segunda-feira, 28 de abril de 2014

Crônica da Semana
Será que ainda pode piorar?

Mestranda Gisele Dall'Agnol Musse

Terminamos a temporada passada do futebol nacional com dois clubes grandes rebaixados em campo para segunda divisão do Campeonato Brasileiro – Vasco e Fluminense –, porém começamos a temporada 2014 com apenas um deles realmente certo de que iria disputar o acesso, já que o outro retornou à primeira divisão por decisão do tribunal desportivo.
Embora “batido”, o tema polêmico envolvendo Fluminense e Portuguesa ainda gera discussão, seja em mesas redondas em programas esportivos ou em rodas de botequim. Justo ou não, esse não é o foco do momento. O que está em voga agora é o desfecho que a temporada 2014 pode ter. O Campeonato Brasileiro começou, o Fluminense disputou as duas primeiras rodadas, com duas vitórias. Já a Portuguesa, disputou apenas a segunda rodada da segunda divisão. Mas e a primeira? Ora, a primeira a Lusa entrou em campo contra o Joinville, mas “abandonou” a partida logo no início do primeiro tempo. Alegação? Estar cumprindo uma determinação judicial após um torcedor da Portuguesa ter entrado com uma ação contra a decisão do STJD de tirar pontos do time paulista no campeonato passado.
Esse ato de se negar a disputar uma partida pode ser prejudicial tanto para o futebol brasileiro – para a imagem do futebol e do esporte devido ao ato antidesportivo – como também para a própria Lusa, que corre risco de ser julgada pelo abandono de campo, correndo o risco de ser rebaixada para a terceira divisão, ou seja, o clube pode cair duas divisões em menos de um ano, através de duas decisões do STJD (embora eu, particularmente, não acredite nisso).
A grande ironia de toda essa história é que, apesar de ainda estarmos bem longe da decisão, o campeão brasileiro de 2014 pode ser o Fluminense, forte candidato ao título já que começou muito bem o campeonato. Será um final ainda mais polêmico para uma história que já deu muito o que falar.
Mas essa novela está cada dia pior e segue uma direção sem volta. E a principal vítima desse drama de gosto duvidoso é o próprio futebol, patrimônio cultural do brasileiro que está caindo em descrédito e que já sofre consequências com a falta de organização e gestão antiquada dos nossos dirigentes, os quais parecem se preocupar apenas em tomar decisões cercadas de interesses escusos, na maioria das vezes próximas a interesses políticos. E aí a falta de profissionalismo e/ou da visão de que o futebol é um produto que pode ser ainda mais rentável aos clubes e ao país se reflete nas arquibancadas, já que os estádios estão longe de atingirem seu público máximo. Talvez se os resultados do futebol fossem decididos em campo, os torcedores acreditassem na seriedade do principal campeonato do país.