segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Crônica da Semana

UM ‘ELEFANTE BRANCO’ CHAMADO PINHEIRÃO
Jackson Fernando Mosko
Pesquisador e colaborador do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade UFPR

Idealizado por Airton Cornelsen, em 1956, o projeto do Pinheirão, ambicioso em construir o segundo maior estádio do país em capacidade, comportaria 180 mil pessoas, ficando atrás somente do Maracanã que, na época, era o maior estádio do mundo.


Porém, a obra só começou a ser realizada na década de 70, após a doação do terreno de mais de 64 mil metros quadrados, realizada pelo então prefeito Omar Sabag, para a Federação Paranaense de Futebol (FPF). Entretanto, as obras foram paralisadas devido à falta de recursos, e o projeto modificado para a capacidade de 127 mil pessoas.

Com a administração de Onaireves Nilo Rolim de Moura, em 1985, o estádio ainda inacabado teve seu primeiro jogo entre a seleção do Paraná e a de Santa Catarina, com os catarinenses vencendo a partida por 3X1. Um ano depois, foi inaugurado um moderno sistema de iluminação, e, assim, o estádio recebe seu primeiro jogo internacional, no qual a seleção brasileira empatou com a chilena. Ainda no ano de 1986, o Clube Atlético Paranaense assina um contrato de aluguel junto a FPF, para mandar seus jogos no estádio.

Em 1989, as obras do estádio tomaram um novo impulso. Com a adesão de empresários, são construídas sociais que aumentam a capacidade para 54 mil pessoas, apesar de aquém dos projetos iniciais, o Pinheirão passa a ser um dos maiores estádios do estado. Mas as obras não pararam por aí. Em 1997, o estádio recebe uma moderna pista de atletismo e, em 1998, na final do campeonato estadual entre Atlético e Coritiba, o estádio recebe seu maior público: 44.475 pagantes.

Com a inauguração da Arena da Baixada, em 1999, o Atlético deixa de utilizar o estádio, porém, em 2003, o Pinheirão é novamente reformado para receber um jogo da seleção brasileira pelas eliminatórias da copa. Após o jogo entre Brasil e Uruguai, o estádio ainda foi utilizado pelo Paraná Clube por alguns anos, além de ter seu estacionamento alugado para um grande feirão de automóveis usados. Com o retorno do Paraná para seu estádio, o Pinheirão ficou esquecido de vez, e foi interditado em maio de 2007 pelo Ministério Público, por falta de segurança. Desde então, o estádio ficou abandonado, correndo o risco de ir a leilão, devido às inúmeras dívidas da FPF, mas, na última semana, surgiram notícias de que o estádio está sendo negociado e será vendido para que tais dívidas sejam pagas. Segundo o jornal Gazeta do Povo (02/09/2011), entre os interessados estão grandes construtoras e até mesmo o Coritiba, que teria interesse na área para a construção de um novo estádio.

Na verdade, o Pinheirão nunca foi bem visto pelos torcedores. O estádio tinha muitos problemas, o gigante Pinheirão nunca caiu nas graças do torcedor. Seja pela dificuldade de acesso, falta de conforto tanto para torcida quanto para jogadores, o fato é que os clubes que por lá passaram sempre tiveram como objetivo voltar para ‘casa’.
Assim aconteceu com o Atlético, quando o desejo de deixar o Pinheirão era tão grande que virou até música cantada nos jogos pela sua torcida. Meus colegas atleticanos com certeza lembram-se da famosa música que ‘homenageava’ o estádio, algo que também aconteceu com o Paraná Clube – e a grande prova é o público pagante que sempre foi muito abaixo do esperado, isso sem falar na pretensão do projeto inicial.

Muitos foram os erros cometidos na história do estádio, muitas dívidas acumuladas, mas ainda poderemos ter um final feliz, com o Coritiba, quem sabe construindo um moderno estádio no local. Mas uma coisa é certa, está chegando ao fim a história tortuosa de um “Elefante Branco” chamado Pinheirão.

Um comentário:

  1. André Alexandre Guimarães Couto7 de setembro de 2011 às 14:55

    Caro Jackson:

    Parabéns pelo post. Interessante, pois ao acompanhar os jogos do Atlético-PR em minha adolescência e já na fase adulta, sempre associava o Pinheirão com este clube, acreditando que o estádio era realmente atleticano.

    Porém, de acordo com seu texto, esta identificação praticamente não existiu entre os torcedores.

    Um abraço,

    André Alexandre

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