domingo, 15 de abril de 2012

Crônica da Semana

Clube dos 13 – Um jovem de 25 anos agonizando
por Edson Hirata

A criação do Clube dos 13, em 1987, foi um passo importante para o desenvolvimento do futebol brasileiro. A união dos maiores clubes de futebol do Brasil instituiu, à época, um importante agente político para combater a crise que assolava a modalidade. Os clubes estavam falidos, os campeonatos eram desorganizados, não havia respeito aos torcedores e a televisão era vista como uma ameaça, pois tirava público dos estádios. 

 
A primeira intervenção significativa do Clube dos 13 foi a realização da Copa União. Ali demonstrou-se que o futebol pode ser rentável. O patrocínio da Coca Cola e da Varig e a venda dos direitos de transmissão para a Rede Globo garantiram que a competição seria superavitária. O campeonato brasileiro de 1987 foi um grande sucesso.
Contudo, em 1988, o Clube dos 13 cedeu à CBF e as diretrizes dos campeonatos nacionais voltaram às mãos dos dirigentes daquela entidade.
A partir daí a principal função do Clube dos 13 foi negociar os contratos de direitos de transmissão. Pode-se entender que tiveram um sucesso significativo nessa tarefa, pois conseguiram um aumento gradual nos valores dos contratos. De acordo com o site da entidade, em 1987, o contrato previa 3,4 milhões de dólares para ser rateado entre os clubes. Esse valor passou para 6 milhões de dólares em 1994, 10,4 milhões de dólares em 1995, 50 milhões de reais em 1997, 130 milhões de reais em 2002, 300 milhões de reais por ano no triênio 2005 a 2008 e 460 milhões de reais por ano no triênio 2009 a 2011.
Não podemos negar a importância do Clube dos 13, mas sendo a entidade que representa os clubes de mais 90% dos torcedores do Brasil, era de se esperar que a sua força política fosse maior. Os clubes não conseguem enxergar o poder que possuem quando unidos em prol do futebol. Qual outra razão teria a CBF para tentar conduzir um de seus aliados, Kleber Leite, à presidência do Clube dos 13?
A estratégia da CBF em tomar o poder no Clube dos 13 pode não ter se concretizado plenamente, todavia, nas entrelinhas, sabe-se que um processo eleitoral já contribui muito para a divisão de um grupo e a candidatura de Kleber Leite se não foi vitoriosa, dividiu muito a força do C13. Talvez não tenha sido à toa que menos de um ano depois, o C13 tenha perdido totalmente sua força e agora, após a polêmica disputa entre Rede Globo, Record e Clube dos 13, nem mesmo a prerrogativa de ser a entidade responsável pela negociação dos direitos de transmissão tenha mais.
No ano em que completa 25 anos, o Clube dos 13 parece agonizar. Não tem mais força política e seus clubes-membros colocam os interesses particulares de seus clubes acima de tudo. A CBF agradece.

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