segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crônica da semana -

Respostas Prontas…
por André Mendes Capraro


Encerrada a Copa do Mundo de Futebol, passado aquele período de ostracismo que vem logo após a derrota do selecionado brasileiro, voltamos gradativamente a refletir acerca do famoso esporte que é pauta de nossas pesquisas. Pois bem, duas coisas marcaram em relação ao evento-mor do esporte.

A primeira é como a imprensa de forma geral (correndo o risco de generalizar) tem a necessidade de criar um raciocínio lógico que explique o desvelar de vitórias e derrotas ocorridas na Copa do Mundo, por mais que o futebol, incontestavelmente, apresente-se como uma modalidade bastante imprevisível; quiçá, dentre as coletivas a mais imprevisível de todas.

A segunda é como essa mesma imprensa (raras exceções), despudoradamente, dá guinadas explicativas, simplesmente “esquecendo” o que tinha afirmado anteriormente (em questão de dias e não meses ou anos). Passando a ideia – falsa – de que o ofício do jornalista especializado consiste, de certa forma, apenas em fazer previsões.

Vejamos...

Longe de ser consensual, mas também não foram poucos os jornalistas que apontaram às vésperas do torneio mundial o favoritismo do selecionado brasileiro devido à maturidade dos seus jogadores e a regularidade e segurança da defesa (coisa que historicamente nunca tivemos). Sem contar que até existiam aqueles simpatizantes com a política de “grupo fechado” do técnico Dunga. Pois bem, perdemos para a Holanda.

No mesmo dia, nos constantes discursos inflamados da imprensa contra o pragmatismo do técnico Dunga, e seu fiel discípulo Felipe Melo, um dos argumentos constantes foi o de que deveríamos jogar um futebol que valorizasse a técnica, igual ao que a seleção Argentina vinha praticando. Apenas um dia depois, a seleção comandada pelo técnico Maradona foi goleada pela Alemanha. E seu estilo de jogar, até então considerado artístico, passou a ser considerado pretensioso e desorganizado.

Consequentemente, não faltaram elogios aos alemães que, contrariando a tradição de sempre comporem o selecionado com atletas experientes, haviam levado jovens promissores. E não faltou, também, a lembrança de que Dunga poderia ter convocado os talentosos Neymar e Paulo Henrique “Ganso”. E a seleção da Alemanha cai diante da Espanha. Já a crítica foi de que era evidente que um selecionado com atletas jovens corria forte risco de ser irregular.

Finalmente, a Espanha vence a Copa do Mundo e não faltaram elogios ao fato de ser um selecionado composto por atletas que atuam exclusivamente no próprio país de origem. Estava explicada, então, desde o princípio, a fórmula do sucesso para um país se tornar campeão mundial (bem, se isso fosse uma máxima, nenhum selecionado sul-americano ganharia qualquer torneio internacional, tendo em vista que praticamente todos os atletas atuam na Europa).

Só é possível concluir que o decantado slogan “Cala a boca, Galvão” referia-se a tal mediador por ser este um ícone representativo da maior emissora do país. Pois, se fosse necessário citar todos os merecedores de um “cala a boca”, faltaria espaço na faixa.

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