segunda-feira, 28 de maio de 2012

Crônica da Semana

De frente com Michel Raspaud - por Natasha Santos.

Michel Raspaud ao lado de membros do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade.

          No ultimo dia 15, o Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade da UFPR, promoveu, para quem quisesse ouvir, um encontro acadêmico entre Brasil e França. A Palestra, ministrada pelo convidado Michel Raspaud, professor da Universidade Joseph Fourier, em Grenoble, contemplou elementos que variaram “Da Cabeçada de Zidane à Greve de Knysna: futebol, sentimento e sociedade na França no século XXI”.

            Em sua fala, Raspaud destaca que, se Zidane – enquanto um ícone do futebol francês e mundial – não foi condenado por parte dos comentaristas esportivos, pela cabeçada em Materazzi na Copa de 2006; o mesmo não aconteceria quando Thierry Henry dominou a bola com a mão, resultando no gol da vitória sobre a Irlanda, nas eliminatórias para a Copa de 2010; e, muito menos, quanto ao desempenho da seleção francesa na África do Sul. Mais do que os fracos resultados no Mundial, o acontecimento das manchetes foi o desentendimento entre o então treinador, Raymond Domenech, e o jogador Nicolas Anelka, na derrota contra o México.

            Após insultar Domenech, Anelka, que se recusou a pedir desculpas, foi expulso do time, fato que desencadeou o evento de Knysna, marcado pela greve dos jogadores no treinamento, pela escrita de um manifesto, pela derrota dos Bleus para a África do Sul e pela recusa do técnico francês a cumprimentar o treinador da equipe adversária. Tudo a confirmar, segundo Raspaud, os sentimentos de vergonha e indignidade quanto à seleção da França, uma vez que, tendo em vista a identificação dos franceses, enquanto nação, com a seleção de futebol, há um “investimento emocional” dessas pessoas na “sua” equipe. O que acaba por resultar em uma expectativa quanto a resultados e comportamentos dos jogadores, os quais não teriam lutado de modo adequado pela honra esportiva da nação.

 
A abordagem do estudo de Michel Raspaud (foto acima) sobre o futebol, que traz o sentimento como um fio subterrâneo no tratamento do esporte, enquanto um lugar de reconhecimento coletivo, em muito se assemelha com as propostas de pesquisa do Núcleo de Estudos, vinculado à Linha Intersubjetividade e Pluralidade: Reflexão e Sentimento na História, do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR. Dada essa proximidade, fica a deixa para uma parceria com a Universidade francesa, no que se refere à investigação da relação torcedor-clube daqui, no Paraná, e de lá, em Grenoble.