segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crônica da Semana


A RESPEITO DO MARKETING NO FUTEBOL BRASILEIRO: O EXEMPLO DO SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA

por Everton Cavalcanti
                Utilizando de minha vastíssima experiência como torcedor do time do povo, já que o meu clube de coração tem o nome Corinthians Paulista, quero tentar raciocinar (passionalmente que seja) acerca de um assunto que até tão pouco tempo atrás não recebia importância alguma e que no presente momento é um dos temas da moda: o marketing. Em se tratando de Corinthians, a máxima não foge a regra: o marketing foi ignorado durante longo período, recebendo a devida atenção, sobretudo, após a eleição do atual presidente, Andrés Navarro Sanchez. Este teve o mérito de perceber que o processo histórico pelo qual o futebol atravessa, denominado “futebol-espetáculo”, não vinha sendo aproveitado de maneira adequada pela até então desastrosa liderança política de Alberto Dualib.

                Falando em Dualib, lembro-me de dirigentes futebolísticos sem nenhum preparo profissional para comandarem o futebol quando este espetacularizou-se, quem pelo menos um pouco se profissionalizou, ganhou muitos títulos e fez bons negócios, como o maior rival corintiano, na época da Parmalat. Percebemos que ao longo dos anos este processo de mercantilização do futebol abriu as portas para a profissionalização dos departamentos de futebol. E antes tarde do que nunca, Andrés assim o fez também no Corinthians. Hoje o clube possue um departamento de marketing com profissionais da área de publicidade e propaganda, responsáveis por “explorar” a marca Corinthians nos seus maiores potenciais.

                Hoje o Corinthians é um dos clubes com maior número de sócios torcedores, possuindo um plano de associados diferente da maioria dos outros clubes: o torcedor que se associa paga a anuidade e tem descontos na compra de ingressos, além de preferência na compra pelos bilhetes, ou seja, o Corinthians arrecada com a adesão aos planos de sócio e também com a venda dos bilhetes. Mantendo o estádio do Pacaembu quase sempre lotado (o clube tem a maior média de público do Campeonato Brasileiro de 2011), o clube ainda atende todos os tipos de público torcedor/cliente que possui, com ingressos que variam de R$30,00 à R$180,00 (sem os descontos previstos para os associados), consegue atender praticamente todas as classes de torcedores corintianos (já que, ao contrário das piadinhas, o clube conta com muitos torcedores abastados financeiramente).

                Além do plano para sócios, entre outras ações, o clube criou também sua própria agência de viagens, visando oferecer pacotes para os jogos do “timão” fora de casa, o que possibilita uma renda extra, além de organizar cruzeiros marítimos exclusivos para a “fiel” torcida. Possui também a TV Corinthians, que hoje é transmitida por algumas redes de televisão a cabo para todo Brasil, além da rádio Coringão, responsável por trazer conteúdo inédito e exclusivo dos bastidores do time. O marketing também trabalha na campanha “Sangue Corintiano”, a qual visa juntar o máximo de corintianos em um único dia com o intuito de ajudar pessoas pela doação de sangue, além de outras campanhas como a “República Popular do Corinthians”, que visa promover ainda mais o “corintianismo” pelo Brasil e a campanha “Jogando pelo meio ambiente”, na qual cada jogo do clube vale 100 novas árvores plantadas e a cada gol do time outras 100 mudas.

                Mas o destaque vai para a mediação do marketing com a torcida pelas redes sociais, já que nestas o clube é um dos assuntos mais comentados. Só para se ter uma ideia, o Corinthians acaba de se tornar o primeiro clube brasileiro com mais de 1 milhão de fãs no facebook, além de ter um grande número de comunidades a seu respeito para discussões no orkut. E o principal, a “cereja do bolo” que os “marketeiros” do timão se gabam de ter conseguido: o veemente crescimento na venda de produtos licenciados do clube e o aumento da porcentagem de lucro na venda dos mesmos junto à empresa Nike. O Corinthians está sempre elaborando novas promoções e novos produtos para que seus torcedores estejam constantemente consumindo, além de que, tem expandido o número de lojas “Poderoso Timão” em todo país, a fim de vender e identificar ainda mais o torcedor de São Paulo e de outros estados com o clube.

                Enfim, sem falar em patrocinadores e o impacto que as contratações de jogadores como Ronaldo e Adriano trazem, o que pretendo deixar nesse pequeno texto é a mensagem de que a nova concepção de futebol moderno trouxe consigo nos últimos 20 anos possibilidades que somente agora a maioria dos clubes brasileiros está realmente aproveitando de maneira satisfatória, ou seja, o esporte como produto ímpar de consumo. A lógica é que os jogadores são potencializadores da venda, o jogo é um grande show e os torcedores são evidentemente os consumidores. E a partir da profissionalização dos departamentos de futebol dos clubes brasileiros e a relação destes com outras áreas possibilitarão uma maior exposição da marca do clube e um arrecadamento mais vantajoso em termos financeiros, possibilitando o pagamento de dívidas, além de novos investimentos, como, por exemplo, no caso do Corinthians, o CT Joaquim Grava e o tão sonhado estádio, já programado para ser construído antes mesmo do Morumbi ser vetado para a Copa do Mundo de 2014. 

Um comentário:

  1. Caro Ewerton:

    Legal o seu post. Realmente, devemos pensar sobre o papel do marketing esportivo para os grandes clubes, inclusive ao longo da História. Aqui no Rio, grandes universidades particulares estão (re)investindo em cursos desta área. Isto não é por acaso. Pena que a maioria dos clubes apenas engatinham nesta área. Apenas um pequeno exemplo deste amadorismo: enquanto o Grêmio lançou um boneco do Dinho (lembram dele?) e até do Souza (hoje no Flu), o Fluminense nem sonhou em lançar um do Conca.

    Só discordo um pouco do seu comentário final. Mesmo que o estádio do Corinthians tivesse sido planejado antes do veto ao Morumbi, todos nós sabemos que não foi por questões técnicas que isto aconteceu. Ou seja, seu comentário está correto, mas pode esconder uma verdade ainda maior.

    Um abraço,

    André Alexandre

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