segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crônica da semana

O futebol das telinhas e das telonas: o contraste do simbolismo popular
por Bruno José Gabriel


O que podemos retratar sobre o nosso querido futebol? Quando nos deparamos com a temática futebolística vislumbramos inúmeras possibilidades de análises, discussões, resenhas e bate-papo.

A versão mais aceita por historiadores é a de que o futebol foi introduzido no Brasil em 1894, por Charles Miller, jovem paulistano que retornará de viagem de estudos na Inglaterra, trazendo em sua bagagem toda instrumentação básica (bolas, uniformes e um livro de regras) para a prática do novo desporto.


Posteriormente a esse acontecimento o futebol não para de evoluir e ganhar popularidade e adeptos, assumindo caráter predominante na sociedade.

Paralelamente ao futebol foram surgindo novos segmentos sociais, que influenciaram e foram influenciados pelo futebol. O primeiro que iremos abordar é o cinema, que foi introduzido na sociedade brasileira em 1898 através de Afonso Segreto que retornara de viagem na Europa, trazendo consigo uma máquina que era capaz de registrar imagens em movimento. O segundo é a televisão, que teve sua primeira transmissão teste 1920, mediante ao trabalho do inglês Jonh Logie Baird.

A partir deste momento podemos realizar a seguinte indagação: O futebol, um desporto que enraizou-se socialmente de forma bastante rápida, imbricando-se nas diversas culturas nacionais, sendo capaz de despertar inúmeros sentimentos em seus adeptos, como o de parar o país para visualizar o evento máximo do futebol – Copa do Mundo, foi e é reproduzido de maneira significativa nas telinhas e nas telonas, tendo inúmeros recordes de expectadores e audiência?

Neste momento visualizamos duas trajetórias dicotômicas. Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Ponta Grossa intitulada “O FUTEBOL NA REDE: A INTERNET COMO MEIO DE SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO” nos mostrou que o cinema a primeira vista pode não ter tratado o futebol de acordo com sua magnitude, entretanto o abordou em quantidade bastante significativa – 400 filmes catalogados e categorizados. Outra informação bastante significativa é a de que o futebol cinematográfico não foi capaz de despertar sentimento próximo ao natural, pois os filmes nacionais referentes nunca tiveram grandes públicos, como podemos visualizar nos dados da película: Os Trapalhões e o Rei do Futebol (Carlos Manga foi o diretor) que teve 3.650.000 expectadores. Ao analisarmos esse número visualizamos que realmente o cinema futebolístico não apresenta capital simbólico significativo na sociedade brasileira, pois somente nos 5 primeiros dias 2.000.000 de espectadores assistiram o filme Eclipse – Saga Crepúsculo, ou seja, 54,79% do público total do filme futebolístico nas primeiras 120 horas de exibição nacional.

Já no outro pólo visualizamos duas exibições semanais na Rede Globo (quarta-feira e domingo), com recordes de audiência. Assistir as rodadas dos principais campeonatos nacionais e sul americanos é um habitus da sociedade nacional, informação salientada na reportagem postada no blog da Folha UOL pela autora Keila Jimenez. Na reportagem a autora descreve que com o término do Campeonato Brasileiro a Globo obteve sua pior audiência da história no último domingo (11 de Dezembro).

Não se pretendeu buscar realizar comparações entre esses dois segmentos, buscou-se apenas expor alguns dados que nos fazem refletir sobre algumas discussões que permeiam o futebol, como por exemplo, os relatos empíricos que expõem que os apaixonados por futebol vivem o futebol e são consumidores assíduos dos produtos futebolísticos.  Fato posto em discussão quando visualizamos que o produto referente a industria cinematográfica não caiu no gosto popular. Talvez possamos até mesmo discutir através do viés cinematográfico se o futebol está enraizado na cultura popular de forma tão simbólica, quanto os estudos referentes à temática abordam.

O fato é que o futebol vem sendo reproduzido ao longo das temporalidades nas telinhas e nas telonas, entretanto com a ficção apresentando baixos índices de espectadores. Deixamos essa lacuna para que possa haver discussões a respeito da temática, pois como salientado acima, inúmeras são as possibilidades de abordagens retratamos o futebol, e aqui segue apenas uma parcela.

2 comentários:

  1. Caro Bruno:

    Parabéns pelo post. Esta questão central que você aborda é muito interessante. Até que ponto a idolatria do futebol no Brasil cria uma cultura do futebol, principalmente nos meios midiáticos. No caso do cinema, concordo com você, pois poucos filmes brasileiros que têm esta temática são produzidos com sucesso. Discordo apenas do exemplo dos Trapalhões pois foi na época um estouro de bilheteria do cinema nacional. Os números precisam ser relativizados com a época. Apenas para refletir: se no cinema temos esta situação, que tal pensarmos nos videogames, fenômeno cultural que, inclusive, movimenta grandes públicos e dinheiro ao redor do tema.

    Um abraço,

    André Alexandre

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  2. Caro André:

    Muito obrigado pelas orientações, vou seguir. Nesse caso minha preocupação central foi comprovar minha fala com números e acabei esquecendo da temporalidade.

    Essa questão dos games é bastante interessante, pois existem campeonatos e etc. Até os não praticantes do futebol consomem esses produtos.

    Um abraço,

    Bruno José Gabriel

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