domingo, 12 de agosto de 2012

Crônica da Semana


Paris Saint-Germain: de emergente a investidor da vez
por Gisele Dall'Agnol Musse, Graduanda em Educação Física (UFPR)
          Nasser Al-Khelaifi - Crown Prince of Qatar and current heir apparent to the throne of the State of Qatar, Sheikh Tamim Bin Hamad Al-Thani watches his football club Paris Saint Germain during a training session with President of the club Nasser Al Khelaifi  and Director of foo
      Em se tratando do futebol atual, aquele espetacularizado, não é uma novidade quando algumas transações geram cifras astronômicas. Tão altas que é difícil até dimensioná-las. E mesmo com uma crise global, sobretudo em alguns países da Comunidade Europeia, sempre tem um clube da vez. As contratações milionárias do momento direcionam as atenções ao Paris Saint-Germain, clube que está investindo na formação de uma equipe composta por atletas reconhecidos mundialmente. A última aquisição foi a do meia-atacante Lucas: 43 milhões de euros pagos ao São Paulo, tornando-se a transação mais cara da história do futebol brasileiro.
      Mas a contratação do jovem ídolo são-paulino não foi isolada. Antes dele, fecharam contratos vultuosos com o clube parisiense vários outros pop-stars do futebol mundial. Podemos citar, por exemplo, as aquisições realizadas nessa pré-temporada: Thiago Silva (42 milhões de euros), Lavezzi (30 milhões de euros) e Ibrahimovic (20 milhões de euros). Vale ressaltar que as três aquisições foram anunciadas em pouco mais de duas semanas. Não se deve esquecer também da contratação do argentino Pastore, no ano passado, por 43 milhões de euros. Estima-se que o valor gasto com contratações pela gestão atual do PSG já se aproxime a algo em torno de 255 milhões de euros.
        Apesar do campeonato francês nunca ter sido um dos mais fortes do continente europeu, nos últimos dois anos o PSG realizou contratações milionárias simultaneamente à crise econômica que atingiu alguns países da Comunidade Europeia. Tudo isso porque o clube foi comprado por um fundo de investidores proveniente dos Emirados Árabes, o Qatar Investment Authority (QIA), liderado pelo Sheikh Tamim Bin Hamad Al Thani, e hoje é movido à petrodólares. Detentor de 70% das ações do clube, o grupo já se mostrou disposto a abrir o cofre para adquirir reforços de peso visando transformar o PSG em uma potência do futebol francês. Praticando lavagem de dinheiro ou não, o fato é que os investimentos do Qatar Investment Authority colocam o PSG entre os clubes mais badalados da Europa, capaz de disputar o título da Champions League, assim como os principais campeonatos europeus.
      Em se tratando de transações, sejam elas nacionais ou internacionais, não há como deixar de observar os números exorbitantes que giram em torno do futebol. Com os 43 milhões de euros pagos ao São Paulo pela contratação do meia-atacante Lucas, por exemplo, seria possível comprar algo em torno de 1100 ambulâncias ou, até mesmo, construir aproximadamente 117 escolas. Se pensarmos ainda nas receitas financeiras obtidas pelos clubes de futebol,percebemos que o valor dessa transação realizada entre o São Paulo e o Paris Saint-Germain representa praticamente três vezes mais que o valor que o São Paulo receberia de um patrocínio master na camisa. Portanto, se podemos pensar em uma crise econômica nos países europeus, principalmente naqueles que aderiram à Comunidade Europeia, não se pode pensar que ela se reflita tão diretamente no futebol. Vide os casos do Barcelona e Real Madrid na Espanha, um dos países mais afetados, mas com os atletas mais caros do mundo, como Messi e Cristiano Ronaldo. E agora a própria França.
       Fechamos, então, com esta contundente afirmativa: “– Não há receita de estádio, televisão e patrocinador que pague essas compras absurdas. Se isso não é lavagem de dinheiro, não sei mais o que é!” – critica Amir Sommogi, diretor da empresa BDO Brazil e especialista em marketing esportivo. Precisamos refletir...