terça-feira, 16 de novembro de 2010

Crônica da Semana

O Coritiba voltou !

Por M.s. Celso Luiz Moletta Jr
ISAEC Colégio Martinus Centro
Núcleo Futebol e Sociedade
celsomoletta@gmail.com



Um ano após a catastrófica queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro da segunda divisão, o Coritiba Foot Ball Club está de volta ao primeiro escalão futebolístico local. Uma volta, que devido às circunstâncias, possui um significado pontual e emocional para a torcida do clube. Porém, o intuito desta crônica e fugir do “lugar comum” do torcedor e analisar esta situação à parte das emoções, com um olhar voltado para o processo de gestão do clube neste ano.

Após um ano de rendimento dentro de campo intermediário e um processo de gestão administrativa do clube - talvez impulsionado pelo fato da comemoração do aniversário de 100 anos – totalmente falho, o Coritiba foi rebaixado à segunda divisão do campeonato brasileiro de 2009, na última rodada da competição em uma partida contra o Fluminense. Somado ao rebaixamento, o clube viu uma barbárie acontecer em seu estádio.

Centenas de torcedores invadiram o campo de jogo após o término da partida e agrediram jogadores de ambas as equipes, a arbitragem e os dirigentes; e ainda a depredação de grande parte do patrimônio do clube. Como conseqüência dos atos, o Coritiba foi punido pelo S.T.J.D. com a perda de 10 jogos, sem poder jogar em seu estádio no ano de 2010 e ainda uma multa de 100 mil reais. O julgamento, realizado no Rio de Janeiro, foi passivo de muita polêmica.

O ano de 2010 iniciou então para o clube com um grande problema administrativo. Iniciar a série B, jogando 10 jogos longe de seu estádio, e somados a isso uma redução drástica dos valores de imagens pagos pela televisão poderiam ter gerado um grande problema de estruturação. Ao contrário, o que se viu, foi à instalação de um processo de re-ordenamento administrativo. Quem foi o gestor deste processo foi o então eleito vice-presidente Vilson Andrade Ribeiro. Vilson é ex- executivo comercial da seguradora do Banco HSBC, e chegou ao clube à convite da diretoria. Neste ponto, é que surge o primeiro ponto: a implementação do processo de gestão administrativa de um clube de futebol passa necessariamente por alguém que não é especialista no assunto. Não é comum observar especialista da administração esportiva guiando clubes. Apesar de não ser um especialista de em futebol, Vilson procurou servir de pessoas que são especialistas no assunto, o principal deles o Coordenador de Futebol Felipe Ximenes, Gerente Esportivo de formação acadêmica.

No que diz respeito ao departamento de futebol, o clube primeiramente manteve a comissão técnica do ano anterior. Algo raro em fracassos, porém essencial quando se pensa em gestão de processo, em que o resultado a longo prazo. Em segundo, lugar o clube reestruturou o plantel, dispensando 25 % do elenco de 2009 e contratando jogadores de envergadura técnica superior e com um custo menor, através de parecerias aonde os jogadores vêem até o clube e sedem uma porcentagem de seus direitos federativos ao mesmo. Ainda passou a ocupar 23 % do elenco com jogadores oriundos das categorias de Base. Ainda sim, o departamento de futebol foi o local do clube que mais recebeu investimento.

No departamento de marketing do clube, mesmo jogando mais da metade dos jogos fora de casa (o clube escolheu a cidade de Joinville), o clube conseguiu sair de 9 mil sócios para 17 mil sócios. Ainda assim, o clube, conseguiu aumentar os parceiros, atraindo Coca Cola, e outras multinacionais como parte do projeto.

Assim, por fim o Coritiba volta à primeira divisão, reestruturado. O clube iniciou um processo de gestão, até o qual em nenhum momento tinha passado. Importante ressaltar que não foi um especialista em gestão esportiva que o fez, porém o responsável cercou-se por pessoas capacitadas para tal. Ressalta-se também que de nada adiantaria o trabalho, em termos de reconhecimento público, se os resultados em campo não fossem positivos. Por fim, lastima-se de que gestão profissional em clubes de futebol ainda sejam coisas ou para momentos de crise, ou para realidades não brasileiras.

Um comentário:

  1. André Alexandre G. Couto19 de novembro de 2010 às 23:16

    Caro Celso:

    O seu texto faz uma boa relação entre planejamento e reestruturação do clube de futebol e resultados positivos dentro de campo. No caso do Coritiba deu certo, mas nem sempre isto ocorre, apesar de considerar um ótimo início de caminho. Quando um clube grande como o Coxa cai para uma divisão inferior, o torcedor se aproxima mais do clube, a imprensa cobre o noticiário com mais vigor, pois vende mais neste momento, o que cria um clima bem positivo para o caminho de volta. Mas, sabe o que eu acho o que mais falta em nossos clubes? Um bom planejamento do marketing institucional. Nisto, os clubes europeus estão anos luz a nossa frente.
    Mas, gostei muito da volta do Coxa à Série A, assim como a do Bahia. Paraná e Bahia, pela importância do futebol nestes estados, têm que ter mais de clube nesta primeira divisão. Também estou torcendo pelo Sport, mas está difícil...

    Um abraço,

    André Alexandre G. Couto
    Rio de Janeiro

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