quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hora de encarar os traumas: Seleção de Marta abre os Jogos para o Brasil

Em busca da inédita medalha de ouro, meninas do futebol estreiam contra Camarões e tentam superar corte de Elaine e derrotas recentes nas finais.

Marta no treino da seleção Londres (Foto: AP) 



Os Jogos Olímpicos de Londres começam nesta quarta-feira para o Brasil. Em busca da tão sonhada e inédita medalha de ouro, a Seleção feminina de futebol encara Camarões, no Millenium Stadium, em Cardiff, País de Gales, às 14h45m (de Brasília), já que o futebol não será disputado somente em Londres. Para atingir o feito, no entanto, o time do técnico Jorge Barcellos terá de superar dois traumas: um recente e um que se tornou uma constante. A partida terá transmissão ao vivo do SporTV e acompanhamento em Tempo Real no GLOBOESPORTE.COM.
Na última segunda-feira, a seleção brasileira foi acordada com a triste notícia do corte de Elaine, companheira de Marta no Tyresö, da Suécia. Por conta de uma lesão no musculor adutor esquerdo, a ala foi desligada da delegação e se despediu do grupo no treino de segunda. Danielli, que participou do período de preparação entre março e abril, foi convocada às pressas.

Morrer na praia é o outro trauma das meninas. Nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, a seleção feminina bateu na trave. Em Atenas-2004, o time comandado por René Simões perdeu a decisão para os Estados Unidos por 2 a 1, com um gol no segundo tempo da prorrogação. Além da medalha de prata, o torneio revelou duas grandes jogadoras para o futebol brasileiro. A atacante Cristiane foi a artilheira – ao lado da alemã Birgit Prinz - com cinco gols, enquanto Marta – então com apenas 18 anos – apareceu para o mundo, marcando três vezes.

Quatro anos mais tarde, em Pequim-2008, o contexto era diferente, mas o resultado final foi o mesmo. Já eleita duas vezes a melhor jogadora do mundo da Fifa (hoje já ganhou o prêmio em cinco oportunidades), Marta levou o Brasil à decisão com atuações de dar inveja ao time masculino, que conquistou a medalha de bronze. A campanha impecável e recheada de goleadas deu à camisa 10 e companhia o status de favoritas contra as americanas na final. No entanto, novamente com um gol na prorrogação, o Brasil perdeu o título e a medalha de ouro para a equipe da musa Hope Solo.

Comandante da seleção em 2008, o técnico Jorge Barcellos retornou ao cargo em novembro do ano passado, depois da eliminação nas quartas de final do Mundial também para os Estados Unidos (o Brasil era comandado por Kleiton Lima). Satisfeito com a longa preparação de 25 dias na Granja Comary, o treinador está confiante na conquista de uma medalha.

- A Seleção se saiu bem na preparação e pela união desse grupo estamos com a medalha na mão. Depende de nós. Através dos vídeos, analisamos que Camarões é uma seleção muito forte fisicamente, tem boa movimentação quando tem a posse de bola. Será uma partida difícil, pois elas têm o mesmo jeito brasileiro de jogar - disse Barcellos.

Principais estrelas da seleção brasileira, Marta e Cristiane também almejam marcas pessoais. Após ser eleita por cinco anos consecutivos a melhor jogadora do mundo, a camisa 10 foi desbancada em 2011 pela japonesa Homare Sawa no ano passado. Para Marta, o título olímpico dará a ela a coroa novamente.

A marca almejada por Cristiane parece mais simples. Com dez gols em Jogos Olímpicos, a atacante brasileira divide com a alemã Birgit Prinz a artilharia da história do futebol feminino em Olimpíadas. Com a ausência da Alemanha em Londres, Cristiane está a uma bola na rede de se isolar como a maior goleadora olímpica de todos os tempos.

A competição feminina de futebol dos Jogos de Londres terá 12 equipes divididas em três grupos. As duas melhores classificadas de cada chave avançam às quartas de final, assim como as duas melhores terceiras colocadas. A seleção brasileira está no Grupo E, ao lado de Camarões, Grã-Bretanha e Nova Zelândia. Ao contrário do masculino, a competição feminina não tem restrições quanto a idade das jogadoras.


Sugestão e comentário de Jhonatan Souza.

Contam-se os minutos para o início dos jogos olímpicos de Londres. Crise na Europa, comemoração dos quarenta anos do atentado de Munique, ameaça terrorista, falha na segurança privada, protestos populares, lançadores de mísseis em prédios, tentativa de roubo da tocha olímpica, enfim, muitos temas para futuros estudos àqueles que se interessam pela relação esporte/sociedade. Daqui, do Brasil, só se ouve falar da possibilidade do inédito título olímpico da seleção de futebol masculina. Eu, que tenho especial apreço por ser "do contra", torcerei mesmo é para a seleção feminina. Duas vezes batemos na trave, em 2004 e 2008, duas vezes abatidos pelos EUA. Além do título, Cristiane disputa o status de maior goleadora olímpica de todos os tempos - até que novos tempos venham, diria o relativista. Para além dos títulos ou recordes, esperamos descobrir novas Martas ou Cristianes, porque, em um país onde o futebol feminino goza de pouca estrutura, os megaeventos esportivos são, muitas vezes, as únicas oportunidades de conhecermos um pouco mais desta outra face do futebol brasileiro, bem menos badalada e bem menos endinheirada.