terça-feira, 15 de maio de 2012

COL rebate jornal e vê "erro de interpretação" em relatório

Segundo publicação, apenas Fortaleza estaria dentro do cronograma; seis estádios estariam em risco. Foto: Prefeitura de Curitiba/Divulgação
Foto: Prefeitura de Curitiba/Divulgação


Em comunicado oficial divulgado na tarde desta terça-feira, o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL) rebateu a informação divulgada no mesmo dia pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo a publicação, a Fifa teria avaliado a situação do estádio para o Mundial do Brasil como "crítica", sendo que apenas um deles (Fortaleza) estaria à frente do cronograma, e que seis (Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Natal) correriam risco de serem cortados. Segundo o Comitê, houve um erro de interpretação do jornal, que teve acesso a um relatório da Fifa e da Arena, empresa de monitoramento contratada pelo próprio COL.

O COL alega que o documento a qual o jornal teve acesso "é um subsídio para o trabalho de monitoramento interno desenvolvido no final de abril" em conjunto com a Arena, "em colaboração com o consultor especial de estádios da Fifa". "Este documento é destinado aos especialistas em estádios e pode ser facilmente mal interpretado se lido fora de contexto e sem conhecimento dos vários parâmetros e critérios de avaliação", anunciou o órgão.
"É importante destacar que, em trabalhos de construção, mudanças acontecem diariamente e podem ser influenciadas por vários fatores externos (regime de chuvas ou greves, por exemplo), desencadeando alterações significativas no curso dos preparativos. Novas mudanças de sinalização podem ocorrer rapidamente, de verde para amarelo ou para vermelho e vice-versa. O documento é atualizado mensalmente, em razão de vários fatores que influenciam e afetam a construção. É impossível tirar conclusões sobre o estado dos preparativos tendo por base apenas um relatório, sem avaliar a situação por inteiro", completa a nota.
O COL, ainda em seu comunicado, destaca o progresso "significativo" alcançado em sedes como Salvador, Rio de Janeiro e Recife, apresentadas pela própria entidade à Fifa como possíveis sedes da Copa das Confederações - a capital baiana, visitada nesta terça-feira pelo ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, teria 60% das obras da Arena Fonte Nova prontas. Além disso, reforça o compromisso com a Fifa e o governo federal para cumprir a programação para 2013 e para a Copa do Mundo de 2014.
"É importante destacar o progresso significativo nas sedes da Copa das Confederações da Fifa Brasil 2013, em particular, Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Além disso, na reunião de cúpula da Copa do Mundo da Fifa 2014, realizada em Zurique, no dia 8 de maio de 2012, a Fifa, o COL e o governo federal concordaram em trabalhar em conjunto para integrar os sistemas de monitoramento e convergir nos parâmetros de avaliação", completou.
Minas Gerais
Após a manifestação do COL, a Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MG) também protestou contra ao publicação do jornal. Em nota, a entidade mineira reafirma "a confiança inabalável de que a obra do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, estará concluída até 21 de dezembro de 2012".
"A empresa Minas Arena, responsável pela obra e posteriormente pela operação do estádio, vem mantendo o cronograma em dia, e por isso a segurança na entrega da reforma até o final deste ano", afirma a Secopa-MG, anunciando ainda que "desconhece" o relatório citado.
"A Secopa em momento algum foi notificada ou recebeu qualquer indicativo ou um simples comentário da Fifa ou de seus consultores de que havia preocupação sobre o andamento da obra do estádio de Minas Gerais", declara.
Sergio Barroso, secretário à frente da Secopa, também assegura: o estádio mineiro será entregue no prazo prometido. "O Mineirão estará pronto até 21 de dezembro de 2012 sem atrasos e será um dos melhores estádios do Brasil", avisa Barroso.
Texto sugerido e comentado por Ernesto Marczal.
Ao ler a discussão sobre o andamento das obras dos estádios para a Copa (sem levar em conta os demais compromissos relacionados a infraestrutura, ainda mais complexos) dois aspectos quanto ao mundial me chamaram a atenção: a desinformação e a incerteza.
A primeira esta relacionada com a grande confusão sobre a real situação das obras. A todo o momento surgem informações conflitantes, que assinalam, por um lado, o atraso acachapante e, de outro, o avanço acelerado das obras. Claro que os atores que se pronunciam sobre o assunto, principalmente do ponto de vista dos responsáveis instrucionais, principalmente a FIFA e o COL, não podem ser lidos inocentemente. Seus discursos, mesmo quando embasados em dados substancias, advogam em torno de seus próprios interesses, algo que, sem dúvida, depõe contra a sua credibilidade. Sob o olhar atento da crítica, as informações são sempre contestadas, de modo que pendemos, cada vez mais, à desconfiar das informações apresentadas. Ou seja, somos incapazes de falar do real andamento das obras por que não conseguimos confiar nas informações. No limite, continuamos desinformados.
Como desdobramento direto deste primeiro aspecto pode elencar o segundo: a incerteza. Esta se relaciona  a dúvida quanto a realização do mundial. Diante de tantas confusões muitos não conseguem dizer se o mundial de 2014 irá mesmo se realizar no Brasil, ou, em uma perspectiva menos pessimista, em quais estádios e cidades sede ele efetivamente acontecerá. Sobre esta questão ainda temos informações insuficientes para tentar uma resposta.