quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Carioca supera 100 mil adversários e entra para seleção mundial da Nike

Wallace Camilo, de 19 anos, é um dos dezesseis finalistas do programa “A Chance”, que reúne aspirantes a craques para treinar na Europa e enfrentar grandes clubes como o Manchester United.

Na seletiva final, Wallace marcou um gol de falta, que o colocou entre os 16 craques do time da Nike.


Após passar pelos times do Boavista e do Resende , ambos no interior fluminense, o jovem Wallace Camilo já havia desistido do sonho de jogar futebol para arranjar um emprego e ajudar as contas da família. Mas a vida do carioca do bairro de Padre Miguel mudou quando um amigo lhe avisou do programa “A Chance” .
Promovido pela Nike , o projeto selecionou em sua última seletiva, no sábado (25), Wallace e mais quinze adolescentes de todo o mundo para participar de uma seleção de futuros craques, a Nike Academy , que treinarão na Inglaterra e enfrentarão as categorias de base de grandes times do mundo, como a Juventus , da Itália, e o Manchester United , da Inglaterra.

“Eu me sinto o homem mais feliz do mundo. Depois de já ter desistido do futebol, estou realizando o meu sonho. Está sendo incrível”, conta Wallace, de 19 anos, em entrevista ao iG . 

Entre o começo da competição, que contou com etapas regionais e nacionais, e a seletiva final, realizada em Barcelona no sábado, o atleta - único latino-americano entre os finalistas - deixou para trás cerca de 100 mil adversários no mundo todo. 

A final, na qual os jurados observaram comportamento dentro de campo, porte físico e técnico e o rendimento na partida, Wallace marcou um gol de falta. Para o atleta, a jogada foi a prova de que ele merecia mais uma chance.

“Eu tinha treinado bem durante a semana, mas não estava jogando bem na partida. O que me salvou, graças a Deus, foi aquele gol de falta”, diz o atleta, que joga como meio de campo desde os quatro anos de idade nas peladas de seu bairro, e é fã confesso de Ronaldinho Gaúcho , Neymar eRobinho . “Jogo no meio, centralizado, com bastante habilidade e movimentação”, explica o boleiro sobre sua função dentro do gramado.

Para Wallace, a experiência de jogar com atletas de outros países foi um dos pontos altos do programa. “Foi bem legal, apesar de eu não entender muito bem o que as pessoas falavam. Mas dentro de campo, dava para se entender facilmente. Todo mundo fala um mesmo idioma ali, o futebol”, brinca o meia.

Além de treinar nas instalações do Barcelona, Wallace teve a chance de conhecer alguns ídolos. “Vimos os jogadores do 'Barça' e também o [zagueiro] David Luiz e o Marco Materazzi, que foi campeão do Mundo com a Itália”, conta o jovem, que não pegou nenhum autógrafo, mas quis tirar uma foto com o zagueiro da seleção brasileira.

Enquanto espera de sua casa, no Rio de Janeiro, a ida para a Inglaterra onde vai se juntar aos outros quinze atletas no Nike Academy, Wallace faz planos já para primeiro salário: quer ajudar a mãe a pagar as contas de casa -- o pai morreu quando ele tinha 7 anos de idade. “Minha mãe teve que trabalhar muito para nos sustentar. Quero poder retribuir isso”, completa ele.

Em cinco anos, o carioca espera estar vestindo uma camisa amarela bastante conhecida nos gramados do mundo: “Quero estar jogando profissionalmente e, quem sabe, brigando por uma vaguinha na seleção brasileira que vai disputar a Copa de 2018 ”, explica Wallace.


Sugestão e comentário de Miguel de Freitas.

O futebol brasileiro é um celeiro de craques de todos os tipos, idades e formas. Mas não adianta somente ter talento, é necessário estar no lugar certo com pessoas certas e ainda por cima ter uma dose de sorte.

Há quem deva estar contrariado, pois para muitos o futebol é um dos poucos espaços sociais em que prevalece a merotocracia, mas isto não pode ser visto de forma radical e/ou absoluta, pois existem inúmeros meninos da periferia que acreditam jogar muito bem, porém quando vão para grandes clubes fazer testes ficam acanhados e acabam retornando com um sentimento de culpa e muita vergonha, por ter o seu sonho tolhido precocemente e outros não chegam nem a sair da cidade.

Se você é do grupo que acha que para chegar a ser jogador de futebol não é necessário sorte, veja a matéria sobre Wallace Camilo, um jovem de 19 anos que já havia tentado ser jogador de futebol e após suas frustrações, estava procurando emprego, mas acabou participando de um processo seletivo patrocinado pela NIKE e agora está entre os 16 finalistas que farão parte de uma seleção que irá treinar e jogar na EUROPA.