sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Federação Brasileira de Treinadores


O sistema futebolístico brasileiro começa a dar sinais de que vem se gestando uma nova configuração na sua organização, para além da atual, composta predominantemente pelos interesses financeiros das redes de televisão e os patrocinadores, das direções dos clubes (em especial os mais ricos) e da CBF. Uma instituição que há muito tem se tornado invisível e inoperante são as federações estaduais de futebol. Fato que merece considerações específicas, pois a fragilização dessas entidades é, muitas vezes, vista como sintoma da modernização do futebol brasileiro. Polêmica que implica em discutir a compreensão que temos dessa tal “modernização”. 

Há pouco tivemos a manifestação dos jogadores propondo bom senso na organização dos campeonatos profissionais, e agora temos essa manifestação dos treinadores. Apesar dos esclarecimentos do ex-jogador e atual técnico do Atlético Paranaense, Vagner Mancini, a diferença entre sindicato/associação e federação não fica clara. A proposta de “unir a categoria em defesa de seus interesses” – assim como ocorre com o discurso do Bom Senso F. C. – fica obscura, se pensarmos que existe uma distância financeira abismal entre os treinadores dos clubes de elite e a grande maioria que atua nos clubes médios e pequenos. 

Sabemos que nenhuma experiência nasce pronta. Ela se faz na história. É, sem dúvida, uma proposta intrigante e inovadora, mas contém um paradoxo, pois, ao mesmo tempo em que só terá força se tiver entre seus representantes nomes de referência do campo esportivo nacional, deverá contemplar os interesses da maioria dos profissionais e, sobretudo, do semiprofissionalismo da categoria. 

O foco principal parece estar na regularização da atividade, como por exemplo, a formação/profissionalização do treinador de futebol e a transparência dos contratos com os clubes. Tenho lá minhas dúvidas se os técnicos que ganham salários elevados têm tanto interesse nessa transparência. 

A referência feita à experiência da UEFA, em relação à profissionalização do técnico de futebol, não pode ser descolada de esforços macrossociais de regulação do mundo esportivo europeu, que vão desde uma concepção indissociável entre esporte e educação até a criação de mecanismos de controle social, financeiro ou fiscal das instituições e dos profissionais, sendo, sobretudo, uma eficácia punitiva ao descumprimento das obrigações comuns. 

Se é isso que sustenta a proposta dos técnicos brasileiros, nosso aplausos. 

Apostemos que esses ares de modernidade, não como sinônimo de mais desregramento e mercantilização, mas sim de democracia e transparência, cheguem ao Brasil . Para ler a íntegra da reportagem e entrevista com Vagner Mancini, acesse: 


Sugestão e comentário de Luiz Carlos Ribeiro.