Apresentado sob aplausos, o meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, novo reforço do Atlético-MG, agradeceu a oportunidade de jogar pelo time mineiro e afirmou, “quero dar a volta por cima e dar alegria para a torcida”.
“A gente recebe muitas críticas, acaba tendo vontade de dar volta por cima, estou no Atlético com esta vontade, o presidente confiou em mim e estou feliz e espero corresponder”, disse Ronaldinho Gaúcho.
Tímido, o camisa dez, que vestia camisa do sócio torcedor, Galo na Veia, do clube mineiro, optou em falar pouco. “Não tenho muito o que falar, apenas agradecer o carinho, confiança de todos, não quero falar muito, quero fazer o meu melhor, jogar e dar alegria para todos os torcedores do Atlético”, afirmou Ronaldinho.
Ronaldinho encerrou seu vínculo com o Flamengo na última quinta-feira após decisão do Justiça do Trabalho. A defesa do jogador alega atrasos em salários, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e outros benefícios e cobra pouco mais de R$ 40 milhões. O clube defende uma dívida de R$ 4 milhões e alega que está com parte do pagamento em dia.
O jogador deixou o assunto Flamengo de lado, em sua apresentação, oficial na tarde desta segunda-feira, na Cidade do Galo, e optou em responder apenas sobre o novo clube. “O que aconteceu com Flamengo faz parte do passado, estou em nova etapa, estou almejando agora nova etapa no Atlético, o que ficou lá meus advogados vão receber, o que estou pensando agora é jogar bola nestes seis meses”, observou.
Ronaldinho, que treinou normalmente com o elenco nesta segunda-feira, se colocou a disposição de Cuca para estar em campo diante do Bahia, na quarta-feira, pelo Campeonato Brasileiro. “Muito motivado, se tudo correr bem e o treinador achar que posso jogar, quero estar a disposição o quanto antes. Estou bem fisicamente e até o final de semana passado estava jogando, estou bem”, afirmou.
O contrato do jogador atleticano vai até o final do ano e será pago integralmente pelo time mineiro. “Feliz pelo acerto, quero dar felicidades para a torcida do Atlético nestes seis meses, conquistar títulos e vitórias, estou motivado”, acrescentou Ronaldinho Gaúcho.
Texto sugerido e comentado por Ernesto Marczal.
Muito provavelmente a notícia do dia no cenário futebolístico brasileiro. Após a traumática e, relativamente, repentina, cisão com o Flamengo, não se esperava que Ronaldinho Gaucho encontrasse tão rapidamente um time (ou dirigente?) disposto a arcar com sua custosa, e arriscada, contratação. Mesmo com um contrato de duração breve, apenas seis meses, não deixa de ser uma aposta complicada para o galo mineiro, mas principalmente para o ex-atleta rubro negro.
Como a própria matéria evidencia, o discurso da equipe contratante e do jogador é de recuperação. Embora as lembranças sobre seus períodos áureos como ídolo nacional ainda mantenham um vínculo restrito com sua imagem pública atual, sustentando minimamente a expectativa de que o meia-atacante recobre ao menos parte da qualidade técnica que o consagrou, uma nova campanha irregular com a equipe de Belo Horizonte, pode significar o fim de sua carreira em terras nacionais.
Uma das poucas formas de que Ronaldinho ainda teria para amenizar esta situação, seria adequar-se a realidade financeira do futebol brasileiro, principalmente quanto observada uma relação simplista de “custo-benéfico ” sobre seu atual rendimento, tanto dentro de campo quanto como catalisador de recursos financeiros, ações de marketing e parcerias para os clubes. Algo que parece extremamente improvável, não só pela aura d ídolo que sua imagem pública carrega (corroborada pelos próprios clubes pelos quais foi contratado), mas pela própria silueta que o jogador, em conjunto de seu staff particular, imaginou para si. Em comparação com a reestruturação desta auto-imagem, a “volta por cima” defendida por Gaucho e pelos dirigentes nos discursos em sua apresentação no novo time parece uma opção muito mais palatável, por mais contraditória e improvável que soe esta afirmação.
