segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Crônica da Semana



Qual o valor de um técnico?
por Maria Thereza Souza



O noticiário futebolístico mais uma vez está movimentado pelas especulações sobre a montagem de elenco dos clubes brasileiros para a temporada seguinte e, como manda a lógica mágica do esporte, esse planejamento começa pelo homem que estará a frente da equipe durante o ano – ou parte dele, como é de se esperar pelas características efêmeras do comando técnico nas instituições clubísticas do país. Nesse contexto, vemos borbulhar nos bastidores da Sociedade Esportiva Palmeiras  clube que conquistou sua volta à série A do Campeonato Brasileiro recentemente e que parece gostar desse clima turbulento pelo qual geralmente está rodeado – divergências sobre a permanência do técnico Gilson Kleina para a sequência do trabalho.

O técnico assumiu o clube nos últimos jogos da edição 2012 do campeonato nacional e não conseguiu reverter a situação deixada pelo seu antecessor – o consagrado Luis Felipe Scolari, atualmente no comando da seleção brasileira. Gilson caiu com o time e começou um novo ciclo praticamente do zero para a disputa da tão agonizante série de acesso em 2013. Agora, após levar sua equipe com tranquilidade ao seu lugar de origem, não tem definições sobre seu futuro no Palmeiras. Os dirigentes tentaram alguns técnicos caríssimos e de nome forte, mas as negociações não evoluíram, agora eles se voltam para o atual comandante com pedidos que soam como: “É, só sobrou você”!

As indefinições travam o andamento de um planejamento que deve ser muito bem feito para não decepcionar a torcida no emblemático ano de 2014 – que, além de marcar o centenário do clube, conta com a inauguração da tão sonhada arena multiuso para os palestrinos e levantam questões do porquê dessa busca pela mudança num ambiente em que tudo parece estar em seu devido lugar. O principal fator para essa desconfiança em relação ao comandante é sua pouca experiência em clubes grandes, que poderia pesar em momentos decisivos, mas ele tem pontos muito importantes ao seu lado: o primeiro é o apoio de seu grupo de jogadores, que aponta publicamente a vontade da permanência do técnico, e o segundo é o carinho que ele conquistou de uma torcida verde inquieta e ávida por conquistas.

Será que realmente vale à pena trocar um profissional conhecedor do elenco e do clube por outro que vai ganhar cinco vezes mais por possuir um currículo extenso? Vale a pena gastar boa parte da folha salarial para pagar um nome? E, acima de tudo, vale a pena recomeçar um trabalho, sabendo que exemplos concretos no nosso futebol provam que os resultados aparecem após uma continuidade do mesmo?