sábado, 12 de outubro de 2013

Farc acompanham alegria da Colômbia por classificação para Copa do Mundo

Colômbia se classificou com drama, após gols de Falcao Foto: EFE

As Farc celebraram desde Havana a classificação da seleção colombiana para a Copa do Mundo do Brasil, equipe que felicitou por ter concebido essa "grande alegria" para o povo colombiano.

"Estamos aqui muito contentes pelo empate conquistado em Barraquilla frente aos bravos araucanos do Chile. Estamos acompanhando toda essa festa, essa alegria que há na Colômbia. O esporte une povos e nações", disse perante os meios de comunicação o guerrilheiro "Ricardo Téllez".

O considerado "chanceler" das Farc apareceu hoje junto a outros membros da guerrilha usando camisas da equipe colombiana na chegada ao Palácio de Convenções de Havana, sede permanente dos diálogos de paz entre o Governo da Colômbia e os rebeldes desde novembro de 2012.

Téllez felicitou a equipe por dar "esta alegria muito grande, muito imensa para nosso povo" e, em particular, ressaltou o trabalho do treinador argentino José Pekerman e dos jogadores Falcao García e Teo Gutiérrez.

"Desde aqui, desde as Farc, seguimos e seguiremos acompanhado e aplaudindo sempre", afirmou Téllez.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) também falaram para seleção "seguir lutando porque a disciplina, o talento, a dedicação deram neste momento um triunfo à Colômbia".

A Colômbia garantiu ontem, por antecipado, uma vaga no Mundial do Brasil após um dramático empate por 3 a 3 com o Chile em uma partida disputada perante 42 mil espectadores que lotaram o estádio Metropolitano da caribenha Barranquilla.

Com esse resultado, os colombianos conseguiram se classificar após 16 anos de ausência em uma Copa, evento no qual participarão em 2014 pela quinta vez após suas experiências no Chile em 62, Itália em 90, Estados Unidos em 94 e França em 98.


Sugestão e comentários de Ernesto Sobocinski Marczal

A notícia reportada pelo portal Terra é, sobre muitas perspectivas, sintomática. A aproximação das FARC sobre a classificação da seleção colombiana ao mundial evidencia, uma vez mais, as múltiplas possibilidades políticas e discursivas que acompanham o futebol enquanto fenômeno de massas, simultaneamente imbuído de significados culturais particulares e de congregações coletivas e passionais. Se, como nos reporta Eduardo Archetti, a cultura de massas também desempenha uma espécie de educação social e afetiva, que nos mostra constantemente como nos comportarmos e lidarmos com nossos sentimentos publicamente, muitas vezes construindo e/ou reforçando estereótipos, ela também evidencia como esta mesma relação afetiva, também constitutiva de identidades como sua apregoada vertente nacional, se encontram em um terreno amplo de disputas e reivindicações diversas. A breve manifestação do grupo guerrilheiro conforma mais um exemplo, ao ratificar como os sentidos muitas vezes sedimentados em um senso comum, como a associação entre nacionalidade e futebol, ainda configuram um espaço fundamental de luta política.