quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Medo de vandalismo faz Itaquerão tirar vidros e TVs de setor visitante

Imagem do lance de arquibancadas atrás do gol onde ficarão os torcedores visitantes do Itaquerão
Com o Itaquerão quase pronto, 84% das obras concluídas, os torcedores corintianos e os rivais passam a ter uma ideia mais clara de como funcionará sua vida nos jogos no estádio. A visita do UOL Esporte à arena mostrou que os visitantes terão um padrão diferente dos fãs alvinegros.

Para evitar vandalismo, espelhos e aparelhos de televisão, distribuídos por todo o Itaquerão, não estarão presentes no setor da torcida adversária. Haverá ainda um misto de vidro e plástico resistente que vai separar essa área do campo, ao contrário das arquibancadas laterais sem alambrado.

Os torcedores visitantes ficarão no setor sul do estádio, em um espaço que ocupará 10% dos 46.500 lugares. Seu espaço terá tamanho variável, dependendo de qual o volume de fãs adversários. Grades, associadas a um tipo de tela, serão móveis para determinar quantas pessoas vão caber em esquema de segurança que ainda será detalhado com a Polícia Militar.

A decisão da diretoria do Corinthians de utilizar esses alambrados e evitar equipamentos quebráveis é para evitar vandalismo. A intenção dos corintianos é aproximar o máximo o torcedor do campo, e evitar excessivas barreiras, mas há um bom senso de não expor desnecessariamente bens do clube. Até porque a própria torcida corintiana quebrou equipamentos no Morumbi em clássico com o São Paulo.

De resto, o setor dos adversários terá o mesmo acabamento do restante do estádio. Há mármore distribuído por toda a entrada, a maior parte já está colocada, em tons preto e branco. Nos banheiros, será usado louça, que já foi colocada em alguns sanitários, também de qualidade superior, mas com maior resistência para evitar depredação. Neste caso, isso vale para todos os setores do estádio. 

O setor norte, mais popular e onde ficarão as organizadas do Corinthians, terá telas de televisão, vidros e espelhos como os outros lugares do estádio. Há conversas constantes entre a diretoria do clube e organizadas para conscientizá-las e, por isso, não se espera nenhuma quebradeira. 

Existe uma discussão sobre o uso de assentos neste espaço das organizadas. As torcidas pediram que não fosse usado nenhum assento, e a tendência é que o Corinthians atenda o pleito. Neste caso, haverá barras de ferro em cada lance para impedir que um torcedor caia sobre o outro.

Também não há uma decisão fechada sobre o uso de alambrados de vidro e plástico resistente entre essa arquibancada das organizadas e o campo. A tendência é que o aparato seja instalado. Nos lados do campo, oeste e leste, se houver algum vidro, será baixo, mas é provável que não tenha nada e o torcedor fique a apenas 9 metros do gramado, sem divisão.

Para todo o estádio, a política de preços de ingressos deve ser divulgada em um prazo aproximado de um mês. Por isso, o Corinthians ainda não fala oficialmente em valores. Mas a tendência é que a lógica de preços do Pacaembu seja repetida, com ajustes.

Isso significa que as torcidas organizadas devem pagar R$ 30,00 para entrar, assim com os torcedores no setor sul. As arquibancadas do setor leste, correspondentes às laranjas, também devem ter valores similares aos que são praticados atualmente em torno de R$ 70,00. Repita-se, haverá ajustes.

Todos os setores terão ar-condicionado para o verão. Também haverá telões até nos banheiros, e uma série de concessionários de comidas. Já estão colocados nos estádios os espaços, para esses bares e restaurantes. Uma loja com produtos do time estará presente em cada um dos setores.

Esses setores chamados de populares somam 33 mil lugares, incluídos os setores sul, norte e leste. Há outros 13 mil assentos vips na ala oeste do estádio. Será neste prédio que ficará o memorial e a maior loja de produtos do clube.

Fonte: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/08/07/contra-vandalos-setor-visitante-do-itaquerao-nao-tera-vidros-e-tvs.htm

Sugestão e comentários de Ernesto Sobocinski Marczal.

Deixando de lado, dentro do possível, as delicadas questões que envolvem o financiamento público dos novíssimos palcos para a Copa de 2014, debate em que o Itaquerão ocupa lugar cativo, a notícia sobre os ajustes internos na disposição do estádio corintiano são, no mínimo, curiosas. 
As variadas considerações quando a organização e equipagem dos espaços, seja com relação a instalação de aparelhos de televisão, de divisórias, assentos ou mesmo na distribuição das lojas, evidencia as diferentes logicas paralelas que envolvem a elaboração das novas arenas de futebol. Longe do que possa parecer a um olhar desavisado, não se trata apenas de construir um local para assistir os jogos com o conforto no “padrão FIFA”, mas alocar torcedores dentro da multiplicidade de suas facetas. Simultaneamente, os mesmos indivíduos podem ser compreendidos, entre outros fatores, como consumidores em potencial de produtos do clube, integrantes de uma organizada, com um comportamento próprio no torcer, ou desafetos aficionados de um rival, configurando uma eventual ameaça ao novo patrimônio – preocupação, inclusive, que provem também da experiência de parte de sua própria torcida.
Cuidados estes que perpassam desde aspectos socioeconômicos até diferentes culturas de torcer, englobando aí também o cuidado com uma violência ainda inerente. Indícios de que, cada vez mais, o futebol, como fenômeno social espetacularizado e massivo, abrange aspectos cada vez mais diversos para além das apreensões de um limítrofe campo esportivo.