segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"O futebol brasileiro está de luto hoje", diz Pepe

Gylmar dos Santos Neves, um dos jogadores que mais jogou pela seleção brasileira, como goleiro

Após a morte de De Sordi, o esporte perdeu outra lenda do futebol brasileiro, o ex-goleiro Gylmar dos Santos Neves - campeão nas Copas de 1958 e 1962. Ele estava internado no hospital Sírio Libanês, e não resistiu após sofrer um infarto. Na última quinta-feira, ele havia completado 83 anos

Emocionado, o ex-jogador Pepe lembrou da época em que Gylmar foi seu companheiro de clube, o Santos. "Era um grande amigo meu. Sem dúvida, o melhor goleiro da nossa época. Tinha um reflexo impressionante e era apaixonado pelo que fazia. Fiquei feliz quando ele veio para o nosso Santos. Aí ficamos completos, com um bom ataque e uma barreira no gol"

Já o ex-atacante Antônio Wilson Vieira Honório, o Coutinho, falou da seriedade do jogador. "Ele era muito sério e não gostava de brincadeiras, principalmente durante os treinos. Até quando a gente viajava, ele preferia ficar lendo. Mas, lembro que quando o time tinha algum problema, ele era o primeiro a aparecer para ajudar"

O volante Zito também lamentou a perda do amigo, a quem chamou de "referência para todas as gerações de goleiros". "Ele era muito exigente, se cobrava bastante. Era o primeiro chegar nos treinos e só saia depois que todo mundo já tinha ido embora. Esse comprometimento fez com que ele se tornasse tão bom no que ele era. O número de campeonatos que ele venceu não me deixa mentir.."

"Vai deixar saudade. Mas a marca dele no futebol ele já deixou, com certeza", diz Pepe. 

Além dos títulos pela seleção brasileira, Gylmar dos Santos Neves é ídolo de Santos e Corinthians. Sua carreira começou no Jabaquara, no ano de 1951. Defendeu o clube do Parque São Jorge até 1961 e conquistou os títulos paulistas de 1951, 1952 e 1954, além do Rio-São Paulo de 1954.

Nos anos seguintes, ele defendeu o Santos, clube em que conquistou dois Mundiais Interclubes, em 1962 e 1963. Ele defendeu o clube da Baixada até se aposentar em 1969, último ano em que vestiu a camisa da seleção brasileira.

Depois de deixar o futebol, Gilmar se dedicou a uma revendedora de veículos na capital paulista e também foi dirigente do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da cidade de São Paulo por dois anos.

Considerado um dos melhores de todos os tempos por ter conquistado ao menos uma vez todos os títulos que disputou pelos clubes que defendeu e pela seleção brasileira, Gylmar dos Santos Neves chegou a ser chamado de "Pelé do gol". Em 1998, ele foi eleito para a seleção de todos os tempos do Santos pela Federação Paulista de Futebol.

SAIBA MAIS DETALHES DA CARREIRA DE GYLMAR DOS SANTOS NEVES
Segundo o "Almanaque do Corinthians", de Celso Unzelte, Gylmar disputou 395 jogos pelo alvinegro entre os anos de 1951 e 1961. Foram 243 vitórias, 75 empates e 77 derrotas e ele sofreu 527 gols e conquistou os títulos paulistas de 1951, 52 e 54 e o Rio-São Paulo de 1954.

Pela Seleção Brasileira, Gylmar dos Santos Neves realizou 103 partidas (73 vitórias, 15 empates e 15 derrotas) e sofreu 104 gols, como consta no livro "Seleção Brasileira 90 anos", de Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Relembre a história do ex-goleiro

Nascido em Santos no dia 22 de agosto de 1930, Gylmar dos Santos Neves começou sua carreira no Jabaquara, onde foi o goleiro mais vazado do Campeonato Paulista. Chegou ao Corinthians em 1951 sem alarde, como parte da negociação com o meio-campista Ciciá.

Principal contratação na ocasião, Ciciá amargou o esquecimento, enquanto o goleiro Gylmar se transformaria em um dos melhores que o país já teve. Mas a sua história no Corinthians começou acidentada. Ele foi considerado culpado por uma derrota por 7 a 3 para a Portuguesa, e chegou a ser afastado do time pelo técnico Oswaldo Brandão.

No restante daquela temporada, Gylmar amargou a reserva do goleiro Cabeção, mas recuperou espaço durante uma excursão que o clube fez pela Europa, no ano seguinte. Começava a sua vitoriosa trajetória no Parque São Jorge.

Gylmar foi um dos heróis da conquista do bicampeonato paulista em 1954, um título histórico, marcado pelo quarto centenário da cidade de São Paulo. Já consagrado como titular absoluto do Corinthians, ele chegou à seleção brasileira.

Na campanha do primeiro título mundial do Brasil na Suécia, em 1958, Gylmar atuou como titular. Mesmo valorizado, acabou sendo envolvido em uma polêmica transferência para o Santos, e sua saída do Corinthians não foi amistosa.

Em 1961, Gylmar era contratado pelo Santos após ser acusado pelo presidente Wadih Helou de simular uma contusão para facilitar a transferência. A saída polêmica não apagou seus feitos no Parque São Jorge, e muitos corintianos ainda o consideram o melhor goleiro que já passou pelo clube.

Já com 30 anos de idade, Gylmar iniciava sua trajetória no Santos. Juntou-se a craques como Pelé, Zito, Coutinho e Pepe. Acabou se tornando um dos jogadores que colecionou mais títulos na história do futebol brasileiro.

Ganhou tudo o que disputou: mais uma Copa do Mundo (a do Chile, em 1962), o bi mundial e da Libertadores (1962 e 1963), cinco Taças Brasil seguidas (de 1961 a 1965), cinco paulistas (1962, 1964, 1965, 1967 e 1968) e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968), precursor do Campeonato Brasileiro. Encerrou a carreira em 1969, festejado como o melhor goleiro da história do Santos.

Mas foi jogando pela seleção brasileira que Gylmar escreveu definitivamente seu nome na história. Titular absoluto nas duas primeiras conquistas mundiais do Brasil, em 1958 e 1962, ele passava segurança enquanto Pelé, Garrincha e Vavá asseguravam os gols.

Na sua última Copa, em 1966, dividiu a posição com Manga. E, assim como ele, o Brasil também não era mais absoluto: caiu diante de Portugal. Para Gylmar, o prejuízo nem foi tão grande: ele já havia carimbado seu nome na história do futebol brasileiro.





Sugestão de Natasha Santos.