segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Deputado debate "Proforte" com dirigentes de clubes e ministro Aldo Rebelo

Programa busca crescimento olímpico em parceria com o futebol.

Foto: Assessoria
Projeto prevê que o valor da dívida fiscal do clube seja revertido na produção esportiva em modalidades olímpicas de alto rendimento.

O anteprojeto de lei denominado Proforte (Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos), elaborado por uma comissão do Ministério dos Esportes, passou por uma nova rodada de debates envolvendo dirigentes de clubes e entidades ligadas ao esporte. O projeto prevê que o valor da dívida fiscal do clube seja revertido na produção esportiva em modalidades olímpicas de alto rendimento, visando à abertura de portas para a “democratização do esporte”, como definiu o ministro Aldo Rebelo, presente à reunião.
Caso o anteprojeto de lei seja aprovado, as entidades beneficiadas criarão um sistema de bolsas para esportes olímpicos voltados a crianças e jovens comprovadamente carentes. Para tanto, o clube deverá investir na criação, expansão e modificação de suas estruturas, além de dar o suporte necessário à formação do atleta. Os esportes paralímpicos também receberão uma parte do investimento, segundo o primeiro texto da lei.

Para o ministro Aldo Rebelo, o futebol funciona como um “fator de formação da identidade do brasileiro” e, por isso, deve ser preservado, mas que os times também devem olhar para outras modalidades. “Precisamos valorizar os investimentos dos clubes. Esse projeto será um bem para o esporte e para o estado”, declarou em reunião na sede da FPF.

Há uma preocupação do Deputado Federal Vicente Cândido (PT-SP) compartilhada pelo presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, sobre como ter um programa permanente de formação de atletas. Para isso, o deputado sugeriu que se revitalizasse o programa da Timemania para redirecioná-lo ao programa permanente de iniciação esportiva.

Vicente Cândido também sugeriu a implementação da denominada imunidade tributária, ou seja, uma imunidade condicionada aos clubes, como é feito, por exemplo, com a Saúde, a Assistência Social e a Educação. Com isso, se complementaria esse programa que instituirá de vez uma política para o esporte e que, certamente, se transformará em uma política de estado.

O presidente da CBF, José Maria Marin, aprova a ideia principal do projeto, mas salienta que seu sucesso depende de uma resposta positiva dos clubes na formação de atletas.

Vários presidentes de clubes estiveram presentes a reunião, entre eles, Juvenal Juvêncio, do São Paulo Futebol Clube. “Acho que agora é preciso avançar, debater essa lei. A discussão está lançada, e isso é importante. Estamos dando os primeiros passos e acreditamos no trabalho do ministro Aldo Rebelo.” Da mesma opinião compartilha o presidente do Santos Futebol Clube, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, que está convencido que este é um programa de incentivo às atividades olímpicas e à formação de atletas de base. “Acho que incentivar a aplicação de recursos na formação de valores é pensar no futuro”.

Para o presidente Corintiano, Mário Gobbi, que fez um apelo ao ministro dos esportes para que seja instituída uma Medida Provisória a fim de acelerar a implementação da lei, esta iniciativa não servirá apenas para os clubes sanar suas dívidas. “Na verdade é um projeto que faz o clube dar prioridade à formação de atletas olímpicos. O objetivo é o fortalecimento dos esportes olímpicos através dos clubes de futebol, que já têm estrutura formada”.

Já pensando na Olimpíada de 2016, Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, acredita que este projeto vai propiciar a conquista de um maior número de medalhas no Rio de Janeiro e citou o próprio clube para reforçar a identidade do futebol com os esportes olímpicos. “Tenho certeza que podemos trazer mais medalhas. É preciso haver incentivo. O Palmeiras tem tradição em esportes amadores, como no tênis de mesa e o judô. A tendência é que o Brasil tenha melhores resultados na próxima Olimpíada”, afirmou.

Presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa garante que clubes e governo aliados podem auxiliar consideravelmente no surgimento de talentos, apesar da proximidade com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Se houver um incentivo vindo dos clubes e do governo, sem dúvida que em esportes como o boxe, atletismo, natação, entre outros, vão surgir muitos talentos. O apoio é muito pequeno, mas esse projeto pode ser uma boa saída. A Olimpíada está muito próxima, porém temos tempo de melhorar”, opinou o mandatário do clube do Canindé.

Por fim, Peter Siemsen, presidente do Fluminense, acredita na correção do que chama de maior deficiência do esporte olímpico brasileiro: o investimento na base. “Na performance olímpica, vamos melhorar muito aquilo que é a maior deficiência do esporte no Brasil hoje, a formação do atleta. Atualmente, o atleta recebe investimentos quando ele está em uma condição de carreira de reconhecimento, porém, isso precisa vir desde a base”, finalizou.


Sugestão e comentário de Natasha Santos.

Muito ardiloso o projeto de incentivo ao esporte olímpico, apresentado no site do deputado Vicente Cândido. A parceria entre clubes de futebol e governo realmente proporcionaria um salto nunca antes visto na política esportiva. Mas se, e somente se, houvesse uma parceria. Algo soa estranho na matemática básica governamental...

Ora, João compra 5 caixas de laranjas, mas, como tem dinheiro para apenas 2, fica devendo 3. Acontece que Joaquim, o dono da banca, perdoa a dívida para que o valor seja repassado para a compra de uma caixa de maçãs. Ora, mas que dinheiro será utilizado, se João não pagou a dívida e Joaquim não só está sem as 3 caixas de laranja, como também precisa comprar uma de maçã? Curioso, curiosíssimo...

É deveras ingênuo acreditar que depois do endividamento bilionário dos clubes (vide a crônica da semana passada: http://nefutebolesociedade.blogspot.com.br/2012/08/cronica-da-semana_20.html), estes assumam o compromisso de investir um dinheiro (que "não existe") no esporte olímpico. Nunca antes na história deste país se viu tamanha publicidade em um nítido golpe público! Não sei vocês, mas para que o valor da dívida seja utilizado, acredito que é preciso que ela seja paga, antes de mais nada.