quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Não há disputa entre São Paulo e Rio na CBF", diz Marin

Em Londres, presidente da CBF afirma que agora está preocupado com o que enfrentará no congresso da Fifa. Foto: Beto Oliveira/Agência Câmara

Golpe, traição e insurgência. As duras palavras foram utilizadas pelo presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Rubens Lopes, para descrever a candidatura de Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), à vice-presidência da CBF.

 
Apesar da revolta do cartola carioca, a paz entre as duas federações foi selada rapidamente na semana passada, após encontro na sede da Confederação Brasileira. Depois disso, o presidente da CBF, José Maria Marin, assegura que não há mais nenhuma divergência entre os dois dirigentes.
"Posso garantir a vocês que não existe conflito. Antes de viajar para o exterior, tive a oportunidade de reunir na minha sala o Rubens e o Marco Polo. Os dois deram as mãos e eu coloquei as mãos em cima deles. A disputa se resolve no campo esportivo e através do respeito mútuo", afirmou o dirigente.
Ainda não ficou claro como a disputa pela vice-presidência do sudeste (que na entidade engloba apenas RJ e SP) será definida. Ao menos por enquanto, Zagallo segue como candidato da Ferj para o posto. Marin, entretanto, dá sinais de que o entendimento já foi alcançado entre os interessados pelo cargo.
"Acho que eles Del Nero e Lopes já se entenderam quanto a uma melhor solução para o futebol brasileiro. Mas, eu posso garantir a vocês que não existe disputa entre São Paulo e Rio", reiterou o presidente.
A eleição que colocaria o presidente da FPF contra o ex-técnico da Seleção Brasileira não tem data para ocorrer. Se é que de fato será realizada, já que o próprio Zagallo admite deixar a disputa, caso Lopes decida dessa forma.
Em Londres, Marco Polo Del Nero evitou falar em compensações para acalmar o cartola da federação fluminense. No entanto, demonstrou tranquilidade com a questão, que parece estar definida. "Não estou preocupado com essa situação no momento. Estou preocupado é com o que vamos enfrentar em Budapeste (no congresso da Fifa, no final de maio). Temos que nos preparar e é isso que estamos fazendo".
Sobre as declarações espinhosas das últimas semanas, Del Nero foi irônico. "Toda vez que você mantém um diálogo de nível elevado, você busca um caminho bom", completou.
Texto sugerido e comentado por Ernesto Marczal.


O tensivo embate entre cariocas e paulistas não poderia deixar de permear os bastidores do poder na CBF. Negar este certame, ainda mais diante de declarações tão contundentes entre os dirigentes das federações do RJ e SP, não só reforça a questão como pressupõe certa inocência (ignorância, talvez?) dos interlocutores sociais interessados nas sinuosidades do meio esportivo.
Mesmo diante de um suposto acerto entre os respectivos presidentes que evite o enfrentamento direto nas urnas, as divergências internas permanecerão, ainda mais diante da brecha aberta pela relativa saída de Ricardo Teixeira da posição de mandatário inabalável. De certa forma, refutar a existência desta disputa política seria não só desconsiderar o cenário recente, mas fechar os olhos para a própria, e longeva, experiência histórica das entidades desportivas no Brasil.