Crônica da Semana
Será que ainda pode piorar?
Mestranda Gisele Dall'Agnol Musse
Terminamos
a temporada passada do futebol nacional com dois clubes grandes rebaixados em
campo para segunda divisão do Campeonato Brasileiro – Vasco e Fluminense –, porém
começamos a temporada 2014 com apenas um deles realmente certo de que iria
disputar o acesso, já que o outro retornou à primeira divisão por decisão do
tribunal desportivo.
Embora
“batido”, o tema polêmico envolvendo Fluminense e Portuguesa ainda gera
discussão, seja em mesas redondas em programas esportivos ou em rodas de
botequim. Justo ou não, esse não é o foco do momento. O que está em voga agora
é o desfecho que a temporada 2014 pode ter. O Campeonato Brasileiro começou, o
Fluminense disputou as duas primeiras rodadas, com duas vitórias. Já a
Portuguesa, disputou apenas a segunda rodada da segunda divisão. Mas e a
primeira? Ora, a primeira a Lusa entrou em campo contra o Joinville, mas
“abandonou” a partida logo no início do primeiro tempo. Alegação? Estar
cumprindo uma determinação judicial após um torcedor da Portuguesa ter entrado
com uma ação contra a decisão do STJD de tirar pontos do time paulista no
campeonato passado.
Esse
ato de se negar a disputar uma partida pode ser prejudicial tanto para o
futebol brasileiro – para a imagem do futebol e do esporte devido ao ato
antidesportivo – como também para a própria Lusa, que corre risco de ser
julgada pelo abandono de campo, correndo o risco de ser rebaixada para a
terceira divisão, ou seja, o clube pode cair duas divisões em menos de um ano,
através de duas decisões do STJD (embora eu, particularmente, não acredite
nisso).
A
grande ironia de toda essa história é que, apesar de ainda estarmos bem longe
da decisão, o campeão brasileiro de 2014 pode ser o Fluminense, forte candidato
ao título já que começou muito bem o campeonato. Será um final ainda mais
polêmico para uma história que já deu muito o que falar.
Mas
essa novela está cada dia pior e segue uma direção sem volta. E a principal vítima
desse drama de gosto duvidoso é o próprio futebol, patrimônio cultural do
brasileiro que está caindo em descrédito e que já sofre consequências com a
falta de organização e gestão antiquada dos nossos dirigentes, os quais parecem
se preocupar apenas em tomar decisões cercadas de interesses escusos, na
maioria das vezes próximas a interesses políticos. E aí a falta de
profissionalismo e/ou da visão de que o futebol é um produto que pode ser ainda
mais rentável aos clubes e ao país se reflete nas arquibancadas, já que os estádios
estão longe de atingirem seu público máximo. Talvez se os resultados do futebol
fossem decididos em campo, os torcedores acreditassem na seriedade do principal
campeonato do país.