segunda-feira, 14 de abril de 2014

Crônica da Semana

A invisibilidade da seleção feminina no ano da Copa “masculina”

Bruno José Gabriel

O futebol no Brasil é um fenômeno que chama a atenção. Dele se ocupam, cotidianamente, milhares de profissionais responsáveis pela sua produção enquanto “espetáculo esportivo”. Isto só é possível, porque essa modalidade é, indubitavelmente, a que possui o maior volume de capital simbólico dentre as que estão dispostas na estrutura do campo esportivo. Ou seja, porque o futebol é consumido pelos brasileiros, também cotidianamente (inclusive dos que não gostam de futebol), dentro de um sistema, que de forma alguma está descolado de outros aspectos sócio-culturais.
Esses fatores são facilmente corroborados e reverberados em época de Copa do Mundo, como se pode verificar atualmente. A mídia global (televisão, rádio, jornal e revistas) está realizando uma grande cobertura sobre os aspectos relativos a esse evento. Diariamente, especialistas e não-especialistas em futebol informam e comentam este esporte e as suas diversas ramificações sócio-culturais (a competição, a probabilidade de êxito da seleção brasileira, a convocação e a contusão dos jogadores, o legado social, a mortes dos operários, as obras dos estádios e as de mobilidade urbana), o que, acaba provocando uma superdose da temática.
Ao ultrapassar os limites do campo, especialmente nos períodos de Copa do Mundo, o futebol produz e reproduz afirmativas, crenças e valores culturais. Para se ter idéia dessa situação, basta observar a invisibilidade midiática da seleção feminina durante o ano da Copa “masculina”. Essa invisibilidade pode acabar influenciando, sobretudo as novas gerações, no que se refere ao futebol enquanto uma prática esportiva voltada eminentemente ao público masculino.
O país que espera ansioso pela Copa, e acompanha diariamente as suas publicações, mal sabe que entre os dias 08 e 18 de Março a seleção feminina disputou os “Jogos Sul-Americanos”, realizados no Chile. Este torneio foi à primeira etapa de preparação para o Sul-Americano, que dará vaga a Mundial de 2015 no Canadá.
Na primeira fase, as brasileiras empataram com o Uruguai (0 x 0), e ganharam da Venezuela (5 x 0) e da Colômbia (2 x 1). No entanto, perderam a semifinal para a Argentina, nos pênaltis (5 x 3). Ao vencerem, novamente, a Venezuela (2 x 0), obtiveram a terceira colocação.  

Se, a maior significação social do futebol feminino no Brasil, atualmente, perpassa pela visibilidade midiática, acredito que este seja um dos ciberespaços mais adequados para a divulgação desta modalidade!