terça-feira, 9 de agosto de 2011

Crônica da semana

Torcedor não é cliente

por Edson Hirata

Nessa temporada tive a oportunidade de ir ao estádio em duas partidas. Na primeira, em São Januário, vi o empate entre Vasco e Atlético-Pr pela Copa Brasil e na segunda, no Pacaembu, assisti outro empate, desta vez entre Palmeiras e Flamengo.
Nos dois confrontos, os estádios ficaram praticamente lotados, especialmente por se tratarem de jogos, de certa forma, importantes naquela altura dos campeonatos. Com esse ambiente, faço minha leitura para que vocês possam refletir.
Como torcedor do Clube de Regatas Vasco da Gama, aproveitei uma ida ao Rio de Janeiro e a coincidência da realização de um jogo pela Copa do Brasil, para conhecer São Januário. Os gritos e canções das torcidas me empolgaram, o gol de empate do Vasco foi um êxtase. Parodiando Caetano. “Foi lindo”. Por outro lado, na entrada e na saída, fui empurrado, espremido e quase pisoteado. Um arrastão.
Na outra partida, entre Palmeiras e Flamengo. Fui como turista. Conheci o Pacaembu. Vi Ronaldinho Gaúcho. Aproveitei para secar os “urubus”. Um jogo cuja maior emoção foi a falta de fair play em um lance nos acréscimos do segundo tempo (e eu que já tinha saído do estádio, perdi o lance mais repetido na televisão durante a semana). Estruturalmente, a demora para entrar foi o ponto negativo da noite. Talvez porque eu não tenha precisado ir ao banheiro ou à lanchonete.      
            Cito essas duas situações para esclarecer meu ponto de vista sobre a forma como os dirigentes dos clubes brasileiros tratam o espetáculo esportivo e cuja opinião dá título a esta crônica.
            Para mim, os clubes brasileiros não se preocupam com o seu torcedor, o seu cliente. Isso é possibilitado porque a grande maioria dos torcedores não troca a sua predileção por um time. Troca-se de cônjuge, de sexo, de religião, mas não se vira a casaca.
            Vá ao estádio torcer pelo seu time. Ainda que te empurrem, que o banheiro esteja nojento, que os alimentos da lanchonete tenham preço exorbitante e qualidade duvidosa, você não mudará de time. Pode diminuir a freqüência de ida ao estádio, ou até não ir mais, mas você não troca seu time.
            Essa conclusão é senso comum, já muito propalada.
            Mas, penso que o passo à frente, seria entender que o torcedor pode ser, além de torcedor, um cliente. E qual empresário não gostaria de ter um cliente apaixonado, fiel e participativo. Explorar o espetáculo de forma mais profissional, certamente renderia mais dividendos aos clubes de futebol. É o que os ingleses chamam de Match Day, ou seja, os rendimentos que podem ser alcançados com a exploração de atividades no dia do jogo.
            Como? Isso eu abordo no segundo tempo. Aguarde.
           



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