganhará vaga na Copa Sul-Americana.
A CBF foi procurada pela reportagem da Pública, mas disse que não iria se manifestar.

 PAULO ANDRÉ SABE O QUE É SOFRER NO FUTEBOL

Casos como esses mostram a necessidade de mudanças urgentes no futebol brasileiro, defendidas pelo Bom Senso FC, entre elas duas de interesse direto dos personagens desta reportagem: o aumento de jogos para os clubes pequenos (estendendo o calendário de atividade desses jogadores) e a instituição de um fair play financeiro, com a inclusão de leis mais severas para clubes que descumprirem suas obrigações contratuais. Só assim, seria possível mudar a história da grande maioria dos jogadores brasileiros, que alguns líderes do Bom Senso, como o jogador Paulo André, zagueiro do Corinthians, não esquecem.
“Eu morava num sítio que ficava quatro quilômetros da cidade, dormia num galpão com mais 30 outros sonhadores, aspirantes a jogadores de futebol. A nossa alimentação era precária: arroz, feijão e salsicha todo dia. A estrutura de treino era qualquer pedaço de grama que tinha na cidade. Nas viagens longas que se faziam pelo interior do estado, o ônibus quebrava e a gente chegava em cima da hora, atrasado pra jogar. Eu ganhava um salário mínimo, que era de 180 reais, e atrasava”.
A realidade vivida pelo craque 11 anos atrás, quando defendia as cores do Águas de Lindoia Esporte Clube, não mudou para os clubes menores, que ainda sofrem com esse vácuo de atuação de quem organiza o futebol brasileiro, como ele diz. “Isso não é fomentar futebol e sua prática, isso é expor trabalhadores a condições de risco. Isso é vender uma ilusão de ser jogador de futebol a milhares de pessoas, milhares de atletas, que vivem como verdadeiros bóias-frias do futebol. Vivendo do futebol três, quatro vezes no ano e depois tendo que encontrar outra divisão”, reflete.
“Queremos a redução de jogos dos times da Série A e aumento do número de jogos de todos os outros times brasileiros”, explica Paulo André, que vê os jogadores dos grandes times sobrecarregados de jogos e os dos pequenos sem-calendário. “A gente acredita que os clubes têm que jogar no mínimo 36 partidas e no máximo 72 partidas no ano. Qualquer modelo que consiga inserir essas duas premissas já é muito melhor do que o que está aí”, diz. “O que tem feito a CBF e as Federações sim, é um assassinato contra os clubes do interior.”
“Não há necessidade de que para que o pequeno exista, ele deva jogar contra o grande”, destaca. “Essa é uma grande mentira que tem emperrado o desenvolvimento dos pequenos. Hoje, no estado de São Paulo, que é o estado mais importante do país no futebol, a gente conta com 105 clubes. Desses 105, 85 não jogam contra os grandes porque fazem parte da Série A2, da Série A3 e da Série B do Paulista. E eles continuam sobrevivendo. Assim como os 7 clubes que jogam a Série A1 e não disputam competições nacionais. O que a gente pergunta para essas pessoas que defendem esse modelo é: qual é a diferença estrutural e financeira dos sete clubes que jogam a A1 para os 85 clubes que não jogam a A1? Não existe diferença. Todos eles estão se matando para tentar sobreviver”, conclui.
Por meio do Bom Senso FC, Paulo André e outros jogadores da “elite” também aproveitam sua visibilidade para denunciar os baixos salários e o atraso nos pagamentos que atingem a maior parte dos atletas. De acordo com dados da CBF, em 2010, 60% dos atletas profissionais registrados ganhavam até um salário mínimo, na época, R$ 510.  Apenas 4,3% ganhava acima de 20 salários mínimos. Na lista dos 20 jogadores mais bem pagos no Brasil, feita pela Pluri Consultoria a pedido da revista Época Negócios, pelo menos oito fazem parte do Bom Senso FC. Enquanto D’Alessandro (Internacional), recebe o melhor salário entre eles, cerca de R$ 7,5 milhões por ano, os jogadores do Mauaense ganham o correspondente a 0,1% desse valor – R$ 8.136 por ano, um salário mínimo por mês.

Disponível em: www.apublica.org/2013/12/os-boias-frias-futebol 

Na segunda-feira (17), os representantes do Bom Senso F. C. voltaram a se reunir em São Paulo para reafirmarem, de maneira mais sistematizada, algumas de suas propostas para o futebol brasileiro. As duas principais pautas de reivindicação dos jogadores - adoção do "fair play financeiro" e a reestruturação do calendário de jogos - foram os temas do debate. No que tange o "fair play financeiro", o modelo é inspirado no da UEFA, com entidade reguladora para fiscalizar os gastos dos clubes, responsabilização legal dos gestores, redução do "custo futebol" e maiores garantias quanto ao cumprimento dos contratos, respeitando os direitos trabalhistas dos atletas. Quanto à reformulação do calendário, a proposta de redução das partidas disputadas pelos grandes clubes e o alargamento do calendário dos pequenos, toma forma na criação de uma série E para o Campeonato Brasileiro, com 432 times, divididos em 36 grupos. A série D passaria a ter 144 equipes e a C 48. A proposta ainda prevê uma alteração no modelo dos estaduais, que seriam disputados no formato de Copas, durante o mês de junho. Solidez institucional dos clubes, responsabilização legal por má gestão, respeito aos direitos trabalhistas e garantia de emprego o ano todo, são propostas que atingem diretamente o cotidiano da maior parte dos profissionais do futebol, subempregados em pequenas equipes, vivendo em constante instabilidade financeira. Os "bóias-frias do futebol", como definiu Paulo André. A reportagem de Ciro Barros, Giulia Afiune e Renato Leite Ribeiro, pela "Pública - agência de reportagem e jornalismo investigativo", é um passeio por esse mundo onde a bóia, além de pouca é fria, onde o sonho substituí o pão na marmita. Um mergulho na parcela boleira do precariado nacional.
Sugestão e comentários de Jhonatan Uewerton Souza.