terça-feira, 27 de agosto de 2013

Lance! entrevista Alex



Fontes: 
http://www.lancenet.com.br/minuto/Alex-brasileiro-Globo-CBF-reunioes_0_970703171.html

http://www.lancetv.com.br/videos/VIDEO-Assista-melhores-entrevista-Alex_3_971332862.html

Video: https://www.youtube.com/watch?v=mgAFtd_2FRM

Sugestão e comentários de Ernesto Sobocinski Marczal.

No início do mês o meio-campista Alex, atualmente no Coritiba, concedeu entrevista para o jornal esportivo Lance!. O vídeo foi levado ao ar através da página do periódico na internet, obteve ampla repercussão e reverberou em diferentes veículos de comunicação, tais como portais de notícias e entretenimento, além de gerar comentários em diversos blogs e redes sociais. Fugindo do diálogo padrão com os jogadores ainda em atividade, a conversa se desenvolveu de maneira bastante fluída, desdobrando-se para além da fórmula de questões / respostas limítrofes quanto à carreira do jogador, seus momentos de gloria e percalços, evidentemente superados na construção narrativa, ou a atual condição de sua equipe na disputa do campeonato da vez.
 
Para além do reconhecimento desportivo do atleta, soma-se à entrevista a experiência específica do sujeito, o quê não só adiciona profundidade ao personagem como lhe serve de ferramenta para elaborar sua própria análise sobre o meio futebolístico e de suas variadas correlações políticas. 

De certo modo, a fala franca e consciente do personagem, independentemente de nossas concordâncias e discordâncias com o discurso imprimido, revela como os indivíduos relacionados com o meio esportivo são afetados por este e como a visão estereotipada tradicional atribuída ao jogador não só reduz as capacidades destes sujeitos como lhes atribui um lugar predeterminado no espaço de locução pública.

Perspectiva esta que os delimita comumente como sujeito alienados politicamente, não raramente ingênuos e manipuláveis, cujas condições sociais prévias tornaram o esporte (sob a atribuição de atividade eminentemente física e corporal) como único caminho possível de ascensão.

Em certa medida desconsideram-se as variantes das especificidades dos sujeitos, de suas motivações subjetivas e da própria experiência biográfica para atribui-lhes um juízo prévio de valor. Sob esta leitura, Alex não seria mais do que uma exceção que confirmaria a regra. 

Em sentido contrario, me questiono se não é essa compreensão previa do atleta, com o desprezo de suas possíveis considerações para além do trato com a bola, que estaria equivocada. Se ao taxá-lo previamente como jogador de futebol, suas demais facetas não seriam inibidas publicamente, inclusive pelos próprios sujeitos nos momentos de se manifestar, em uma espécie incorporação / afirmação do estereótipo. A partir desse olhar, Alex em si não configuraria a exceção, mas sim o teor com que se desenrolou a entrevista propriamente dita. 

Vale a pena (re)ver e refletir.