Um dos elencos mais caros do Brasil, o Corinthians parou nas oitavas de final da Copa Libertadores, bem antes do que a direção projetava para o torneio. Mesmo assim, comissão técnica e cartolas alvinegros se recusam a usar o investimento feito como parâmetro para medir o desempenho da equipe e se irritam com as questões a respeito.
“Tenho muito cuidado para falar de valores. Se for em termos de valores, o Chelsea tem de ser campeão porque o técnico deles ganha umas 20 vezes mais. Senão, a gente vai medir qualidade pelo valor que tu ganhas. Essa pergunta é inoportuna. Não é legal”, disse Tite, quando um repórter tocou no assunto durante a entrevista coletiva.
“Claro que a gente sempre quer chegar na final dos torneios, mas nem sempre dá para ser assim. Se for pelo valor nós não podíamos ter ganho do Chelsea”, disse Roberto de Andrade, diretor de futebol do clube, repetindo o discurso do treinador.
A bronca dos corintianos, porém, não esconde a queda precipitada. Para montar o elenco atual, o clube desembolsou 22 milhões de euros (R$ 57,3 milhões) só neste ano nas contratações de Alexandre Pato, Renato Augusto e Gil. A base do Mundial de Clubes também não saiu barata.
O Corinthians gastou R$ 15 milhões para ter Paulinho, R$ 7,5 milhões por Guerrero, R$ 7 milhões por Guilherme, R$ 3 milhões por Douglas e R$ 1,4 milhão por Romarinho. No total, são 91,2 milhões gastos com a formação atual, que neste ano não passou do primeiro mata-mata da Libertadores.
O investimento, é claro, está muito longe de ser “perdido”. A maior parte dele, na verdade, já foi paga com as conquistas de 2012, como a Libertadores e o Mundial. Nesta temporada, se não terá a América novamente, o Corinthians ainda pode sonhar com Paulista, Copa do Brasil, Recopa e Campeonato Brasileiro.
“O ano está muito longe de acabar”, alerta Duílio Monteiro Alves, diretor-adjunto de futebol do clube.
Sugestão e comentário de Natasha Santos.
Se altos investimentos são garantia ou não de vitória, não é a principal contribuição da notícia acima. Os dados dos gastos efetuados pelo clube meio que comprovam o aumento na capacidade de clubes brasileiros, em manter jogadores "caros". Claro, ainda abaixo do padrão europeu, talvez, mas muito acima do que sempre foi aqui. Aí temos que destacar dois elementos: a crise europeia (que já é uma espécie de "lugar comum" para explicações sobre os motivos de o Brasil ir bem) e, essencialmente, a entrada mais assídua de patrocinadores (no caso do Corinthians, por meio do Ronaldo, sobretudo). Isso sem falar na repatriação de uma série de jogadores que, normalmente, iriam para o leste europeu, encerrar a carreira... Talvez finalmente estejamos apontando, com plenitude, para a tal "metamorfose do futebol".
