quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Fluminense pode perder R$ 9 mi do título brasileiro para pagar dívidas, diz jornal

Siemsen afirma que Flu pode ter problemas para honrar compromissos no fim de 2012


O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, cumprimenta o artilheiro tricolor Fred.

O título brasileiro conquistado pelo Fluminense no último domingo pode não aliviar as dificuldades financeiras vividas pelo clube. De acordo com o jornal O Globo, a premiação de R$ 9 milhões oferecida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao campeão corre risco de ser penhorada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A diretoria tricolor diz que o órgão federal quer aumentar a parcela paga mensalmente pelo clube – de R$ 998 mil. O valor é direcionado para pagar dívidas trabalhista e previdenciária de R$ 35 milhões, acumuladas entre o período de 2007 e 2010.

Se a PGFN confirmar a sua intenção, o Fluminense poderá fechar o ano com problemas sérios: salários, 13º dos funcionários e contas de luz e água não irão ser pagos. O presidente Peter Siemsen lamenta a situação e demonstra preocupação com o futuro próximo.
“A Procuradoria está pedindo mais dinheiro, mas já estamos no limite. Como vamos pagar as nossas contas?”, questionou o dirigente ao jornal.
As receitas extras do Fluminense são alvos da PGFN. O clube garantiu R$ 4 milhões referentes ao contrato com a Rede Globo pelos direitos de transmissão de imagem, outros R$ 14 milhões com a venda de Wallace para o Chelsea e mais R$ 9 milhões com o dinheiro do prêmio pelo título nacional.
Para encerrar a dívida de R$ 35 milhões, o Fluminense acordou o pagamento em parcelas de R$ 998 mil. Nos últimos três meses, o clube honrou o compromisso. Em janeiro, o valor aumentará para R$ 1,2 milhão. No entanto, não há um contrato formal para definir a forma de pagamento, que a PGFN quer modificar.
“A Procuradoria não pode, por lei, fazer um contrato, não existe um ‘aceito’ formal. É ‘de boca’, mas a conduta não tem sido legal, porque mostramos o que poderíamos pagar e, agora, eles querem premiação, venda de jogadores e não dá. Do contrário, inviabiliza o fim de ano do clube”, completou Siemsen.
O presidente afirma que o Fluminense está em dia com os seus compromissos atuais. Os problemas são as dívidas feitas no passado. "Estamos pagando em dia o ano corrente. O que está sendo discutido é o passado. Não devemos nada desde dezembro de 2010. O clube é campeão e a procuradoria quer penalizá-lo?”, encerrou.
Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/brasileiro/serie-a/ultimas-noticias/2012/11/14/fluminense-pode-perder-r-9-mi-do-titulo-brasileiro-para-pagar-dividas-diz-jornal.htm

Sugestão e comentários de Ernesto S. Marczal.


Em meio à celebração do Fluminense como Campeão Brasileiro de 2012, a notícia replicada pelo portal UOL evoca o tricolor carioca para as dificuldades administrativas do futebol nacional. Não raramente, nos últimos dias, a equipe das Laranjeiras foi notabilizada pela crítica esportiva especializada como modelo de gestão, aspecto fundamental para a composição do elenco vitorioso e também para a conquista antecipada do campeonato. Contudo, a referida matéria pinta um cenário que, para mim, leigo nos trâmites burocráticos e pendências gerenciais dos clubes nacionais, parece um tanto controverso. O risco de penhora da premiação a ser recebida pelo clube em decorrência da cobrança de um órgão federal (a PGFN) deveria comprometer os compromissos atuais da instituição desportiva? Inocentemente, arriscaria uma assertiva negativa, embora esta questão deve-se ser tomada efetivamente pela já citada crítica especializada, que acompanha este dilema nos bastidores, e pelos próprios dirigentes, tanto os presentes quanto os passados, responsáveis conjuntamente pela manutenção financeira do clube, por sua capacidade em gerar receitas e contrair dividas. De qualquer modo, independentemente das pendências herdadas, cujo pagamento, segundo a reportagem, já está em andamento a algum tempo, me parece extremamente controverso uma equipe que seja apontada como exemplo de planejamento em 2012 depender dos lucros obtidos com o título (e outros recursos provenientes do êxito desportivo) para manter sua saúde financeira e as contas (atuais) em dia. Afinal, o bom planejamento não deveria contar com um eventual ganho cuja efetivação depende de um espaço tão indeterminado e imprevisível quanto o embate esportivo. Neste ponto não consigo enxergar um abismo tão grande entre o novo campeão e as equipes agonizantes na luta pela fuga do rebaixamento. Administrativamente, a palpável diferença reduz-se somente à “alguns” pontos, ou melhor, cifras. E nem sempre para quem está melhor na tabela...