segunda-feira, 7 de maio de 2012

Marta lamenta fim do time feminino no Santos

Em festa da Fifa, na qual pode ser a melhor jogador do mundo pela sexta vez seguida, jogadora não conteve a emoção


A poucas horas de saber se conseguirá ser considerada a melhor jogadora do mundo pela sexta vez seguida, Marta lamentou o fim do time feminino do Peixe, no qual atuou por duas oportunidades. A jogadora concorre com a norte-americana Abby Wambach, de 31 anos, e com a japonesa Homare Sawa.

Visivelmente emocionada, a jogadora não escondeu a tristeza pela extinção das "Sereias da Vila".

- Isso que aconteceu com a equipe feminina do Santos me entristece, afinal não é nada bom para a modalidade. As meninas tinham uma vida por lá, mas espero que essa situação possa mudar - disse em entrevista que antecede o anúncio dos vencedores do prêmio Bola de Ouro.

Com duas passagens pelo Alvinegro, ela ainda não escondeu a frustração pelo que aconteceu ter sido justamente no time de Vila Belmiro.

- É mais frustrante ainda por ter sido no Santos, onde tenho uma história, pelo tempo que passei por lá. Isso não é nada positivo para a imagem do futebol feminino.

Em relação a que atitudes poderia tomar para evitar o que aconteceu com as Sereias, Marta disse fazer o que pode, mas não ter poder de evitar que o fim da modalidade acontecesse no clube.

- Eu faço o que posso. Mas não depende só de mim. Buscamos espaço, mas precisamos do apoio da imprensa, das redes e televisão para atrair patrocínios. O governo e a CBF também têm seu papel, cobramos há muito tempo mas é difícil conseguir resultados.

Marta ainda descartou jogar em algum time brasileiro neste ano, mesmo não tendo ainda definido em qual equipe atuará depois de vencer a liga dos Estados Unidos.

Na última semana, o Ministro do Esporte Aldo Rebelo chegou a conversar com Luis Alvaro para uma tentativa de salvar a modalidade no Alvinegro.


Fonte: 
http://www.lancenet.com.br/santos/Marta-lamenta-time-feminino-Santos_0_624537582.html

Texto sugerido e comentado por Bruno Gabriel.

O presente comentário sobre a reportagem titulada “Marta lamenta fim do time feminino no Santos” se deu devido à instigação em pesquisar sobre as relações de gênero e futebol no Brasil.

A reportagem é bastante restrita, entretanto ao analisarmos com certo distanciamento verificamos alguns pontos bastante interessantes para discussão:

  • Primeiramente no evento que antecedeu a escolha da melhor jogadora de futebol da temporada 2011 – prêmio Bola de Ouro – a até então detentora do título – pois a japonesa Homare Sawa sagrou-se vencedora – Marta lamentava o fim da equipe feminina de futebol do Santos. A atacante do selecionado nacional retratou que tanto o governo, como a mídia e a CBF tem sua parcela de contribuição em relação à atual situação do futebol feminino no país.
  •  Em um segundo momento, Marta retrata que tenta contribuir com o desenvolvimento do futebol feminino no país, entretanto seu capital simbólico não é suficiente para alcançar tal objetivo.

 - Através destes dois excertos podemos verificar que mesmo com as recentes conquistas do selecionado nacional, o futebol feminino ainda não desperta o interesse midiático, populacional e da entidade que administra a modalidade no país. E o mais agravante é esta situação não é exclusiva no Brasil, pois já atingiu economias mais desenvolvidas, como a espanhola - as meninas do Fundación Albacete Balompié Nexus tiveram que posar em calendário sensual para que as atividades no clube não fossem encerradas em 2011.

- Outro fator que pode instigar longas discussões, refere-se ao fato de a ex-melhor jogadora de futebol do mundo, não dispor do mesmo simbolismo que um atleta masculino que ainda é promessa no cenário desportivo mundial – craque Neymar.

Então cada vez mais internalizamos a ideologia expressada pelo senso comum e pela ciência, de que futebol é uma área de reserva masculina – onde os homens legitimam sua dominação, não abrindo espaço para as mulheres (MOURA, 2005).

Através desta reportagem podemos problematizar várias questões, até mesmo este processo ideológico que potencializa em alto nível uma possível contribuição do gênero masculino para o não desenvolvimento do futebol feminino.