terça-feira, 23 de outubro de 2012

Notícia da Semana


A notícia da semana que podemos destacar em nosso blog é a repercussão das reportagens veiculadas pelo jornal Gazeta do Povo nos últimos dias. “Notícia da semana”, mas que na verdade tem um histórico de pelo menos três anos e certamente se prolongará por muitos anos. Trata-se da dimensão que o custo financeiro com a realização da Copa, sobretudo com relação ao uso do dinheiro público, vem adquirindo. As notícias podem ser encontradas no caderno especial Copa 2014, da Gazeta do Povo, como por exemplo a de hoje (23.10.2012), que trata do superfaturamento da compra de cadeiras para o estádio e, sobretudo, da criação de uma CPI na Assembleia Legislativa do Paraná. Uma CPI para analisar não a apenas o caso do CAP, mas também o custo das obras de mobilidade urbana, que praticamente dobraram em relação ao orçamento original. O assunto é complexo e se encontra em andamento, sendo difícil tirar conclusões. Mas o que eu gostaria de destacar é por que apenas agora, nesta semana, tudo isso vem à tona? Todos sabem que a construção do estádio do Atlético e as obras urbanas relacionadas à Copa têm problemas. Causa estranheza que o Tribunal de Conta do Estado, até o momento não tenha se posicionado de forma clara às questões que a oposição partidária da Câmara dos Vereadores vem colocando: a transferência de recursos da Prefeitura (poder público) para o Atlético (empresa privada) construir o seu estádio é legal ou não?
Não precisa ser doutor em finanças públicas para saber essa resposta. Logo, o silêncio do TCE não é técnico, mas político. Por isso o assunto ganhou a repercussão apenas agora.
A derrota política em Curitiba, do atual prefeito e de seu padrinho, Beto Richa, permitiu que setores organizados da sociedade – entre eles os partidos que fazem oposição a Ducci/Richa – pudessem levantar o tapete onde se depositaram nos últimos anos vários entulhos. O que nos autoriza imaginar que se Ducci tivesse ganho as eleições em Curitiba o tapete continuaria incólume e os senhores do TCE continuariam “analisando tecnicamente” toda serie de problemas existentes.
São os bônus da nossa frágil democracia. Resta saber se na próxima segunda-feira, quando já saberemos quem governará Curitiba nos próximos anos, se esse espírito democrático e transparente que ora nos anima permanece, ou se retornará a velha cordialidade imoral dos senhores dos anéis.
Dr. Luiz Carlos Ribeiro
Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade
Departamento de História/UFPR