domingo, 3 de outubro de 2010

Agente de Neymar fala de futuro do jovem, problema com Robinho e ameaça no estádio

Wagner Ribeiro é visto como vilão por muitos torcedores, principalmente no futebol paulista. Ex-agente de Kaká e Robinho e atualmente gerenciando a carreira de Neymar, entre outros, ele ficou conhecido por conduzir as transações polêmicas de seus antigos clientes para Milan e Real Madrid, respectivamente. O resultado financeiro foi bom, mas acompanhado de ameaças em estádio que quase terminaram em agressão.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o empresário conta como acabaram os acordos com Kaká e Robinho, as mágoas antigas, situações curiosas vividas com personalidades e até algumas “roubadas” em que se meteu. Também confirma que o assédio da Juventus sobre Neymar existiu, mas que a ideia é segurá-lo no Brasil até as Olimpíadas. Será possível?



UOL Esporte: Como foi que você virou o agente de jogadores como Kaká e Robinho? Você já tinha visto eles jogando antes de assinar?
Wagner Ribeiro: O Kaká, não. O Robinho eu tinha visto uma vez quando fui assistir a um jogo entre São Paulo e Santos, da base. Por coincidência, uma semana depois, o Aloísio [Guerreiro, “agente” de Robinho] me procurou. Nunca procurei Kaká, Robinho ou França. E o Neymar quem me apresentou foi o Betinho, mesmo formador do Robinho no futsal da Portuários.

UOL Esporte: Sua primeira grande polêmica foi a saída do Kaká para o Milan. Como ela aconteceu?
Wagner Ribeiro: Fui procurado pelo Milan e viajei para a Itália, mas lá o Leonardo disse que não tinha interesse no Kaká porque na mesma posição já estavam o Rivaldo e o Rui Costa. Eu me despedi e fui falar com o Real Madrid. Ficou determinado que o Real ia contratar o Kaká por US$ 7 milhões e emprestá-lo ao Getafe. Na saída da reunião fui entrevistado pelo Marca e falei que era bem possível ele ir para o Real. Foi manchete do dia seguinte: Real acerta com o Kaká. O pessoal do Milan leu e me ligou, insistindo para eu voltar a Milão, onde fechamos tudo. Foi devido a essa minha ida à Espanha que o Kaká foi para o Milan, senão ele teria ido para o Real em 2002.


UOL Esporte: Mas você deixou de ser o agente do Kaká pouco tempo depois. O que aconteceu?
Wagner Ribeiro: Eu tenho uma boa relação, sou fã do Kaká, mas não falo mais com ele. O contrato acabou e o pai dele se mudou para Milão para cuidar da sua carreira. Depois disso não tivemos continuidade na amizade. É lógico que fiquei triste. Na hora em que ele ia se tornar o número 1 do mundo fui colocado de lado, mas talvez teria feito o mesmo se fosse o pai.

UOL Esporte: E o rompimento com o Robinho? Foi mais traumático?
Wagner Ribeiro: Adoro o Robinho e sei que ele gosta de mim. Falou isso para o Neymar, para o Felipe, para o Tiago Luis [nos tempos de Santos]. O problema do nosso rompimento não foi contrato. Não gostaria de falar. Foi um caso pessoal, um problema que tive na minha separação. A minha ex-mulher entrava em contato com a mulher dele, com a empregada, e as coisas pessoais foram o motivo para o desgaste. Essa foi a verdade. Tanto é que Robinho hoje não tem empresário e fala que sou o pai dele.

UOL Esporte: E como foi a saída dele do Real Madrid?
Wagner Ribeiro: Não queria que ele saísse. Apenas comecei a trabalhar isso de ir para o Chelsea para valorizá-lo. E consegui. Em 40 dias que fiquei em Madri, indo e vindo de Londres, falando com diretores do Chelsea, consegui que o Real chegasse a um valor três vezes mais do que ele ganhava. Só ficaria abaixo do Raúl e do Beckham. Mas houve um desgaste com o Real e com a torcida por culpa das entrevistas que deu. Não havia mais clima.

UOL Esporte: O erro, então, foi Robinho dar entrevistas dizendo que queria sair?
Wagner Ribeiro: O erro foi meu também. Quando o Robinho disse que não queria ficar mais no Real, eu disse: ‘não vão te vender. O único caminho é você falar publicamente que não quer mais ficar no Real.’ E ele fez isso.


UOL Esporte: Hoje o seu principal cliente é o Neymar. Como está a situação dele hoje no mercado?
Wagner Ribeiro: A Juventus pediu uma prioridade, mas não dá. O mercado está fechado e eles queriam para o fim do ano. Só que o Santos rejeita 35 milhões de euros... Não é que rejeitou, a multa era de 35 milhões de euros, mas não quiseram deixar eu vender. Chamaram, fizeram um projeto. Agora não tem que sair mesmo. A ideia é ganhar a Libertadores do ano que vem para disputar o Mundial. E depois disputar a Olimpíada pelo Brasil em 2012. Eu acredito que depois da Olimpíada é difícil segurá-lo. Ele tem mais dois anos aqui. Só não pode frustrar o projeto, né?

UOL Esporte: Mesmo com a permanência dele, você é sempre muito criticado. Acha que é uma perseguição?
Wagner Ribeiro: Sem dúvida. Por exemplo, você ouviu alguém brigar com o empresário do Hernanes [Joseph Lee], que o vendeu por 9 milhões de euros? Eu trouxe uma proposta do Atlético de Madri de 15 milhões de euros há dois anos. O São Paulo não aceitou, queria 25 milhões de euros, que era a multa. Eu trouxe uma de 35 milhões de euros para o Santos [pelo Neymar]. Ninguém xingou o empresário do Hernanes, que é meu amigo e é competente. E não estou dizendo para xingarem. É só para vocês entenderem que é muita pressão em cima de mim.

UOL Esporte: Hoje em dia você costuma ir ao estádio?
Wagner Ribeiro: Vou muito pouco, sou muito hostilizado. Toda torcida tem um motivo para falar mal de mim. A do Palmeiras diz que tirei o Ilsinho de graça, a do São Paulo que vendi o Kaká, a do Santos que vendi o Robinho, a do Corinthians que eu supervalorizei o Lulinha. Quando vou ao campo corro risco de morte. Uma vez no Pacaembu, na final do Paulista entre Santos e Corinthians, quase apanhei, não de uma ou duas pessoas, mas de centenas que vieram para cima xingando. A polícia precisou intervir para que não houvesse agressão. Quando o torcedor está sozinho não vem agredir, mas quando estão em vários eles viram bandidos.

UOL Esporte: Hoje é possível um jogador ser profissional sem ter um empresário?
Wagner Ribeiro: Eu não conheço ninguém no mundo do futebol que não tenha empresário, mesmo que seja o seu próprio pai. O pai cuida da carreira. O único jogador que não tem e nunca teve empresário é o Rogério Ceni. Ele negocia os próprios contratos. É bom? É. Ele é uma pessoa articulada, inteligente, mas nunca saiu do Brasil. E sei que houve uma época em que ele queria ir para a Inglaterra, para o Arsenal. Então está explicado.

Fonte:http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2010/10/01/agente-de-neymar-fala-de-futuro-do-jovem-problema-com-robinho-e-ameaca-no-estadio.jhtm
Texto sugerido por Natasha Santos

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