sexta-feira, 20 de abril de 2012

Amo minha terra, torço pelo meu Estado





Vídeo sugerido e com comentários de Daniel Ferreira
Trata-se de uma campanha de marketing do Coritiba Foot Ball Club com o slogan “Amo minha terra, torço pelo meu Estado!”, em que os sócios do clube figuraram como protagonistas do vídeo.  Sem entrar no mérito da abordagem comercial – ao meu ver muito bem feita - a idéia é tecer alguns comentários acerca do discurso veiculado sob a perspectiva das identidades.


Na propaganda elenca-se elementos como agricultura, belezas naturais, indústria, modelos de cidadania e urbanismo e ainda, um povo de múltiplas raças: este seria o Estado.  
Tais elementos em si não são apresentados como refletindo uma identidade em comum dos paranaenses –no sentido  daquele nível inconsciente que os antropólogos  chamariam de uma determinada forma peculiar de “ser e agir” de algum grupo. E de fato se remontarmos a formação histórica do Paraná veremos que o estado é uma verdadeira “colcha de retalhos” em termos culturais. 

Mas quando estes elementos apresentados estão forma adjetivada (agricultura CAMPEÃ, INIGUALÁVEIS BELEZAS naturais, Indústria MODERNA E RECORDISTA, etc.), revela-se uma idéia sobre o/a paranaense: o destaque.  
Haveria ainda, segundo o vídeo, outra característica em comum que agregaria os/as paranaenses: “um sentimento  comum de amor à terra”.
 
Sem entrar no mérito, agora da questão do surgimento do próprio conceito (e dos sentidos colados a ele) de nacionalidade – neste caso regionalidade – as duas noções sobre o paranaense me chamam atenção.
A primeira contraria claramente uma afirmação de Brasil Pinheiro Machado, geopoliticamente paranaense, acadêmico de direito no Rio de Janeiro em 1930:

“Eu poderia afirmar sem errar por muito que o paranaense não existe. O paranaense não existe dentro do complexo brasileiro (...) O Paraná é um Estado sem relevo humano. Em toda sua história nada houve que realmente impressionasse a nacionalidade. Nenhum movimento com sentido consciente mais ou menos profundo. Nenhum homem de Estado. Nenhum sertanista. Nenhum intelectual, Nem ao menos um homem de letras.”

A segunda superaria uma aflição, constatada por Gordon Mathews - antropólogo norte-americano - sobre o indivíduo pós moderno, o qual desenvolveria uma identidade de mercado
“Identidade de mercado, por outro lado, está baseada em não pertencer a nenhum lugar determinado, mas sim, ao mercado tanto em suas formas materiais como culturais; na identidade baseada em mercado o lar de um indivíduo é o mundo inteiro.”