quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Politicamente (in)correto"


[Por Jhonatan Souza]

Em sua atuação política, o deputado federal Romário Faria desconstruiu muitas das expectativas negativas sobre sua gestão projetadas imediatamente após sua eleição para o congresso em 2010. De alguma maneira, e com todas as contradições que são inerentes à política institucional, Romário demonstrou que há um espaço para a atuação de ex-atletas e sujeitos que tiveram algum envolvimento com o esporte profissional, que não aquele reservados às "bancadas da bola", velhas conhecidas pelo seu conservadorismo e pela associação à CBF, ao COI ou à FIFA. Não se trata de enaltecer pura e simplesmente a atuação de Romário no Congresso, que por vezes é contraditória, de outro modo, sua trajetória política serve para pensar um fenômeno mais amplo, que ultrapassa a figura do deputado carioca.

Um dos acontecimentos de maior destaque nas eleições de 2010 foi o chamado "fenômeno Tiririca", ou seja, a eleição de ícones da cultura de massas no Brasil, algumas vezes, como no caso do próprio cantor que dá nome ao fenômeno, com elevada votação. Para muitos, a vitória das "celebridades" no pleito representou o símbolo maior da alienação do eleitorado nacional, e a expectativa sobre os futuros mandatos era um misto de comicidade com insignificância. Quase três anos depois, o ex-BBB Jean Wyllys foi eleito o melhor parlamentar de 2013 no prêmio Congresso em Foco, sendo uma das principais vozes contra os projetos do deputado e pastor Marcos Feliciano. Romário, por sua vez, tornou-se um dos mais destacados parlamentares a criticar a gestão e execução dos projetos relativos à Copa e às Olimpíadas no Brasil. Ambos, embora muito diferentes, acrescentaram uma dose de complexidade no fenômeno dos "políticos celebridade" - incluindo aí os esportistas. De alguma maneira, romperam um dos preconceitos mais fortes da intelectualidade brasileira, aquele voltado a tudo que vem da cultura de massas.