segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Três pessoas são afastadas dos estádios na primeira rodada do Novo Estatuto

Reportagem da UOL sobre novo Estatuto do Torcedor.


Fonte: UOL
por: Bruno Império
em São Paulo

A 12º rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no último final de semana, ficou marcada não apenas pelos clássicos regionais. Ela foi a primeira a ser disputada após o “endurecimento” do Estatuto do Torcedor, aprovado pelo presidente Lula na semana passada. E em São Paulo, durante o duelo entre Palmeiras e Corinthians, a aplicação da nova lei terminou com o afastamento de três torcedores dos estádios de futebol pelo período de três meses e a condenação de um cambista.

Todos os torcedores punidos eram palmeirenses. Dois deles foram conduzidos ao Juizado Especial Criminal por conta de uma briga em uma das áreas VIP do estádio do Pacaembu. Um corintiano que estava no local destinado a convidados da prefeitura comemorou o gol da equipe de Adilson Batista e foi agredido.

Os torcedores, que empurraram e xingaram o corintiano, foram condenados a ficar 90 dias sem poder assistir às partidas do Palmeiras nos estádios. “A partir de agora, em todos os dias de jogos, eles têm que comparecer a uma delegacia duas horas antes do jogo e só serão liberados duas horas depois”, afirmou o promotor Paulo Castilho, que participou da audiência dos dois torcedores.

Outro torcedor recebeu a mesma punição por tentar entrar no estádio com um rojão. Palmeirense, o rapaz é sócio da Mancha Alvi-Verde. Mas torcida organizada não será condenada. “Foi um caso isolado”, disse Castilho.

A primeira rodada da nova lei também inibiu a ação dos cambistas. A reportagem do UOL Esporte circulou pelos arredores do Pacaembu por duas horas antes do início da partida e flagrou poucas pessoas vendendo ingressos ilegalmente. A abordagem dos cambistas também era extremamente tímida. Alguns até se passavam por vendedores da capa de chuva.

“Estamos com um pouco de medo sim. Não sabemos exatamente como é que essa nova lei funciona. A polícia está contra a gente, a imprensa está contra a gente. E a gente só quer trabalhar. Mas estamos com medo”, afirmou um cambista à reportagem.

Durante o clássico, apenas um cambista foi detido pela polícia. Foi condenado a 84 horas de trabalhos comunitários por ser réu primário. “Antes do novo estatuto, no máximo ele teria os ingressos recolhidos”, completou Castilho.

Os três casos foram as únicas autuações da polícia no clássico de domingo. “Um dia muito mais tranquilo do que poderíamos imaginar”, confessou um policial. Segundo Castilho, resultado do novo estatuto.

“Os torcedores estão mais conscientes de que não ficarão impunes. As torcidas organizadas e os cambistas também. Claro que não conseguimos pegar todo mundo. Mas o efeito do nosso trabalho é pedagógico. É como a malha fina do imposto de renda. Ela não pega todo mundo. Mas deixa todo mundo com medo de sonegar”, analisou o promotor.

A própria reportagem flagrou, durante o clássico, exemplos de infrações da nova lei que passaram impunes. Ao final do jogo, por exemplo, as principais torcidas organizadas de Palmeiras e Corinthians entoaram cânticos ofensivos ao rival. Os alvinegros chegaram a cantar “vâmo matar porcô”(sic).

O grito, que configura incitação da violência, tem pena prevista no Novo Estatuto que pode culminar no afastamento da organizada dos estádios por até três anos. No entanto, o coro que podia ser ouvido por qualquer policial ou membro do Ministério Público que estivesse nos arredores das arquibancadas do Pacaembu não foi combatido. “Não ouvi. Mas se tivemos registros disso, se conseguirmos comprovar que isso partiu de alguma organizada, certamente ela será punida. Mas precisamos de instrumentos para isso”, afirmou Castilho.

Após três audiências no Juizado Especial Criminal, o promotor Paulo Castilho considerou positivo o saldo da primeira rodada do Brasileiro sob a nova lei: “Mostramos que a lei está aí e que vai ser cumprida. Mas ainda estamos muito longe do ideal”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário aqui.