sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Naturalmente a janela ficou fechada no Brasil


Era de se esperar. Tivemos, em 2011, o menor movimento de saída de jogadores do Brasil para o exterior nos últimos anos. Apenas Johnatan (ex-Santos, que foi para a Internazionale) e Lucas Piazon (ex-São Paulo, que há meses já estava no Chelsea) rumaram para grandes clubes do exterior. No final, o saldo da balança foi “favorável”. Importamos mais nomes de peso do que deixamos sair de atletas mais renomados.

O movimento era mais do que natural. Com mais dinheiro nos clubes do Brasil, com o real fortalecido em relação às moedas estrangeiras e com um horizonte de Copa do Mundo a ser disputada no país, os jogadores já não têm tanto a necessidade de jogar no exterior tão logo comecem a desfilar nos gramados brasileiros.

Mas a pergunta que não quer calar: isso é uma tendência ou uma exceção?
Particularmente vejo como exceção. Pelo menos da maneira como hoje é gernciado o futebol brasileiro, a tendência é que o jogador continue a querer atuar no exterior, mesmo com a possibilidade de ganhar um bom dinheiro permanecendo no Brasil. E o motivo é a falta de transformação do futebol brasileiro em um produto.

O que mais seduz um jogador para atuar no exterior atualmente não é o dinheiro, mas a qualidade do futebol no exterior. A comparação entre a qualidade de uma partida da Liga dos Campeões da Europa com uma da Copa Santander Libertadores é cruel. Da mesma forma, quando analisamos a produção do Campeonato Brasileiro com a de um torneio de alto nível na Europa, como o Campeonato Inglês ou o Alemão, o abismo fica ainda maior.

Isso sem falar no que deixa de ser oferecido ao cliente, seja ele o torcedor ou o próprio jogador, dentro da arena de jogo. Estádios obsoletos, gramados com qualidade ruim, péssimas condições de conforto e segurança, horários proibitivos para início e término de partida são alguns dos motivos que fazem o futebol no Brasil, mesmo com uma verba que possa competir com o da Europa, muito menos atrativo para o jogador.

A grande diferença, hoje, é que a realidade econômica do país permite que o jogador escolha mais onde quer trabalhar. Quando a verba voltar a ser maior na Europa, porém, a balança voltará a ser desfavorável.
O maior artigo de exportação do futebol brasileiro ainda é o pé-de-obra. Continuamos a ver os clubes como vitrine para o exterior, e não como o produto em si. Enquanto acharmos que somos vitirne, mas não produto, a janela continuará aberta. Alguns anos com mais saída de talentos, em outros com menos.

A melhor hora para mudar esse conceito é agora. Para isso, porém, é preciso acabar com a ideia de que os clubes são maiores do que as competições que eles disputam. Dinheiro e condição econômica para isso existe. Resta acabar com as paixões clubísticas em torno de algo maior. E aí é o grande abismo que nos separa das principais competições esportivas de todo o mundo.
por Erich Beting às 17:09
 
fonte:http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2011/09/01/naturalmente-a-janela-ficou-fechada-no-brasil/

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