quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Petraglia desdenha de Baier: “O que ele ganhou pelo Atlético?”

Presidente defende a saída do atleta e diz que renovou com o jogador no ano passado por pressão da torcida. Em entrevista à ESPN, dirigente ainda falou sobre dinheiro público na Arena e fusão dos três times da capital


A história de Paulo Baier é mesmo página virada no Atlético. Depois do jogador ter declarado, no último domingo, que não havia intenção do clube em renovar o seu contrato, que vence em 31 de dezembro, o próprio presidente do rubro-negro, Mario Celso Petraglia, confirmou a informação e praticamente põe fim à esperança do torcedor em ver o Maestro atuando com a camisa atleticana em 2014, ano que deve marcar o fim de sua carreira.
“Aparentemente parece loucura [dispensar o jogador], mas o que ele ganhou pelo Atlético? Não sou contra o Paulo Baier, mas a nossa política é de renovação [do elenco], de juventude”, justificou Petraglia em entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, exibido na noite de terça-feira (8).
“Nos melhores jogos nossos neste ano, depois da recuperação do Mancini, ele não estava em campo. Agora o marketing do ídolo é muito forte. Decidimos que não renovaríamos. Poderíamos enrolar [o jogador até o fim do ano], mas eu estou sendo criticado por ser honesto com ele”, disse, ao explicar o momento que o atleta foi comunicado da decisão.Petraglia revelou que não havia intenção em manter o meia para esta temporada, mas a pressão da torcida reverteu a situação. Mesmo sendo o vice-artilheiro do time no Brasileirão, com sete gols, o dirigente minimizou a importância do meia na recuperação do time na competição.
Na entrevista, Petraglia também comentou sobre a atual campanha do Atlético no Brasileiro, que o próprio presidente considera surpreendente, prometeu um time competitivo para 2014 e garantiu: não se ofende quando dizem que há dinheiro público nas obras da Arena. Confira as principais declarações do presidente do Atlético no programa Bola da Vez:


Momento atual do time e planejamento para 2014:
“[Para este ano] nosso planejamento era modesto, sem receita e a necessidade de investir no estádio, sem condições de disputar jogadores com o nível necessário. Optamos em não disputar o Paranaense, jogamos com o Sub-23. Investimos pouco em futebol e deu certo com o objetivo básico, fundamental, que era permanecer na Primeira Divisão. Ano que vem sim, no novo estádio, com outras condições, renda, 40 mil sócios, aí teremos o Atlético que todo nós queremos, que entra nas competições para vencer”



Desvalorização dos Estaduais
“Sempre fomos contra os Estaduais. A prática nos mostra a impossibilidade de ter mais de 70 jogos por ano. Tivemos uma pressão inicial da torcida, que não entendeu a opção para esta ano. Não começamos bem com os meninos, mas a coisa engrenou, vencemos o segundo turno, fomos vice-campeões, ganhamos clássico, formamos muitos meninos. Teve a pressão do time principal, que queria ter ritmo, mas nós não concordamos. Avisamos os meninos que eles iam até o final e pensamos em repetir isso no próximo ano”



Dinheiro público na Arena
“Fiz mais de trinta e tantos estudos de viabilidade de arenas. Se você viabilizar sem subsídios, você vai ter que pagar uma tarifa tão cara que não teria público. Se o Corinthians não tem subsídio, não faz estádio. Eu não vi nenhum estádio que não tenha subsídio e que fique em pé. [O modelo de investimento na Arena, com títulos de potencial construtivo] não foi criado por mim, já cumprimentei diversas vezes a pessoa que bolou. Não é dinheiro do orçamento, não é renúncia fiscal, é um título que a prefeitura dá para diversos projetos para ter retorno”

Aumento no custo das obras 
“Tivemos atraso de um ano na nossa construção. Nosso orçamento é de novembro de 2010 e estamos entregando o estádio em janeiro de 2014. São três anos de correção do Índice da Construção Civil, o que dá 30%. O nosso orçamento, mesmo com um ano de atraso, aumentou 18%. Tivemos dificuldades, mas o nosso modelo é diferente das 11 demais capitais. Os empreiteiros tomaram conta do futebol brasileiro, operarão por 30, 35 anos cobrando ingresso caro”

Elitização do público
“Teremos 43 mil lugares [na nova Arena]. Há uma grande dúvida se o consumidor terá condição de pagar o preço que será cobrado. Para existir isso, o público terá que ser outro, não o acostumado a pagar R$ 5,00. Nossa opção é a qualidade, outros clubes optam pela quantidade, como o Internacional, mas no Rio Grande do Sul ou é Grêmio ou é Internacional. A nossa opção é a qualidade, é cobrando mais caro o ingresso para que a gente possa fazer o futebol que aqueles que torcem por nós querem”


Imprensa
“Não sou contra a imprensa, ela tem seu papel. Nós não somos contra as rádios, só queremos que elas paguem. Porque eu tenho que dar ponto de luz, internet, lanche, água? Eles vendem espaços publicitários com o nosso conteúdo, com o nosso produto e querem isso de graça. Porque a televisão paga e as rádios não pagam? Por que não dar entrevista? Nós temos a Rádio CAP, nós damos todas as informações para a torcida, damos entrevista para o nosso conteúdo. O veículo deve pagar, se ele pagar a transmissão terá a entrevista como subproduto. Se não pagar não terá nada. O problema é só de dinheiro”



Fusão de Atlético, Coritiba e Paraná
“Não cabem três clubes de grandeza numa cidade como Curitiba, no máximo dois. Havia uma conversa com o Paraná Clube, que tinha um patrimônio maravilhoso, mas vendeu tudo, quebrou. Em 20 anos destruíram o patrimônio. Se nós tivéssemos feito uma fusão seria muito mais fácil. Eu cheguei a falar com o Farah [ex-presidente da Federação Paulista] para fundir os três [Atlético, Coritiba e Paraná] e disputar o Campeonato Paulista. O estádio seria o Couto Pereira, é mais perto que São José do Rio Preto.



Libertadores 2005
“Quando cheguei em 1995 prometi à nossa torcida que seríamos campeões brasileiros em dez anos, fomos em seis [2001] e quase bicampeões em dez [2004]. Se não fossem as forças ocultas, nós seriamos bi, se não fossem as forças ocultas nós seriamos campeões da Libertadores. Porque nos tiraram na mão grande do nosso estádio para jogar a final. Eu tinha todos os certificados, da polícia, do CREA, dos bombeiros, porque nós tínhamos os 40 mil lugares. Mas por forças superiores fomos jogar no Beira-Rio. Não foi o estádio, foi a desmoralização que nos fez perder”



Campeão do mundo em dez anos
“Sou pretensioso, prometemos que em dez anos seremos campões do mundo. Se eu tiver saúde para isso, seremos, não tem como não ser porque é um esporte que se joga com os pés. O Corinthians, Internacional, São Paulo foram campeões do mundo. Porque não podemos? Não pretendo [ser presidente até lá, 2021]. Vamos buscar salvaguardas para que nosso clube não fique vulnerável e sem proteção de aventureiros, desonestos, pessoas que querem ganhar dinheiro ou ganhar o título a qualquer preço. Vamos nos proteger no nosso estatuto, tem várias formas”


Sugestão de Luiz Carlos Ribeiro