terça-feira, 4 de setembro de 2012

A bola da Copa do Mundo de 2014 já tem nome: Brazuca

A escolha ocorreu em votação aberta pela internet. Brazuca teve 77% dos votos.


A bola da Copa do Mundo de 2014 se chamará Brazuca, que venceu numa eleição popular outras duas candidatas, Carnavalesca e Bossa Nova. A Adidas colocou esses três nomes para serem escolhidos em votação pela internet. Outras ideias, como Samba ou Gorduchinha, não concorreram por causa de direitos de registro e propriedade das marcas.

O nome Brazuca é uma referência à alegria e irreverência do brasileiro e representa a paixão pelo futebol. Depois de escolhido o nome, a empresa agora partirá para a definição do modelo e estilo da bola que estará nos gramados brasileiros no Mundial. O desenvolvimento está sendo feito na fábrica da Adidas na Alemanha e o lançamento oficial será apenas em dezembro de 2013. Outro dado que está sendo mantido em sigilo absoluto é se a bola terá uma grande novidade tecnológica. Sabe-se apenas que será uma evolução da Jabulani, do Mundial da África do Sul.


Sugestão e comentário de Jhonatan Souza.

Em tempos de preparativos para a Copa do Mundo, qualquer coisa toma ares de um enorme ritual, com pompa e importância pública. De fato, se há um talento necessário à sobrevivência das elites poderíamos denominá-lo de "capacidade de criar demandas acerca do supérfluo ou espetacularizar o banal". Assim tem sido com as "tão esperadas" (pelo menos é o que dizem, e dizem tanto que passei a acreditar que realmente existe alguém que fica na poltrona de sua casa esperando, impaciente, o anuncio do nome de uma bola) bolas das Copas do Mundo, desde que a Adidas tornou-se a fornecedora de materiais esportivos para o mundial. O ritual de nomeação da bola envolve todo um engajamento por parte do público que através do seu voto escolhe o nome do artefato, entretanto, como nos ensinou Bourdieu, o ato de nomear implica também a imposição de uma essência, nesse caso - ao menos nos últimos tempos - assistimos a um empenho da empresa em selecionar opções de nomes que evoquem uma suposta "essência nacional". No caso brasileiro não é de estranhar que a opção selecionada pelos internautas tenha sido "brazuca", haja vista que, "carnavalesca" e "bossa nova" são nomes de manifestações ligada eminentemente ao Rio de Janeiro, cidade que a minoria do brasileiros conhece além dos quatro quarteirões que passam na novela das 8. De estranhar é a explicação para o termo "brazuca" "referência à alegria e irreverência do povo brasileiro e representa a paixão pelo futebol", como informa a publicação. Esses vagos clichês remetem a outra dimensão dessas bolas e de seu ritual de nomeação, qual seja, a evocação de uma exoticidade, repetindo assim o que ocorreu com a Jabulani em 2010. Essa exoticidade evocada, sem dúvida, potencializa o caráter fetichista da mercadoria, influindo em sua vendagem. Outro aspecto a ser considerado é o tom com que falam das possíveis "novas tecnologias" da bola, tratadas como segredos de Estado, dignos do empenho de uma Wikileaks para desvendá-los. Quando tornadas públicas, as "novas tecnologias" tornarão famosos químicos, físicos, sociólogos, educadores físicos, engenheiros, designers e toda uma série de "sábios" que serão convocados pelos programas de televisão para explicar aos leigos porque a bola inclina mais para direita, para esquerda ou sabe-se lá o que. No fim, são tantos eventos criados em torno de uma bola que, de fato, quase me convencem que há alguma importância nisso, quase! Na reportagem um infográfico das bolas de copas do mundo com suas evoluções técnicas, percebam como a partir de 1970 - com a produção da Adidas - as bolas passam a ser nomeadas.