Crônica da Semana
A invisibilidade da seleção feminina no ano
da Copa “masculina”
Bruno José Gabriel
O futebol no Brasil é um
fenômeno que chama a atenção. Dele se ocupam, cotidianamente, milhares de
profissionais responsáveis pela sua produção enquanto “espetáculo esportivo”.
Isto só é possível, porque essa modalidade é, indubitavelmente, a que possui o
maior volume de capital simbólico dentre as que estão dispostas na estrutura do
campo esportivo. Ou seja, porque o futebol é consumido pelos brasileiros,
também cotidianamente (inclusive dos que não gostam de futebol), dentro de um
sistema, que de forma alguma está descolado de outros aspectos sócio-culturais.
Esses fatores são
facilmente corroborados e reverberados em época de Copa do Mundo, como se pode
verificar atualmente. A mídia global (televisão, rádio, jornal e revistas) está
realizando uma grande cobertura sobre os aspectos relativos a esse evento.
Diariamente, especialistas e não-especialistas em futebol informam e comentam
este esporte e as suas diversas ramificações sócio-culturais (a competição, a
probabilidade de êxito da seleção brasileira, a convocação e a contusão dos
jogadores, o legado social, a mortes dos operários, as obras dos estádios e as
de mobilidade urbana), o que, acaba provocando uma superdose da temática.
Ao ultrapassar os limites
do campo, especialmente nos períodos de Copa do Mundo, o futebol produz e
reproduz afirmativas, crenças e valores culturais. Para se ter idéia dessa
situação, basta observar a invisibilidade midiática da seleção feminina durante
o ano da Copa “masculina”. Essa invisibilidade pode acabar influenciando,
sobretudo as novas gerações, no que se refere ao futebol enquanto uma prática
esportiva voltada eminentemente ao público masculino.
O país que espera ansioso
pela Copa, e acompanha diariamente as suas publicações, mal sabe que entre os
dias 08 e 18 de Março a seleção feminina disputou os “Jogos Sul-Americanos”,
realizados no Chile. Este torneio foi à primeira etapa de preparação para o
Sul-Americano, que dará vaga a Mundial de 2015 no Canadá.
Na primeira fase, as
brasileiras empataram com o Uruguai (0 x 0), e ganharam da Venezuela (5 x 0) e
da Colômbia (2 x 1). No entanto, perderam a semifinal para a Argentina, nos
pênaltis (5 x 3). Ao vencerem, novamente, a Venezuela (2 x 0), obtiveram a
terceira colocação.
Se, a maior significação
social do futebol feminino no Brasil, atualmente, perpassa pela visibilidade
midiática, acredito que este seja um dos ciberespaços mais adequados para a
divulgação desta modalidade!